Economia
Domingo, 5 de maio de 2024

A nova startup do fundador da Netshoes: assinatura de equipamento fitness

Três em cada dez brasileiros praticam atividade física como lazer, segundo dados do IBGE. São números anteriores à pandemia e que podem ter aumentado com a preocupação crescente com a saúde, a julgar por pesquisas em outros países. Atento a essa tendência de busca pelo bem-estar, o empreendedor Marcio Kumruian, fundador da Netshoes, acaba de lançar uma startup de assinatura de equipamentos e conteúdo fitness, a ZiYou.

É o primeiro negócio de Kumruian desde que deixou o Magazine Luiza — que havia adquirido a Netshoes em 2019 — no fim de agosto, uma vez concluído o processo de integração entre as companhias de e-commerce.

“O objetivo é permitir que as pessoas tenham a liberdade de praticar exercícios onde, quando e como quiserem, sem ter que gastar com a compra de equipamentos de 5.000, 10.000 reais. A proposta é que possam também compartilhar com a família e os amigos”, disse Kumruain em primeira mão à EXAME. A empresa é lançada oficialmente nesta terça, 5 de janeiro.

A startup funciona como uma plataforma digital que oferece equipamentos como bicicletas ergométricas e modelos próprios para spinning, esteiras e estações de musculação por planos mensais a partir de 149 reais, sem exigência de tempo adicional ou assinaturas longas. São 33 grupos de equipamentos novos ou seminovos, entregues no endereço do cliente, com a manutenção a serviço da empresa. Foi acertada parceria com duas fabricantes nacionais, a Movement e a Kikos, para o fornecimento e a troca dos aparelhos.

Junto com o equipamento, o usuário ganhará acesso ao conteúdo de ao menos duas plataformas especializadas, a Weburn e a BFlix, para orientação de uso e diferentes treinamentos. Mas novas parcerias estão a caminho.

“É um serviço muito em linha com o que vemos cada vez mais com carros, em que as pessoas não querem assumir o compromisso permanente da aquisição. Se comprou uma esteira e mudou de ideia em seis meses, como vai fazer? Estamos apostando em um modelo novo que hoje não existe no país”, afirma o empreendedor.

Segundo ele, trata-se de um mercado amplo: “queremos trabalhar com todos os públicos, da pessoa que está começando e quer um condicionamento básico ao atleta de alta performance que busca equipamentos de ponta”, diz Kumruian, citando que para esse perfil é voltado o plano mensal mais caro hoje, de 899 reais.

Outro público-alvo são condomínios, que poderão contar com a manutenção e a troca dos equipamentos de forma periódica. Segundo ele, pesquisas de campo apontaram, por exemplo, o desconforto de quem faz exercício com a academia do prédio justamente por causa de equipamentos mal-conservados, além de ambientes cheios.

Clientes com tempo de permanência de no mínimo três meses poderão solicitar a troca do equipamento sem custo, dentro da premissa de que o cumprimento dos programas levará a uma evolução do condicionamento.

O fenômeno Peloton

A prática da atividade física dentro de casa, com equipamentos e conteúdo especializados, já se desenhava como tendência nos últimos anos, especialmente nos Estados Unidos, mas se tornou imperativo de forma global com a pandemia e as consequentes medidas de isolamento social.

“É natural e esperado que, mesmo após a pandemia, boa parte das pessoas que iniciaram uma atividade física em casa mantenham o hábito, pela facilidade de adaptação na rotina e a comodidade de ter acesso ao que precisa dentro do lar”, diz Kumruian.

No mercado americano e global, o expoente é a Peloton: a empresa que consagrou o mercado de bicicletas ergométricas e esteiras com uma tela conectada para consumo de conteúdo customizado e em tempo real deu um salto com a pandemia.

As ações da Peloton dispararam 434% na Nasdaq no ano passado, em linha com a alta da Moderna e atrás apenas da Tesla. A companhia teve um crescimento de 137% nas assinaturas de seu principal produto, equipamentos conectados, no último trimestre do ano, totalizando 1,33 milhão de pessoas. A Peloton, que abriu o capital em 2019 e já é avaliada em 43 bilhões de dólares, entregou um crescimento de 232% nas receitas no período.

Uma diferença fundamental é que a ZiYou não vai vender o equipamento, diferentemente da Peloton, cujo plano mais barato para uma bike parte de cerca de 1.900 dólares (perto de 10.000 reais), ainda que o valor seja dividido em 39 parcelas mensais.

A ZiYou entra em operação inicialmente na cidade de São Paulo, com capacidade para atender perto de 1.000 assinaturas. O objetivo, segundo o empreendedor, é escalar gradualmente o negócio na medida em que a demanda apareça, a ponto de chegar ao fim do ano com algo entre 4.000 e 5.000 assinaturas e presença em outras capitais.

Ele diz que investiu capital próprio, sem revelar o valor, e que vai avaliar novas necessidades de desenvolvimento e o crescimento do negócio antes de buscar eventual aporte de investidores.

Fonte: Exame