Economia
Quarta-feira, 3 de julho de 2024

Um coquetel baiano de doce de leite quer ganhar os bares de SP

Don Luiz, um (quase) licor criado em Salvador, foi selecionado pela Endeavor e começou a estruturar a primeira rodada de investimento

A receita criada por Luiz Ramon começou meio que despretensiosamente. Do happy hour na barbearia aos encontros com amigos, o baiano levava seu coquetel de doce de leite a tiracolo. Mas o sucesso instantâneo do (quase) licor começou a instigar ideias mais ousadas. Por que não criar um negócio?

Assim surgiu a Don Luiz, uma bebida criada em Salvador e que agora quer se espalhar pelos bares de São Paulo. Com foco nessa expansão, a marca começou a trabalhar em sua primeira rodada de investimentos.

Para tocar o negócio, Ramon trouxe como sócios os amigos Lucas Rocha, jovem que fazia carreira numa produtora de eventos da Bahia, e Matheus Vieira, dono da barbearia onde a bebida alcoólica começou a fazer sucesso.

De produção inicialmente artesanal — na cozinha, literalmente —, a Don Luiz surgiu há três anos. Diante do sucesso em Salvador, os sócios decidiram que chegava a hora de profissionalizar a operação. Era preciso desenvolver melhor a bebida, para que pudesse ser produzida em larga escala.

Estava tudo pronto para começar a fazer a Don Luiz numa fábrica em São Paulo — a produção é terceirizada —, mas o timing não poderia ser pior. Rocha mal havia deixado a produtora que dirigia para se dedicar exclusivamente ao negócio de bebidas, mas era março de 2020 e só se falava em pandemia.

O susto durou até agosto do ano passado, quando uma fábrica de Santa Bárbara D’Oeste, no interior de São Paulo, começou a produzir o coquetel de doce de leite sob encomenda. Não demorou até que o tamanho do mercado paulista mostrasse o potencial do negócio.

Em pouco mais de um ano de produção industrial em Santa Bárbara, a Don Luiz já viu São Paulo se tornar o principal mercado, com 30% de um faturamento total projetado em R$ 5 milhões para 2021. A Bahia, casa dos fundadores, responde por 20%. Presente em empórios e algumas varejistas, o coquetel hoje é vendido em 18 estados. Na capital paulista, sai por quase R$ 100 no Eataly.

Até agora, a Don Luiz só cresceu com a geração de caixa — os sócios praticamente não fizeram aportes —, mas o salto das vendas em São Paulo mostrou que uma captação pode levar a empresa a outro nível. A Don Luiz foi selecionada para o programa de Scale-Up da Endeavor, que vem ajudando a companhia a estruturar uma rodada para o primeiro semestre de 2022.

“Ainda estamos decidindo se vamos trazer um investidor anjo, com um plano de negócios de um ano, ou um cheque maior”, diz Rocha, CEO da Don Luiz. Nesse meio tempo de programa com a Endeavor, a Don Luiz vem avançando no mundo digital. O e-commerce se tornou responsável por um terço das vendas.

A aposta da Don Luiz é que a chegada de um investidor trará oportunidades para investir em aquisição de clientes e conhecimento da marca. No médio prazo, a bebida quer crescer também na região Sul. No futuro, a Don Luiz sonhar em fazer parte do portfólio multinacionais como Pernod Ricard, disputando a preferência com com Baileys e Amarula.

Inicialmente, uma das estratégias é aumentar a penetração nos bares paulistanos, que ainda é incipiente. Com mais de 40 receitas de drinks (com vodka e gin, entre outros destilados) feitos com a bebida, a Don Luiz está nas unidades do Bar do Urso da Mooca e Vila Madalena e na carta do Carat — restaurante nos Jardins assinado por Dayse Paparoto, a primeira vencedora do MasterChef.

Gelado, o coquetel também pode ser bebido como digestivo. Não fosse a gradação alcóolica, de 13%, a bebida poderia bem ser vendida como um licor (que precisa ter ao menos 15% de álcool).

Fonte: Valor Pipeline