No Mundo
Quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Democratas da Califórnia querem alterar mapa eleitoral em resposta a republicanos do Texas

Democratas da Califórnia articulam estratégias para redesenhar o mapa eleitoral do estado com o objetivo de favorecer candidatos da legenda na disputa por cadeiras na Câmara dos Estados Unidos, em 2026.
O plano, uma resposta à iniciativa semelhante do Partido Republicano no Texas, visa tirar até cinco assentos hoje ocupados por republicanos na Califórnia, neutralizando os eventuais ganhos buscados pelos adversários em território texano, de acordo com o jornal americano The New York Times.
A iniciativa vem ganhando força à medida que a disputa e manipulação de distritos se intensificam e ameaçam se espalhar pelo país. Parlamentares democratas da Califórnia no Congresso e na Assembleia Legislativa estadual já foram informados sobre os planos, ainda de acordo com a publicação americana. A expectativa é que os legisladores estaduais votem em propostas sobre o tema ainda neste mês.
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, afirmou que pretende levar o novo mapa a referendo popular em uma eleição especial marcada para 4 de novembro.
“Se os republicanos vão jogar esse jogo, a Califórnia pode revidar com mais força”, afirmou o deputado democrata Robert Garcia, de acordo com o New York Times. “Não vamos permitir que os republicanos do Congresso e Donald Trump manipulem o mapa eleitoral em todo o país .”
A iniciativa californiana é, até agora, a reação mais incisiva à estratégia promovida por aliados de Trump para garantir que os republicanos mantenham o controle da Câmara após as midterms, as eleições de meio de mandato, marcadas para o ano que vem.
As disputas ganharam novos contornos na segunda (4), quando o governador do Texas, Greg Abbott, ordenou que a polícia do estado prendesse os deputados democratas que deixaram a região no fim de semana com o objetivo de retardar a votação de um plano republicano para redesenhar os distritos eleitorais do estado.
Mais de 50 membros democratas do Congresso do Texas deixaram a região no domingo para negar o quórum necessário para votar o plano, que Trump defendeu e que ele e os republicanos esperam que ajude a proteger a diminuta maioria do partido na Câmara dos Representantes dos EUA nas midterms.
Os republicanos detêm uma maioria de 219 a 212 na Câmara dos EUA, com três cadeiras ocupadas por democratas vagas após mortes e uma cadeira republicana vaga após a renúncia de um membro. Uma maioria republicana mais forte na Câmara permitiria ao presidente avançar ainda mais em sua agenda.
Diferentemente do Brasil, onde eleitores em cada estado votam sem divisão geográfica interna para eleger deputados federais, membros da Câmara dos EUA são escolhidos para representar distritos específicos. Os limites territoriais desses distritos são definidos pelo legislativo de cada estado com o objetivo, em teoria, de dividir a unidade da federação em blocos com o mesmo número de eleitores.
A prática de redesenhar os mapas distritais a fim de criar maiorias artificiais e ajudar a eleger deputados que, do contrário, não venceriam a disputa é conhecida pelo termo em inglês “gerrymandering”.
Apesar de questões éticas, o gerrymandering é comum nos EUA, e ele acontece porque, no sistema bipartidário americano, eleitores raramente mudam de voto ao longo dos anos sendo possível ao partido no poder identificar onde moram seus apoiadores e, dessa forma, diluir os eleitores do rival enquanto concentra os seus.

Fonte: FolhaPress