Negócios
Quarta-feira, 3 de julho de 2024

Sportidia quer ser o Facebook dos esportes

Entre marcar aquela partida de beach tennis pelo WhatsApp, curtir a foto de um amigo que concluiu a meia maratona no Instagram ou aprender uma jogada ensaiada para impressionar na pelada em um tutorial do YouTube, o atleta (ou aspirante) recorre a diferentes aplicativos. A Sportidia, plataforma que vai ao ar na semana que vem, quer unir isso tudo num lugar só – incluindo a programação para um campeonato de skate na próxima viagem à Califórnia ou uma esportiva guerra de travesseiros. A nova rede social quer reunir atletas, amantes do esporte e até os sedentários dispostos a mudar o estilo de vida. Com sede em San Diego, a startup inicia a operação nos Estados Unidos e no Brasil, a terra dos fundadores que conta com um público importantíssimo: além da cultura desportiva, o país é o segundo maior consumidor de redes sociais do Ocidente, conforme dados do Statista.

“Somos uma rede social, queremos que as comunidades se juntem e existe um grande público para isso”, diz Nico Torteli, cofundador da Sportidia. “Em todas as nossas pesquisas, menos de 10% das pessoas dizem que não ter interesse em atividade física e a grande maioria pratica mais de um esporte. É um mercado trilionário a nível global, se considerarmos também serviços”. A economia de bem-estar movimenta cerca de US$ 4,2 trilhões anualmente, segundo levantamento do Global Wellness Institute. A plataforma vai começar em três idiomas e a meta é alcançar 5 mil usuários no primeiro mês, garantindo que 20% sejam recorrentes. O plano de longo prazo, um pouco mais ambicioso, passa de centenas de milhões de usuários no mundo todo. Para sair do papel, a Sportidia fez uma rodada anjo de R$ 2,3 milhões, que contou com a MS Santini como advisor e investidora. A maior parte do capital foi levantada junto a empresários entusiastas do esporte no Brasil, Estados Unidos e Suíça. O cheque está sendo investido em contratações, marketing e tecnologia para terminar de desenvolver o aplicativo. Atualmente, a Sportidia conta com 12 funcionários, quase todos baseados no Brasil, apesar de ter sede na Califórnia.

“Nossas grandes concorrentes hoje não são as plataformas de performance”, diz Chris Kittler, também cofundador, sobre os apps de exercícios físicos e saúde. Hoje existem cerca de 10 mil aplicativos voltados ao exercício físico. A Strava, de monitoramento de corrida e ciclismo, por exemplo, conta com 96 milhões de usuários e está próxima de se tornar um unicórnio. “Vamos concorrer por tempo e atenção com redes como o Instagram e WhatsApp. Existem muitas ferramentas interessantes com foco mais técnico, mas não tem esse fator social, que é um diferencial que a gente traz”, acredita. A Sportidia conta com um time de embaixadores parceiros para fazer conexões com o público-alvo e os anunciantes. Entre eles estão atletas olímpicos, como Jadel Gregório, do atletismo, Heitor Shimbo, da esgrima e Alberto Klar, da natação. Os próprios fundadores têm histórico de atleta, o que ajuda no networking. Kittler é triatleta há 20 anos, com 10 Ironman no currículo, e já é empreendedor nesse mercado esportivo. Fundou a 7sherpas, agência especializada em viagens e experiências esportivas, o portal Active.com e o grupo Ativo.com. Como nadador, Torteli disputou os Jogos Olímpicos de 1988 em Seul, fez carreira no mercado financeiro como VP do banco Garantia e enveredou para o empreendedorismo depois que o banco foi comprado pelo Credit Suisse. Criou a Paggo, Noxtro e Freeddom Tecnologia. A plataforma estreia com 150 modalidades, das mais óbvias, como futebol, vôlei e artes marciais, até as mais inusitadas, como pole dance e briga de travesseiros, que já ganhou campeonato mundial. O Pillow Fighting Championship foi criado por ex-lutadores de MMA e tem ringue para proteger a plateia — o peso dos travesseiros é definido por categoria. A monetização deve vir inicialmente da publicidade – já fechou contrato com a Hoka, de tênis de corrida, a Z2, de suplementação e a Corporate Run -, mas os executivos têm planos de explorar a vertical de conteúdo para gerar receita. Os usuários da comunidade não pagam pelo uso da plataforma, mas podem fazer um tipo de assinatura premium, no modelo que vem sendo estudado pelos fundadores. A companhia quer fazer em breve uma nova captação de recursos e vai buscar US$ 1,5 milhão. Para driblar o mercado menos amistoso de venture capital, deve concentrar a captação com ex-atletas e companhias que querem ser associadas à marca.

Fonte: Pipeline Valor