Cultura
Domingo, 19 de maio de 2024

Série aproxima histórias do 007 e de seu criador e exibe exageros

 Lançada lá fora em 2014, chega agora ao Brasil pela Starzplay a minissérie que conta a história de Ian Fleming, o homem que se tornaria o escritor das novelas de James Bond, o agente secreto 007, com licença para matar.
Nos créditos iniciais de cada um dos quatro capítulos da série, vemos a seguinte frase de Fleming “tudo o que escrevo tem um precedente na verdade”.
Já no final do último capítulo, vem a frase a que estamos acostumados “baseado em uma história verdadeira. Alguns nomes, lugares e eventos são fictícios e foram mudados para efeito dramático.”
É entre essas duas afirmações que transita “Fleming: The Man Who Would Be Bond”, ou o homem que seria Bond, em inglês. Será que o que estamos vendo é um efeito dramático? Ou é real? Seja como for, o título dá a tônica, que é aproximar o máximo possível a vida de Ian Fleming à do agente secreto ficcional a serviço de sua majestade.
Começando pelas mulheres. James Bond, como se sabe, é um dos maiores mulherengos do cinema, apesar de o número de moças com quem ele se envolve estar diminuindo com o passar das décadas.
Pois Ian Fleming, vivido por Dominic Cooper, é o cara mais bonito de Londres e leva para cama três garotas só no primeiro episódio, quiçá quatro –a última não fica claro.
Atenção, spoilers a partir de agora. O amor de sua vida, a respeito de quem ele terá embates mentais sobre se casar ou não, é Ann Charteris, interpretada por Lara Pulver, uma mulher real. A história desse amor perpassa toda a minissérie, mas James Bond, ou melhor, Ian Fleming, não se furta a flertar e transar com outras.
O âmago das aventuras do 007 também está ali. Fleming foi recrutado em 1938 pelo esforço de guerra britânico e trabalhou em projetos secretos e de espionagem até o final da Segunda Guerra Mundial.
E ele efetivamente foi responsável por sugerir algumas das ações, como aquela do cadáver com documentos falsos retratada na série, além de criar e comandar unidades de espiões, caso da 30 Assault Unit.
Mas aqui vemos Ian Fleming sendo treinado para invadir casas e matar oponentes e para desligar bombas no último segundo. Quanto há de efeito dramático aí?
E quanto ao momento em que Ian Fleming salva judeus na França ocupada? Ou quando vai de jipe até o front da guerra, invade a Alemanha e recupera documentos a respeito do programa nuclear nazista? No caminho, ainda mata um punhado de soldados inimigos. Efeito dramático.
Há uma camada mais complexa –apesar de ser apresentado como o herói da série, o personagem de Fleming também se mostra irresponsável, playboy, filhinho de mamãe, mentiroso e canalha. É um dos pontos positivos, pois não oferece de bandeja ao telespectador aquilo a que ele já está acostumadíssimo.
Basicamente, seria preciso ler uma extensa biografia de Ian Fleming para saber quão grande é o exagero exibido na minissérie “The Man Who Would Be Bond”. Porém, se isso não te preocupa, então apenas tente relaxar e se divertir com um programinha de ficção.

Fleming: The Man Who Would Be Bond
Reino Unido, 2014.
Dir.: Mat Whitecross.
Com Dominic Cooper, Lara Pulver, Samuel West.
Disponível no Starzplay.
Avaliação: Bom

Fonte: FolhaPress/Ivan Finotti