Negócios
Sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Oxxo quer usar decks externos para se tornar ‘point’ na noite de SP

2026 será o primeiro ano de operação do Oxxo no Brasil sob responsabilidade da Femsa, após fim da Joint Venture com a Raízen

Com a sua primeira unidade lançada em 2020, na cidade de Campinas, a Oxxo gerou curiosidade com sua rápida expansão. Depois de atacar o setor conhecido como varejo de proximidade, competindo com mercados de bairro, a rede quer ocupar um espaço na noite paulistana, sendo palco para reunião entre amigos. 

O plano é usar as partes externas das lojas com mesas e cadeiras para atrair consumidores para passar mais tempo nas lojas, consumindo bebidas alcóolicas geladas e fazendo dos supermercados um point para esquentas ou happy hour. O modelo de negócios não é novo, já que todas as lojas possuem mesas e cadeiras na parte de dentro para o consumo de lanches, cafés e bebidas alcóolicas, mas a Head de Marketing e Comunicação externa da marca, Camila Assis, conta que ideia é reforçar as lojas como um local de confraternização.

“Os decks são uma novidade nossa pro mercado brasileiro, só existem aqui, e se tornaram o coração da estratégia da marca. Percebemos a necessidade do brasileiro de socializar, então pensamos nesse modelo. Como estamos perto de faculdades e pontos de grande circulação de pessoas, muitas vezes o ‘esquenta’ e happy hour acontecem aqui, por conta da possibilidade do consumo de bebidas alcóolicas nas mesas. Esse verão e o carnaval serão essenciais para essa consolidação”, explicou. A marca não especifica quantas lojas possuem decks externos e se vai haver algum tipo de adaptação nas lojas que só possuem mesas e bancos internos. 

A estratégia dos decks vai além do uso como espaço para happy hour. Também está em fase piloto, nas lojas no Jardim da Saúde e na Chácara Inglesa, a possibilidade do consumidor comprar uma marmita congelada e esquentar em um microondas dentro da loja, para almoçar no espaço, com preços à partir de R$ 19,90.   

Um dos gargalos identificados no começo da operação da marca no país foi a segurança. A operação sempre foi pensada para que todos os seus supermercados funcionassem 24 horas por dia, no entanto, a rede teve que mudar os horário de algumas unidades devido a falta de segurança. A executiva afirma que a maioria das lojas funcionam 24 horas por dia, apesar de não dizer quantas. Em nota, a companhia afirmou que investiu em um centro de monitoramento, além de veículos cobrindo as lojas da rede.

Divórcio da Raízen 

O ano de 2025 foi complexo para a Oxxo. Em setembro, a Raízen anunciou a saída da Joint Venture, que foi responsável por trazer a rede mexicana ao país junto com a Femsa. No divórcio, que encerrou o Grupo Nós, a Raízen ficou com as lojas de conveniência Shell Select e a Femsa ficou como única responsável pela operação da Oxxo no Brasil, assim como é no México.   

“O principal motivo do final da parceria foi que ambas as companhias entenderam que tinham outros objetivos e precisavam focar em seus respectivos core business. O final foi em comum acordo”, apontou Camila.

Em meio ao processo de “simplificação de portfólio”, a Raízen também vendeu outros ativos como usinas, operações financeiras, para focar em açúcar, etanol, bioenergia e combustíveis.

Até a publicação dessa matéria o fim da Joint Venture não havia sido formalizado, dependendo do processo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). A expectativa da companhia é que isso seja formalizado no começo de 2026.   

Foco da expansão é o estado de São Paulo

Com mais de 620 lojas no estado de São Paulo, a rede enxerga que precisa se consolidar ainda mais no território paulista antes de realizar uma expansão nacional. Com mais de 23 mil lojas no México, a marca foca em crescer no interior e no litoral paulista.  

“Para o próximo ano queremos focar no crescimento em São Paulo. São mais de 30 milhões de pessoas, é um mercado do tamanho da Espanha, então vemos que podemos crescer ainda mais”, apontou. 

A companhia também tem investido em tecnologia para tornar a logística de abastecimento das unidades mais rápida. A reposição nos mercados da rede é feita três vezes na semana e os produtos necessários são identificados virtualmente, já que as unidades não possuem gerentes. Todo o suprimento sai do centro de distribuição da companhia, em Cajamar. 

Fonte: IstoéDinheiro