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Quarta-feira, 24 de julho de 2024

O CRA do açaí: JGP ancora primeira oferta da Oakberry

Companhia levantou R$ 50 milhões para a compra de açaí de ribeirinhos, terá nova fábrica e lojas próprias

A Oakberry, rede especializada em açaí com 600 pontos de venda no mundo, acaba de levantar R$ 50 milhões em sua primeira emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA). A operação coordenada pelo Bradesco e com métricas de sustentabilidade foi ancorada por fundos da gestora JGP.

Com prazo de cinco anos e um ano e meio de carência, o CRA saiu a CDI mais 2,3%. “É uma taxa competitiva para uma companhia que está estreando no mercado de capitais”, avalia o CFO, Gustavo Janer. A rodada de dívida sucede uma rodada de equity feita pela companhia em dezembro do ano passado, quando levantou R$ 84 milhões com dois fundos de participação estruturados pela Kilima Asset e pela Monte Bravo. Um dos investidores por meio dos fundos foi o grupo Semenzato, especialista em franquias.

As duas capitalizações financiam a verticalização da Oakberry. Em junho deste ano, a empresa comprou sua primeira fábrica no Pará, perto da floresta de onde compra a fruta e próxima ao porto que escoa a venda internacional para suprir os estoques dos franqueados. Agora, está fechando uma segunda fábrica no Centro-Oeste, cuja produção ficará mais focada no mercado local.

A capacidade de oito mil toneladas da primeira fábrica já supre a produção necessária até o final de 2023, mas a segunda fábrica adiciona capacidade para viabilizar o plano de expansão da companhia, cobrindo a demanda até 2030. O supply chain é comandado por Nessim Abadi e Alexandre Trita, dois executivos oriundos do Pátria que atuaram na Frooty, a empresa de açaí no portfólio do private equity.

A companhia também vai usar parte do capital para investir em lojas próprias, ainda que as franquias continuem a ser o carro-chefe. “Não é que mudou o modelo de crescimento, mas hoje a gente tem time e capital para investir em lojas próprias também, importantes para o posicionamento da marca”, diz Georgios Frangulis, o fundador e CEO.

Criada em 2016, a Oakberry caminhou até 2019 basicamente como uma franqueadora brasileira, com 200 lojas concentradas no país. Foi quando definiu um plano de crescimento internacional, que nem a pandemia freou. A Oakberry entrou neste ano com lojas em 30 países e vai fechar dezembro com presença em 40 países – são 400 no Brasil e 200 no exterior, com faturamento anual beirando os R$ 500 milhões.

“Foi uma expansão grande em um período curto, que fez a companhia mudar de patamar. Sempre imaginamos que as lojas teriam boa aceitação no exterior, mas a performance surpreendeu”, diz o CEO. “A gente vai melhor inclusive onde o mercado já consumia açaí e chegamos como uma marca melhor, que não é a bomba de açúcar. Forest to bowl”, emenda Janer.

Na modelagem comercial da franquia, uma loja chegaria a uma venda mensal média de US$ 25 mil a US$ 30 mil em 25 meses. A média internacional tem sido de US$ 40 mil por loja/mês, mesmo com lojas novas. Em outliers como Catar e Austrália, as lojas chegam a faturar US$ 100 mil mensais.

“O que move a engrenagem é o franqueado, na ponta, ter retorno. O investimento por loja numa Oakberry fora do país fica na casa de US$ 100 mil a US$ 130 mil, com margem Ebitda comparável às melhores franquias do mundo, de 23%. O payback tem sido em quase metade do tempo hoje do que estimávamos na maioria das lojas”, diz o CFO.

A companhia tem contratos de joint venture com master franqueados para avançar em países como Portugal, Espanha e Canadá. A Oakberry também tem investido na equipe nos Estados Unidos e na Europa. Há dois meses, contratou Leandro Gasparin, que era VP de franquias da rede de fast-food americana Popeyes, para liderar o crescimento na América do Norte.

A rede quer abrir em média 100 a 150 lojas por ano no Brasil e 250 a 300 no exterior. “Em cinco anos, com o ritmo contratado, queremos ser uma grande franqueadora internacional. Vemos espaço para 2,5 mil a 3 mil lojas no mundo”, diz Janer.

Fonte: Valor Pipeline