Internacional
Quinta-feira, 2 de maio de 2024

Economia japonesa afunda na pior contração desde a Segunda Guerra

A economia do Japão afundou ainda mais no segundo trimestre, em sua pior contração do pós-guerra, à medida que o coronavírus sacudiu os negócios mais do que o inicialmente esperado, ressaltando a difícil tarefa que o futuro primeiro-ministro vai enfrentar para evitar uma recessão mais acentuada.

Outros dados colocam esse desafio em perspectiva, com os gastos das famílias e os salários caindo em julho, à medida que o impacto da pandemia manteve o consumo frágil, mesmo depois que as medidas de bloqueio foram suspensas em maio.

A terceira maior economia do mundo encolheu 28,1% (anualizados) em abril-junho, acima da expectativa de uma contração de 27,8%, conforme dados revisados do produto interno bruto (PIB) divulgados nesta terça-feira.

O principal vilão foi o setor de bens de capital, com queda de 4,7%, mas de três vezes a retração de 1,5% esperada pelos analistas.

– Não podemos esperar que os bens de capital se fortaleçam muito. As empresas não vão aumentar os gastos quando as perspectivas são tão incertas – disse Hiroshi Miyazaki, economista sênior da Mitsubishi UFJ Morgan Stanley Securities.

Os números aumentam a pressão por medidas mais ousadas de estímulo a serem tomadas pelo futuro primeiro-ministro. O sucessor de Shinzo Abe, que renunciou por problemas de saúde, deve ser escolhido no próximo dia 14 por seu partido e referendado pelo Parlamento.

O chefe de gabinete, Yoshihide Suga, que lidera a disputa para se tornar o próximo premiê, já sinalizou sua prontidão para aumentar os gastos se passar a liderar o país.

— O risco à frente é de que os efeitos das medidas adotadas até agora, como pagamentos a famílias, acabem — disse Koichi Fujishiro, economista do Instituto de Pesquisa da Vida Dai-ichi.

Até agora o governo adotou um pacote de medidas de estímulo de US$ 2 trilhões, somando-se a um programa de afrouxamento monetário pelo banco central japonês.

Em um sinal de que qualquer recuperação será modesta, dados divulgados na terça-feira mostraram que os gastos das famílias em julho caíram 7,6%, acima do esperado, em relação ao ano anterior. Os salários reais caíram pelo quinto mês consecutivo em julho, apontando para possíveis tensões mais profundas para os gastos do consumidor.

Fonte: O Globo