JOÃO PERASSOLO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Macy Gray está bastante ocupada durante a pandemia, dentro e fora do estúdio.
Uma das divas do soul do século 21, a cantora passou os últimos meses gravando o disco de estreia de sua nova banda, California Jet Club. Ela usou sua famosa voz rouca, definida pelo site Allmusic como algo entre Billie Holiday e Tina Turner, para cantar uma música de amor a ser lançada nos primeiros dias de janeiro –o single será a primeira faixa de trabalho do álbum, que sai no dia dos namorados do hemisfério norte, 14 de fevereiro.
Fazer parte de uma banda pela primeira vez em muitos anos foi um processo animador, conta a cantora, em entrevista pelo Zoom. Ela também diz ter sentido bastante liberdade em “não precisar ser Macy Gray” por um tempo, já que a banda é um projeto inédito e não levará seu nome, embora ela seja a vocalista principal.
Parte de uma geração de artistas – Erykah Badu, Missy Elliot, Lauryn Hill, Alicia Keys, Amy Winehouse– em geral descritas como tendo um timbre de voz sensual, Gray é a principal atração da noite desta sexta (23) do Montreux Jazz, festival carioca que chega agora à segunda edição. Os shows serão exibidos de graça, pela internet, em transmissões do Rio de Janeiro, Juiz de Fora, Los Angeles e Nova York.
Impossibilitada de viajar devido à pandemia, ela gravou o show do evento em Los Angeles, onde mora. O repertório será repleto de clássicos, como o grande hit “I Try”, faixa de seu primeiro disco, de 1999, que lhe rendeu um grammy de melhor performance vocal feminina dois anos após ser lançada e depois de ela ser indicada ao prêmio como artista revelação no ano anterior.
A estatueta fez sua carreira decolar, coroando um início profissional bastante conturbado –depois de perder a vergonha de sua voz, que ela disse várias vezes achar estranha e engraçada e com a qual sofria bullying na adolescência, Gray teve um disco rejeitado por uma gravadora e chegou a pensar em desistir da música.
Com um grammy na mão e 3 milhões de cópias vendidas do disco de estreia, “On How Life Is”, ela deu a volta por cima. Nas duas décadas seguintes, aplicou sua peculiar mistura de R&B, soul, pop e funk a outros dez álbuns, misturando composições próprias a covers de bandas de rock, como Metallica e Radiohead.
A influência dos cantores negros veio da coleção de discos de seus pais. Já o gosto pelas bandas de guitarra ela pegou ao assistir horas e horas de MTV nos anos 1980, conta, ficando vidrada nos clipes de Rod Stewart e Van Halen, que coloca como inspirações em sua maneira de cantar. As músicas que ela compõe, diz, são para “fazer as pessoas se sentirem bem, se sentirem melhor”.
Gray é só elogios para alguns talentos dos últimos anos. “Beyoncé é Beyoncé, sabe? Ela é a rainha do mundo agora.” Kamasi Washington é um jazzista “supercool”, e o rapper Kendrick Lamar ela define como um gênio silencioso, que passa boa parte do tempo quieto. Ela afirma ainda admirar a tenacidade e a esperteza que Kanye West –ex-apoiador do presidente americano Donald Trump – tem para tornar tudo interessante, mas ressalva que o considera um cara bobo que disse e fez coisas estúpidas.
Em paralelo à música, a cantora de 53 anos anda envolvida em grandes eventos de seu país neste ano. Farta de acompanhar os episódios de violência policial contra negros nos Estados Unidos, lançou em julho uma fundação voltada a prestar ajuda psicológica aos familiares que perderam pessoas queridas em confrontos com agentes de segurança, chamada My Good. Ela própria ligou há pouco para a mãe de Breonna Taylor, morta a tiros em seu apartamento durante uma operação policial em março.
“O objetivo da fundação é tornar as coisas melhores para essas pessoas e para o meu país. Todo mundo acaba se envolvendo nos protestos, em votar e em coisas como mudar a polícia, mas você esquece que um pai e uma mãe perderam um filho ou um filha. Se nós estamos chateados e frustrados [com a situação], eles estão em luto, eles perderam tudo”, diz, sobre a iniciativa.
Nos últimos meses, Gray também esteve ocupada fazendo campanha em seu Instagram para que os americanos compareçam às urnas nas eleições presidenciais de 3 de novembro –nos Estados Unidos, o voto não é obrigatório. Numa das imagens, ela aparece vestindo uma camiseta onde se lê “vote ou morra!”.
A cantora defende abertamente o candidato do partido democrata, Joe Biden. Mesmo que ele tenha um histórico de comentários e atitudes que minorias e pessoas de menor poder aquisitivo desaprovam, diz, o democrata de 77 anos é a melhor opção agora. Gray o descreve como uma pessoa sã, estável, com uma longa jornada na política e que parece disposto a tentar tomar boas decisões.
“Ele é mais velho, branco e homem, e isso ele e Trump tem em comum. Mas Trump não tem uma longa carreira na política. O Biden vai salvar o dia e fazer tudo perfeito de novo? Não. Mas pelo menos com ele temos uma chance de nos colocarmos de pé novamente. Nesse momento, é o que é melhor, para o nosso país andar para a frente.
Cultura
Quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025
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