ITALO NOGUEIRA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Doze anos após precisar enviar uma carta pedindo apoio do ex-presidente Lula (PT) a sua campanha, Eduardo Paes (DEM) vê humilhação do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), ao insistir no apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A estratégia busca mostrar sua candidatura como independente de padrinhos políticos, em contraposição ao vínculo explorado por Crivella com Bolsonaro. Uma mudança e tanto, comparada à primeira disputa pela Prefeitura do Rio que venceu em 2008 martelando a “aliança entre os três níveis de governo”.
“Acho até meio humilhante a postura do Crivella. Ficar indo a Brasília: ‘Grava vídeo para mim’. Quero discutir a cidade”, disse Paes em sabatina do jornal Valor Econômico na semana passada.
Em sua primeira eleição, em 2008, foi Paes quem enviou uma carta a Lula e à primeira-dama, Marisa Letícia, para conseguir apoio gravado do então presidente. Ele tentou explicar críticas que fez ao petista na CPI do Mensalão.
A carta foi feita no início do segundo turno, quando a disputa com o então deputado Fernando Gabeira (PV) estava acirrada. No documento, endereçado a Marisa, ele reconhecia ter exagerado nas críticas ao presidente e a seu filho, Fábio Luis Lula da Silva, durante a CPI em 2005.
Naquele ano,filiado ao PSDB, Paes chamou Lula de “chefe de quadrilha” e “psicótico”. “Só [Sigmund] Freud [pai da psicanálise] explica esse comportamento. É uma atitude típica de quem sabe da sua culpa. Pois exagera nas mentiras para se convencer que são verdades”, disse então.
Três anos depois, Paes negou tratar-se de um pedido de desculpas.
“No calor da política, você sai um pouco do tom. Houve uma conversa franca entre o presidente e eu. Tivemos conflitos políticos no passado, que buscamos dirimir. Tudo o que disse ao longo da minha vida pública eu não tenho o menor problema”, disse Paes em 2008.
Lula aceitou as explicações e gravou o vídeo, a pedido do então governador do Rio, Sérgio Cabral (MDB).
“Se você tem um presidente da República e um governador estabelecendo uma harmonia extraordinária, é importante que a gente tenha um prefeito afinado com essa harmonia”, disse o petista no vídeo.
Paes não explorou só a imagem de Lula. Sua campanha também mostrou reuniões com os então ministros petistas Dilma Rousseff (Casa Civil) e Tarso Genro (Justiça).
Ele teve de ir à Justiça para poder usar a imagem de Lula no programa. A equipe de Gabeira questionou o fato de o PT não ter feito parte da coligação no primeiro turno. A Justiça Eleitoral autorizou a participação.
“O presidente Lula apareceu um pouco constrangido no programa eleitoral gratuito do Rio de Janeiro. Ele sabe que não é preciso ser amigo do presidente para ter um tratamento digno no Palácio do Planalto. Qualquer prefeito é recebido com a dignidade que a cidade que ele representa merece”, disse Gabeira.
Hoje, Paes usa argumentos semelhantes ao de Gabeira sobre Bolsonaro. Ele tem evitado comentar o desempenho da administração federal e diz que vai lidar com o presidente como com seus três antecessores: Lula, Dilma e Michel Temer (MDB), que passaram pela Presidência no período em que foi prefeito do Rio.
“As pessoas estão preocupadas com a sua cidade. Sempre interpretei assim a eleição [municipal]. Não acho que as pessoas nacionalizem eleição municipal. Não busquei apoio de nenhuma figura nacional no primeiro, e não estou buscando no segundo. Respeito a decisão do presidente Bolsonaro de pedir voto ao Crivella. Não pedi a ele que pedisse voto para mim porque quero tratar da minha cidade”, afirmou Paes.
No primeiro turno, Paes dizia ser a única candidatura sem padrinhos no Rio de Janeiro, que tinha candidatos que representavam Bolsonaro, Lula e Ciro Gomes, em referência a Crivella, Benedita da Silva (PT) e Martha Rocha (PDT).
À reportagem Paes afirmou haver diferenças entre sua situação em 2008 e a de Crivella atualmente.
“Em 2008 eu era um ex-deputado me candidatando à prefeitura. Aí sim, precisava ser apresentado à sociedade, à cidade. É natural, quando se está nesse estágio, se apresentar com lideranças que te apoiam. Hoje as pessoas já me conhecem, assim como o Crivella. O problema é uma pessoa conhecida, como ele, precisar de muleta”, afirmou.
No primeiro turno, Crivella apostou em associar sua imagem à do presidente a fim de garantir sua vaga na etapa seguinte da eleição. Ele insistiu e conseguiu uma nova gravação com Bolsonaro na semana passada, mas deve focar nos ataques a Paes e sua administração.
Pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira passada (18) mostra Paes com uma liderança folgada nas intenções de votos válidos: 71% a 29%.
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