Partidos do chamado centrão têm pressionado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a desmembrar o Ministério da Economia em duas novas pastas, Trabalho e Indústria. A medida imporia uma derrota ao ministro Paulo Guedes.
A reformulação foi negada nesta quinta-feira (8) pelo presidente, em suas redes sociais. Em live à noite, Bolsonaro reforçou sua posição: “Não existe da nossa parte nenhum interesse em recriar qualquer ministério”.
Guedes também rechaçou a possibilidade de recriação dos ministérios. “Não existe isso. É conversa fiada”, afirmou o ministro da Economia.
Apesar das negativas, aliados e assessores dizem que Bolsonaro planeja uma reforma ministerial após as eleições municipais deste ano. O objetivo é justamente abrir mais espaço para o bloco partidário que tem lhe garantido apoio.
As trocas em uma reforma ministerial poderiam ocorrer em fevereiro, para não afetar a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, que ocorre no primeiro dia daquele mês.
As mudanças, segundo assessores palacianos, podem ser feitas em pastas como a do Meio Ambiente e a Secretaria de Governo. A atuação do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) tem sido criticada por ambientalistas e investidores.
Por causa das fortes críticas, Salles é cogitado para um deslocamento ao Turismo.
O presidente ainda avalia remanejar Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, para outro posto. Ramos faz a articulação política do Planalto e, nos últimos meses passou a receber elogios de deputados e senadores.
Ainda assim, segundo pessoas próximas de Bolsonaro, o militar troca farpas com congressistas que estão também na linha de frente das negociações no Legislativo.
Já o desmembramento do Ministério da Economia, embora tenha até o apoio de integrantes do governo, que veem a necessidade de diminuir a pasta de Guedes por avaliar que ele está sobrecarregado, é vista com ceticismo.
A discussão gira em torno da separação da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho e possível desmembramento das Secretárias de Produtivida de e Comércio Exterior para a recriação do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e do Ministério do Trabalho.
Segundo relatos feitos à Folha, o presidente do Republicanos, deputado federal Marcos Pereira (SP), foi sondado por líderes do governo no Congresso para ocupar o Ministério da Indústria, que, segundo quem o consultou, viria a ser recriado.
A aliados Marcos Pereira avaliou que a sondagem para ocupar a eventual pasta só ocorreu para retirá-lo da briga pelo comando dos deputados. Ele é pré-candidato à presidência da Câmara.
No governo, os movimentos pelo desmembramento do Ministério da Economia são atribuídos principalmente a congressistas do centrão, grupo composto por siglas como o PP, PL e Republicanos.
Integrantes desse núcleo, porém, rechaçam ter relação com a eventual recriação das pastas. Eles atribuem ao mercado financeiro as especulações sobre a mudança.
Líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), diz que não há razão para que qualquer partido pleiteie mais espaços na Esplanada dos Ministérios. “Não há insatisfação da base que justifique movimentos políticos dessa ordem”, afirmou.
À noite, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recém-reconciliado com Guedes, saiu em defesa do superministro. As declarações foram dados durante evento da frente parlamentar da reforma administrativa.
“Não tem ministro da Economia fraco em momento nenhum, muito menos o ministro Paulo Guedes, que tem uma estrutura articulada de várias secretarias, coisas que muitos ministros sonharam no passado, não conseguiram e ele está tendo essa oportunidade”, afirmou.
O deputado disse que Guedes tem “a experiência” e “qualidade” para comandar um superministério. “E nesse momento e sempre, é fundamental que o ministro da Economia tenha total apoio do governo”, disse Maia.
Segundo o presidente da Câmara, os rumores sobre o desmembramento do ministério não ajudam no momento em que o governo tem votações de reformas importantes no Congresso.
Membros da Economia afirmaram à Folha que a disputa do centrão por espaços na área econômica começou antes mesmo do início do governo.
Primeiro, os congressistas teriam trabalhado para evitar a fusão das pastas. Porém, não obtiveram sucesso.
Em mais de uma ocasião ao longo do governo, Guedes recebeu informações de que congressistas trabalhavam para desmembrar a pasta.
Para técnicos do ministério, a separação das áreas de produtividade e comércio exterior tornaria inviável o plano econômico de Guedes porque reabriria a disputa entre pastas, algo que era comum até o último governo e dificultava a tomada de decisões.
Há agora uma abertura de espaço para mudanças no Ministério da Economia com a iminente indicação do secretário especial de Produtividade, Carlos da Costa, para o BID Invest, braço de investimentos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Fontes próximas ao ministro da Economia, no entanto, afirmam que apenas estão no radar mudanças pontuais e internas. É possível, por exemplo, que a área de emprego da Secretaria Especial de Produtividade seja transferida para a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.
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