O ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, disse nesta quarta-feira (2) que a invasão do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em uma fazenda da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em Petrolina (PE) foi um protesto e que integrantes do movimento estavam “ansiosos”.
A declaração foi dada ao chegar no Palácio do Planalto, onde teve encontro com o ministro Márcio Macedo (Secretaria-Geral) para tratar da Marcha das Margaridas, que acontecerá em agosto, em Brasília.
“Não foi uma invasão, foi um protesto. Eu tive uma reunião com eles após a feira”, disse o ministro a jornalistas.
“[Integrantes do MST] Eles ficaram ansiosos, fizeram aquele protesto, mas já saíram. A feira está acontecendo, portanto, o mundo caminho, a ansiedade dele baixou, porque foram prestadas as contas de todas as providências que vão ser adotadas. Então, a vida caminha”, completou.
O MST desocupou a fazenda da Embrapa em Petrolina no final da tarde de segunda-feira (31) que havia invadido na manhã do mesmo dia.
A entidade havia acusado o governo Lula de descumprir os acordos firmados após a invasão das mesmas terras federais em abril deste ano, durante a chamada Jornada Nacional de Luta pela Terra e pela Reforma Agrária, conhecida como abril vermelho.
Na tarde da segunda, após a invasão, o MST firmou novo acordo com o governo.
“Inicialmente, eu teria uma reunião com o MST, mas não achei necessário fazer essa reunião pela ansiedade. Minha equipe que a fez. A equipe prestou contas, mostrou quão rápida as coisas estão andando”, afirmou Teixeira.
A invasão virou combustível para a oposição na CPI do MST na Câmara, que convocou o ministro Rui Costa (Casa Civil) para prestar esclarecimentos. O ministro do Desenvolvimento Agrário disse no Planalto que vai comparecer à comissão no próximo dia 10.
“Não temos problemas a temer porque não há nenhuma irregularidade com a relação com nenhum movimento social em nenhum ministério”, afirmou.
A feira em Petrolina, que costuma acontecer no mês de agosto, apresenta novas tecnologias para os agricultores familiares da região, costuma receber mais de 20 mil pessoas vindas de diferentes estados do Nordeste.
A Embrapa manifestou repúdio a invasão da fazenda e informou que adotou as medidas necessárias para a desocupação da área para realização do Semiárido Show. Os trabalhos de finalização da estrutura para a abertura oficial do evento seguem normalmente.
Em nota divulgada na manhã de segunda, o MST acusou o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a Embrapa de não cumprirem as pautas apresentadas pela entidade durante as negociações em abril, incluindo o assentamento das 1.550 famílias na região.
O acordo, diz o MST, previa que parte dos 2.000 hectares de terra da Embrapa fosse destinada para reforma agrária. Também ficou acordado que o governo federal faria levantamentos de áreas de Codevasf, Chesf, Dnocs e demais órgãos federais para fins de reforma agrária.
A entidade também cobra a cessão de ao menos 6.000 hectares dos perímetros de irrigação Pontal Sul e Pontal Norte para assentar famílias sem-terra.
Fonte: FolhaPress