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Sábado, 27 de abril de 2024

Lucro das empresas de capital aberto tem alta de 87% no 3º trimestre; confira o desempenho dos setores

O setor com maior evolução no seu resultado do terceiro trimestre foi o de construção, com alta de 930% no lucro na comparação anual

Em um cenário de recuperação por conta da pandemia do novo coronavírus, o lucro líquido das companhias não financeiras da bolsa brasileira teve alta de 86,9% no terceiro trimestre quando comparado com o mesmo período de 2019, chegando a R$ 20,856 bilhões.

Os dados são de um levantamento da consultoria Economatica exclusivo para o InfoMoney, levando em conta 283 empresas de capital aberto, excluindo bancos, seguradoras, a B3 (B3SA3), a Petrobras (PETR3PETR4) e a Vale (VALE3), já que elas acabam causando uma distorção grande no número consolidado. Segundo Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional da Economatica e responsável pelo levantamento, o lucro foi alavancado pelo crescimento representativo das receitas dos setores de comércio, alimentos e bebidas, com altas de 40,44% e 31,22% entre o terceiro trimestre de 2019 e 2020.

O segundo fator apontado por Einar foi que, após um primeiro semestre de forte valorização do dólar frente ao real, a despesa financeira das empresas teve uma menor variação com a maior cobertura de hedge cambial no terceiro trimestre. Quando consideradas as companhias do setor financeiro, o levantamento sobe para 342 empresas, com o lucro delas subindo 12,53% no mesmo período, para R$ 42,728 bilhões.

Ampliando os dados para toda a bolsa, incluindo a Vale e a Petrobras, o lucro das 344 companhias listadas ficou em R$ 56,797 bilhões entre julho e setembro deste ano, contra R$ 53,6 bilhões no mesmo período de 2019, um avanço de 5,96%. Para se ter uma ideia da distorção causada pelas empresas financeiras junto com Petrobras e Vale, juntas elas lucraram R$ 35,941 bilhões no terceiro trimestre. No total, são 61 companhias neste grupo, com um resultado 72% superior às 283 outras empresas da bolsa brasileira.

Desempenho dos setores

O setor com maior evolução no seu resultado do terceiro trimestre foi o de construção, com alta de 930% no lucro na comparação anual, segundo a Economatica, seguido pelas imobiliárias, que viram seu resultado subir 120% em um ano.

Entre os motivos para a retomada do setor, os analistas destacam em especial a queda da taxa de juros: além do aumento típico da acessibilidade, os investidores estão transferindo o dinheiro de fundos de renda fixa, que estão com baixo rendimento, para o setor imobiliário, elevando a demanda por imóveis. Já os números das empresas mostraram que há dinheiro em caixa e terrenos para construção.

Por outro lado, o setor com maior lucro total foi o de energia elétrica, que faturou R$ 8,879 bilhões entre julho e setembro. Já na ponta negativa, as empresas de transporte e serviços viram o seu prejuízo disparar mais de 20 vezes, para R$ 2,662 bilhões – sendo o setor com pior balanço de toda a bolsa -, resultado este bastante impactado pelo isolamento social causado pela pandemia do novo coronavírus.

Os bancos, por sua vez, tiveram uma queda de 18,6% em seu lucro líquido no período quando comparado com 2019, passando de R$ 21,652 bilhões para R$ 17,627 bilhões. Apesar de registrarem uma alta do lucro na comparação com o segundo trimestre, ainda há queda na base anual em meio às fortes provisões para perdas que as instituições tiveram que constituir para se protegerem de eventuais calotes em meio à pandemia do coronavírus.

Fonte: InfoMoney