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Quarta-feira, 3 de julho de 2024

A Black Friday está cada vez menos friday

Levantamento da Cielo mostra que as ofertas antecipadas estão diluindo as vendas para o varejo

O mês de outubro ainda não havia chegado ao fim quando o consumidor brasileiro começou a ser inundado por anúncios e mensagens de ofertas relacionadas à Black Friday. O que originalmente era apenas um dia de grandes descontos na última sexta-feira de novembro transformou-se em uma “black week”, estendendo-se para um “black november”. Atualmente, algumas marcas utilizam termos como “pré-Black” ou “esquenta da Black Friday” para justificar promoções no mês anterior, como foi o caso da Adidas e da MadeiraMadeira.

Esse cenário resultou em uma diminuição da importância da última sexta-feira de novembro no varejo. O frenesi concentrado de vendas, que costumava congestionar sites e causar transtornos na entrega, está se dispersando ao longo das semanas anteriores. Há quatro anos, a Black Friday vendia 2,4 vezes mais do que uma sexta-feira comum de novembro, de acordo com dados da Cielo baseados em pagamentos processados. No ano passado, com a popularização do “esquenta”, essa proporção diminuiu para 1,5 vez.

A antecipação dos descontos, entretanto, tem impacto limitado no volume total de vendas durante a Black Friday, conforme observado pela Cielo. O principal benefício é a capacidade de organizar os estoques e a logística de entrega de maneira mais eficiente, minimizando frustrações para o consumidor. “As empresas começaram a se planejar antes para adquirir os produtos e passaram a ter preços mais competitivos ao longo de um período maior”, afirma Carlos Alves, VP de Tecnologia da Cielo, responsável pelo levantamento.

Outra peculiaridade destacada pelos dados da empresa de pagamentos é a crescente convergência entre o ticket médio do varejo no mês da Black Friday e a média dos demais meses. Em 2015, o ticket médio foi de R$ 190 em novembro e de R$ 158 nos outros meses. No ano passado, esses valores praticamente se igualaram, atingindo R$ 160 e R$ 157, respectivamente.

Segundo a Cielo, a explicação para esse fenômeno é que, antigamente, a Black Friday concentrava-se mais em eletrônicos, produtos geralmente mais caros. Com a adesão de outros setores ao longo dos anos, a média de preços diminuiu. Além disso, devido à maior frequência de compras ao longo das semanas, a média de gastos por produto também foi reduzida.

Fonte: Pipeline Valor