Ao final de 2020, um ano para ser esquecido por toda a indústria automotiva, o grupo Caoa se prepara para entrar em uma nova fase. A brasileira anunciou recentemente um investimento de 1,5 bilhão de reais para renovar seu portfólio e expandir a rede. Nos próximos dias, a companhia também vai passar a oferecer o serviço de carro por assinatura, dentro da estratégia de expansão dos negócios.
“Queremos oferecer a melhor experiência para o consumidor em todo o mercado automotivo”, afirma Mauro Correia, presidente da Caoa, em entrevista à EXAME.
O grupo Caoa começou suas operações no país há cerca de 40 anos na distribuição de veículos e posteriormente entrou na produção, com a montagem de modelos da Hyundai em Anápolis, Goiás.
Mais recentemente, um dos grandes focos do grupo se tornou a ampliação da participação de mercado da Chery, que passou a operar localmente em parceria com a Caoa desde 2018. Hoje, a marca chinesa tem cerca de 1,04% de market share e figura na 11ª posição no ranking de automóveis mais vendidos do Brasil. Para 2021, a meta é chegar a 2%.
“Boa parte do desenvolvimento de produto da Chery, além de todo o marketing, é feita pela Caoa. Antes, buscávamos concessionários para vender a marca, hoje somos procurados”, diz Correia.
O grupo abriu 42 lojas em apenas 10 meses para distribuir a marca Chery em 2018, com investimento próprio. Até o final de 2021, a projeção é chegar a 150 pontos de vendas no país.
“Estamos com 7 modelos no portfólio da Chery e planejando novos lançamentos. Sempre investimos e cuidamos muito da experiência de venda e pós-venda, por isso a marca tem obtido tanto sucesso.”
Correia destaca que o investimento de 1,5 bilhão de reais será aplicado em novos produtos e tecnologias, eletrificação, expansão da rede e marketing. “A Chery tem um desafio ainda maior na indústria brasileira, por se tratar de uma marca que opera praticamente há 3 anos no país nos moldes atuais. Ainda assim, estamos conseguindo criar um case no mercado, com crescimento substancial.”
Carro por assinatura
A Caoa já havia lançado o serviço de gestão de frotas no início do ano, entretanto, o plano de entrar no negócio de carro por assinatura para pessoas físicas teve que ser adiado por causa da pandemia.
O grupo retomou há pouco o planejamento e o serviço será oferecido a partir do início de janeiro. A locação para pessoa física será feita por um período mínimo de 12 meses e, ao final desse prazo, o cliente poderá inclusive comprar o veículo com descontos ou continuar o processo de locação.
Inicialmente, todos os modelos disponíveis no portfólio de produção e vendas do grupo Caoa poderão ser alugados no modelo de assinatura. Da Caoa Chery, são os sedãs Arrizo 5, Arrizo 5e e Arrizo 6 e os SUVs Tiggo2, Tiggo5, Tiggo7, além do último lançamento, o Tiggo 8, com 7 lugares.
Já os modelos da Hyundai são o Santa Fé, New Azera, New Tucson, IX35, HR e HD80 (utilitários), além de modelos da linha Ford e Subaru.
Os preços serão revelados assim que o serviço entrar em vigor. “A partir de 2021, o carro por assinatura vai ser relevante, um canal a mais de distribuição, que vai conviver com outros não menos importantes”, explica Correia. “Não acredito que o varejo vai morrer, o brasileiro é apaixonado por carro. Há quem goste de comprar o veículo e tem o perfil de cliente que quer usar seu dinheiro para outro fim. O que não podemos é ficar de fora desse negócio.”
Retomada do mercado
Correia afirma que o crédito no mercado automotivo está voltando ao patamar pré-covid e que, diante de uma demanda reprimida, a tendência é que as vendas ganhem tração em 2021. O grupo trabalha com uma estimativa de aproximadamente 2,2 milhões a 2,3 milhões de unidades para o ano que vem no Brasil. Se atingido, porém, o resultado estará bem abaixo dos 2,8 milhões registrados em 2019.
No entanto, ele se mantém otimista. “Temos alicerces sólidos para nossa economia. Neste ano, o mercado foi atípico por causa da pandemia.”
Para o executivo, o momento mais crítico da crise do coronavírus já passou. “O consumidor voltou às compras. O giro de seminovos está alto e a demanda está aquecida em veículos novos”, ressalta.
Prova disso, explica Correia, é o sucesso de vendas do lançamento mais recente da Chery, o Tiggo 8, que vendeu em apenas três semanas o que estava previsto para três meses. “Num primeiro momento, até faltou carro.”
Ele pondera que o grande desafio da indústria para 2021 será o comportamento da economia brasileira que, em sua avaliação, já vem melhorando com o arrefecimento do dólar e uma queda menos acentuada do PIB.
“Manter esses indicadores e gerenciar a covid-19 serão grandes desafios para o país, mas nós não vamos parar nosso investimentos”, garante.
Fonte: Exame