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O Santander Brasil reportou nesta quarta-feira, 5, lucro líquido gerencial de 3,85 bilhões de reais para o quarto trimestre de 2024, um salto de 74,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, em resultado marcado por expansão de margem financeira e melhora na rentabilidade.
Previsões compiladas pela Lseg apontavam lucro de 3,72 bilhões de reais para a unidade brasileira do banco espanhol Santander. Na base trimestral, o lucro aumentou 5,2%.
A margem financeira bruta cresceu 16% ano a ano e 4,9% em relação ao trimestre anterior, com aumento de 13,7% e 5,9% respectivamente na margem com clientes, que atingiu 15,78 bilhões de reais. A margem com o mercado somou 198 milhões de reais, de resultado negativo de 102 milhões um ano antes, mas abaixo dos 325 milhões de reais do terceiro trimestre.
De acordo com o Santander Brasil, a melhora na margem com clientes no trimestre se beneficiou do avanço na margem de produtos, de 6,4%, em razão tanto da margem de crédito, reflexo de maiores spreads, como da margem de captações, beneficiada pelo aumento da Selic e melhor mix.
No caso da margem com mercado, a performance na base trimestral foi afetada por um menor resultado em tesouraria e pelas elevações da Selic.
O retorno sobre o patrimônio médio (ROAE) do banco ficou em 17,6% no quarto trimestre do ano passado, de 12,3% no mesmo período de 2023 e 17% no terceiro trimestre de 2024. A presidente do conselho de administração do Santander, Ana Botín, afirmou em conferência com analistas na Espanha que o banco prevê índice de rentabilidade estável no Brasil este ano.
A carteira de crédito ampliada, que inclui operações estruturadas no mercado de capitais, alcançou 682,693 bilhões de reais no final de dezembro de 2024, alta de 6,2% ano a ano e de 2,9% na comparação trimestral, com o banco afirmando ter priorizado a atuação em linhas de maior rentabilidade de boa qualidade de ativos.
As provisões de crédito do banco no quarto trimestre totalizaram 6,682 bilhões de reais, queda de 12,7% em relação ao mesmo período de 2023 e de 1,7% frente ao trimestre anterior, enquanto a recuperação de crédito recuou 8,5% ano a ano e 17,8% no trimestre, para 750 milhões de reais.
Inadimplência
Em relação à recuperação de crédito, o Santander Brasil disse que tem sido mais rigoroso nos processos de renegociação, o que afetou o volume recuperado e de operações renegociadas.
A inadimplência total acima de 90 dias do banco ficou em 3,2% em dezembro, de 3,1% um ano antes e estável em relação a setembro. Em pessoa física, ficou estável em 4,3% ante dezembro de 2023 e ligeiramente acima dos 4,2% de setembro. Na pessoa jurídica, ficou em 1,6%, de 1,4% um ano antes e 1,7% em setembro.
A NPL formation somou 5,744 bilhões de reais, de 6,839 bilhões de reais no quarto trimestre de 2023 e de 5,902 bilhões no terceiro trimestre. A relação NPL formation e a carteira de crédito atingiu 1,07% no trimestre, queda de 0,29 e 0,02 ponto no ano e no trimestre, respectivamente.
‘Hiperpersonalização’ do relacionamento
De acordo com presidente-executivo do Santander Brasil, Mario Leão, um dos principais focos do banco em 2025 será a “hiperpersonalização” do relacionamento com os clientes, processo que passa pela simplificação do modelo de segmentação do varejo pessoa física, que em janeiro deste ano passou a se dividir entre clientes Santander e clientes Select.
“Além de ser o banco principal de nossos clientes, queremos que cada um deles sinta que é o nosso principal cliente”, afirmou.
Em 2024, o lucro somou 13,872 bilhões de reais, resultado que representa alta de 47,8% em relação ao ano anterior.
No final do quarto trimestre, o índice de Basileia do banco ficou em 14,3%, de 14,5% em dezembro de 2023 e 15,2 em setembro, com o índice de capital nível 1 passando a 12,1%, de 12,4% um ano antes e 13% em setembro.
Provisão para perdas
O Santander Brasil também divulgou estimativas referentes à implementação da resolução CVM nº 4.966/2021, que entrou em vigor no começo deste ano e trata dos conceitos e os critérios contábeis aplicáveis a instrumentos financeiros, bem como para a designação e o reconhecimento das relações de proteção (contabilidade de hedge) pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central.
Em relação aos efeitos esperados na adoção do modelo para perdas esperadas associadas ao risco de crédito, o banco estima um incremento da provisão de aproximadamente 4,4 bilhões de reais, ou 11%, sobre o saldo da provisão em 31 de dezembro de 2024.
Isso, explicou, representaria uma redução de 2,5 bilhões de reais no patrimônio líquido e de 0,14 ponto nos índices de capital considerando o que o banco chamou de “phase in”.
No final de 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) e o BC publicaram resolução para adotar um cronograma de transição para incorporar os impactos no capital regulatório relacionados ao novo modelo de provisionamento de instituições financeiras.
De acordo com a resolução 5.199, o ajuste negativo que se espera aplicar o capital regulatório das instituições financeiras será gradualmente implementado, reduzindo em 75%/50%/25% em 2025/26/27, respectivamente, atingindo o nível máximo apenas em 2028.
Quanto aos efeitos da alteração de categorias “de disponíveis para venda” para “custo amortizado”, o Santander calcula uma redução de 216 milhões de reais no valor dos ativos em contrapartida do patrimônio líquido oriundo da reversão dos ajustes de marcações a mercados sobre os títulos reclassificados.
Fonte: Reuters