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Quarta-feira, 15 de maio de 2024

Na ONU, Bolsonaro defende atuação do governo na pandemia e fala em “campanha de desinformação” sobre Amazônia e Pantanal

Presidente discursou na abertura da Assembleia-Geral da ONU – pela primeira vez na história, realizada de forma remota

Na abertura da 75ª edição da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu a postura adotada por seu governo no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus e rebateu críticas internacionais à política ambiental brasileira. O discurso foi transmitido em vídeo gravado. Pela primeira vez na história, o evento é realizado de forma virtual.

O pronunciamento ocorre em um contexto de forte pressão internacional sobre políticas ambientais no Brasil, com o aumento nos registros de desmatamento na Amazônia e o recorde de queimadas no Pantanal. O Brasil também tem sido lembrado pelo elevado número de contaminações e óbitos contabilizados em meio à pandemia do novo coronavírus.

“Nosso agronegócio continua pujante e, acima de tudo, possuindo e respeitando a melhor legislação ambiental do planeta. Mesmo assim, somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre Amazônia e o Pantanal. A Amazônia brasileira é sabidamente riquíssima. Isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos que se unem a associações brasileiras aproveitadoras e impatrióticas com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil”, disse o presidente.

O presidente brasileiro disse que o país é líder em preservação de florestas tropicais e que possui a matriz energética mais limpa e diversificada. Segundo ele, o fato de o Brasil despontar como grande produtor internacional de alimentos motiva interesses “em propagar desinformações” na área ambiental.

“O mundo cada vez mais depende do Brasil para se alimentar. Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, no entorno leste da floreste, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência em áreas já desmatadas. Os focos criminosos são combatidos com rigor e determinação”, continuou.

Esta é a segunda vez que Bolsonaro faz o discurso de abertura do debate geral. Desde 1949 cabe tradicionalmente ao chefe de Estado brasileiro no exercício do mandato fazer o pronunciamento inaugural do evento.

No discurso, com duração de cerca de 15 minutos, o presidente brasileiro defendeu as posições adotadas por seu governo no enfrentamento à pandemia de Covid-19 e seus impactos sanitários, econômicos e sociais. O Brasil é atualmente o segundo país com maior número de mortes pela doença, atrás apenas dos Estados Unidos.

O mandatário também lembrou de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que delegou a decisão sobre políticas de isolamento social e restrições a liberdades aos governadores e prefeitos, e criticou a atuação da imprensa na crise.

“Desde o princípio, alertei, em meu país, que tínhamos dois problemas para resolver: o vírus e o desemprego, e que ambos deveriam ser tratados simultaneamente e com a mesma responsabilidade. Por decisão judicial, todas as medidas de isolamento e restrições de liberdade foram delegadas a cada um dos 27 governadores das unidades da federação. Ao presidente coube envio de recursos e meios a todo o país”, disse.

“Como aconteceu em grande parte do mundo, parcela da imprensa brasileira também politizou o vírus, disseminando o pânico entre a população. Sob o lema ‘fique em casa e a economia a gente vê depois’, quase trouxeram o caos social ao país. Nosso governo, de forma arrojada, implementou várias medidas econômicas que evitaram o mal maior”, continuou.

Outro eixo do discurso de Bolsonaro buscou contemplar a ideia de respeito aos princípios de paz e segurança internacional, cooperação entre as nações e respeito aos direitos humanos, que norteiam as atividades do organismo multilateral. Neste trecho, o presidente brasileiro lembrou a participação do país em operações de paz e o acolhimento de refugiados venezuelanos.

Nos campos do comércio internacional e investimentos, o mandatário disse estar comprometido com a conclusão do acordo entre Mercosul e União Europeia – posto à prova pelas críticas às políticas ambientais adotadas pelo país recentemente – e defendeu o processo de abertura da economia brasileira.

“Em meu governo, o Brasil, finalmente, abandona uma tradição protecionista e passa a ter na abertura comercial a ferramenta indispensável de crescimento e transformação”, afirmou.

“Estamos igualmente próximos do início do processo oficial de acessão do Brasil à OCDE. Por isso, já adotamos as práticas mundiais mais elevadas em todas as áreas, desde a regulação financeira até os domínios da segurança digital e da proteção ambiental”, pontuou Bolsonaro, também destacando a agenda de reformas econômicas em curso.

Fonte: InfoMoney