Economia
Quinta-feira, 9 de maio de 2024

Ibovespa cai com exterior, mas fim da alta da Selic assegura alta na semana

O Ibovespa fechou em forte queda nesta sexta-feira, afetado pela aversão a risco no exterior em razão de preocupações com o ritmo da economia global, que minou boa parte do avanço na semana marcada pelo fim de ciclo de alta da Selic.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,06%, a 111.716 pontos, mas ainda assim subiu 2,23% na semana. O volume financeiro nesta sexta-feira somou 31 bilhões de reais.

Nos Estados Unidos, o S&P 500 recuou 1,72% com temores de recessão reativados após o Federal Reserve elevar juro em 0,75 ponto percentual na semana e sinalizar que as taxas seguirão elevadas em 2023 para controlar a inflação.

Números sobre a atividade empresarial nos EUA e Europa nesta sexta-feira corroboraram as preocupações com tamanho da desaceleração das economias.

Na visão de Rodrigo Jolig, diretor de investimentos da Alphatree Capital, os mercados estão convergindo para percepção de que a recessão nos EUA é inevitável para se combater a inflação.

E nesta sessão, acrescentou, os mercados ainda reagiram ao noticiário europeu, com um pacote fiscal no Reino Unido e preocupações sobre os seus potenciais desdobramentos, além do aumento da tensão no conflito entre Ucrânia e Rússia.

“É um cenário muito pessimista e muito desfavorável para os ativos de risco”, afirmou.

A bolsa paulista conseguiu resistir em boa parte da semana ao viés negativo externo, dada a perspectiva de encerramento do aperto monetário pelo Banco Central – confirmado na quarta-feira – e revisões positivas sobre a economia brasileira.

Na visão de Werner Roger, gestor e sócio-fundador da Trígono Capital, a manutenção da Selic avalizou as compras na bolsa paulista na semana, mas há uma combinação de fundamentos favoráveis ao Brasil, que coloca o país como uma alternativa.

Entres os fatores, ele citou a tendência declinante para os juros, desaceleração da inflação e PIB surpreendendo para cima.

Até a véspera, o Ibovespa acumulava alta de mais de 4% na semana, enquanto o S&P 500 registrava uma perda de quase 3%.

Na ausência da trégua vendedora no exterior, no entanto, o pregão na B3 acabou sucumbindo, com investidores preferindo realizar lucros, também tendo no radar a proximidade do primeiro turno das eleições no Brasil, no dia 2 de outubro.

Pesquisas eleitorais têm mostrado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à frente nas intenções de votos, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PT).

O Bradesco BBI reiterou sua projeção de Ibovespa a 130 mil pontos no final do ano, afirmando que calcula uma chance de 70% de uma política fiscal sólida após a eleição presidencial no Brasil, o que seria benigno para as ações locais.

Fonte: IstoéDinheiro