SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente chileno, Sebastián Piñera, trocou seis dos 24 ministros nesta terça-feira (28), em uma tentativa de fortalecer o governo após membros da coalizão que o apoia terem se juntado à oposição na semana passada para aprovar uma polêmica lei de retirada de fundos de pensão.
A segunda reforma de gabinete em nove meses -e a quinta desde o início do mandato- envolveu quase todo o círculo político interno do presidente. As trocas foram nas pastas de Interior, Relações Exteriores, Defesa, Desenvolvimento Social, Secretaria-Geral do Governo e Secretaria-Geral da Presidência.
Os novos indicados têm em comum um perfil mais conservador que seus predecessores.
“Convoco este novo gabinete e toda a coalizão Chile Vamos a começar um novo capítulo para o nosso governo e para o nosso país, com um verdadeiro espírito construtivo, convicção, unidade, fé e esperança”, disse Piñera em uma cerimônia de posse, nesta terça, em Santiago.
A aprovação da lei que permite aos cidadãos sacar 10% do saldo dos fundos de pensão é a derrota política mais recente do líder de centro-direita, que vive uma crise desde outubro de 2019, quando protestos devido à da alta da tarifa do metrô da capital chilena se transformaram em atos em todo o país contra a desigualdade social e por melhores serviços públicos.
Segundo a proposta, a retirada funcionará como um auxílio emergencial para conter os impactos econômicos da pandemia -o governo é fortemente criticado pela demora em agir neste tema.
O agora ex-ministro do Interior Gonzalo Blumel, espécie de braço direito de Piñera, aceitou deixar o cargo por não ter conseguido deter a rebelião dos parlamentares governistas, cujo apoio à proposta de retirada das aposentadorias foi determinante para a aprovação da lei.
Ele foi substituído pelo ex-senador Víctor Perez, membro do partido de ultradireita UDI (União Democrata Independente), que se torna assim o terceiro ministro do Interior em nove meses.
O ex-senador Andrés Allamand foi nomeado para o Ministério de Relações Exteriores; o ex-deputado e presidente do partido Renovação Nacional, Mario Desbordes, assumiu a Defesa. Karla Rubilar deixou a Secretaria-Geral de Governo e assumiu o Ministério do Desenvolvimento; o ex-deputado Jaime Bellolio a substituiu no cargo. Por fim, Cristián Monckeber foi nomeado para a Secretaria-Geral da Presidência.
“Este é um gabinete muito mais duro; um gabinete de trincheiras muito conservador, muito próximo do pinochetismo”, diz Pamela Figueroa, cientista política e pesquisadora da Universidade de Santiago.
Quando os manifestantes saíram às ruas no ano passado, a derrubada do sistema de pensões era uma das reivindicações centrais. No modelo chileno de capitalização, implantado durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), os trabalhadores depositam 10% de seus salários em contas individuais para financiar sua própria aposentadoria -empregadores e governo não contribuem.
Os fundos são geridos por entidades privadas, as AFP (Administradoras de Fundos de Pensão). Ao se aposentar, a maioria dos chilenos recebe entre 30% e 40% do salário mínimo, de US$ 450 (R$ 2.320).
Após meses de protestos, a principal concessão do governo Piñera obtida pelos manifestantes foi a realização de um plebiscito para que os chilenos decidam se querem uma nova Constituição.
Analistas afirmam acreditar que, agora, o tema das pensões voltará a figurar no debate que antecede a consulta –marcada para 26 de abril, a votação foi adiada para 25 de outubro por causa da crise sanitária.
“No gabinete estão agora as principais figuras do ‘não’ [à nova Carta], o que representa um movimento para tentar ordenar toda a direita a apoiar essa opção”, afirmou Figueroa.
O bilionário Piñera está a 20 meses do final de seu segundo mandato não consecutivo. Em outubro do ano passado, seu índice de aprovação caiu para 6% após a repressão aos protestos. Nos últimos meses, sua popularidade cresceu e chegou a 15%, mas tem tido quedas devido a erros na resposta à pandemia.
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