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Quinta-feira, 2 de maio de 2024

Shein processada (de novo): ‘Intimidação estilo máfia’

A Temu, a plataforma chinesa de e-commerce especializada em “ultra fast-fashion” e artigos para a casa, iniciou um novo processo judicial nos Estados Unidos contra sua principal concorrente, a Shein.

Desta vez, a acusação gira em torno da alegação de que a Shein estaria adotando táticas intimidatórias “à maneira da máfia” contra os fornecedores, visando impedir o avanço da Temu nos EUA.

Um trecho da acusação destaca: “O comportamento anticompetitivo da Shein não apenas persistiu, mas também se intensificou. O uso contínuo e crescente de práticas anticompetitivas, coerções e ameaças pela Shein demanda este processo.”

Os representantes da Temu afirmam no processo que a Shein está utilizando sua posição dominante no mercado para bloquear o acesso da Temu aos fornecedores, por meio de acordos de exclusividade, intimidações estilo máfia e imposição anticompetitiva de preços mínimos.

Um porta-voz da Temu explicou à CNBC: “Entramos com o processo porque eles intensificaram suas ações. Eles começaram a reter ilegalmente comerciantes, confiscaram seus telefones, invadiram as contas e senhas dos nossos fornecedores, roubaram nossos segredos comerciais e, ao mesmo tempo, pressionaram os fornecedores a abandonar nossa plataforma.”

O processo foi protocolado no Distrito de Columbia pela WhaleCo, a operadora da Temu nos EUA.

De acordo com a acusação, a Shein teria usado indevidamente a legislação de propriedade intelectual para intimidar comerciantes e impedir que os fornecedores utilizassem a plataforma da concorrente. A Shein teria solicitado a retirada de 33 mil produtos da plataforma da Temu entre janeiro e outubro, alegando infração à propriedade intelectual com base no Digital Millennium Copyright Act (DMCA), a lei antipirataria dos EUA.

No entanto, a Temu argumenta que as acusações são infundadas, muitas vezes relacionadas apenas às imagens utilizadas no site e não aos produtos em si.

A Temu alega que seu sucesso no mercado americano contribuiu para a redução do valuation da Shein em US$ 30 bilhões. Enquanto a Shein busca atingir um valor de mercado superior a US$ 90 bilhões em seu possível IPO nos EUA.

O processo relata que a Shein “aprisionou” vendedores, retendo-os por horas em seus escritórios, confiscando dispositivos eletrônicos e ameaçando com penalidades por trabalhar com a concorrente. A Shein respondeu afirmando que o processo “não tem mérito, e vamos nos defender vigorosamente,” conforme informado pela Reuters.

A Shein estabeleceu presença no mercado americano em 2017, dominando aproximadamente 75% das vendas no segmento de “ultra fast-fashion”. O conflito entre as duas empresas começou quando a Temu ingressou nos EUA em setembro de 2022, iniciando uma estratégia para proteger sua supremacia através da intimidação de fornecedores que colaboram com a concorrente.

Adicionalmente, em dezembro passado, a Shein moveu um processo contra a Temu, acusando-a de violar direitos autorais de mercadorias. Embora ambas as empresas tenham iniciado disputas legais em julho, acusando-se mutuamente de práticas anticompetitivas e violações das leis antitruste, esses conflitos foram temporariamente resolvidos em outubro por meio de um acordo. Contudo, a Temu optou por retornar aos tribunais agora.

Ambas as companhias estão sendo monitoradas pelas autoridades americanas, e um relatório da Câmara concluiu que as empresas chinesas exploram lacunas nas regras comerciais dos EUA, possibilitando importações sem o pagamento de tarifas ou a submissão das mercadorias a análises de conformidade com os direitos humanos.

Fonte: Brazil Journal