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Entender os entraves da indústria como um problema também de política pública parece nortear a gestão do vice-presidente Geraldo Alckmin, que acumula também o cargo de Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e tem sido a pessoa atrás do balcão para receber as demandas dos empresários para o governo federal. E elas são muitas. Para atingir um pico industrial capaz de reindustrializar o Brasil e competir com o restante do mundo, só a indústria da transformação precisaria receber 4,5% do PIB, o equivalente a R$ 456 bilhões, por ano até 2030 — hoje, a indústria de transformação investe, em média, 2,6% do PIB.
A mudança de patamar faria a produtividade saltar dos atuais 20% para 55%, número considerado chave para que o setor volte a representar 36% do PIB, como em 1985.
Este ano, a fatia gira em torno de 11%. Mas somente usar esses números e olhar para o passado será refazer o erro por outros caminhos.
O setor, como era, perdeu espaço em todas as economias relevantes do planeta. Existe uma nova indústria. E Alckmin sabe. “Reconstruir o setor é pensar em como será no futuro, e caminhar nessa direção”, disse o ministro em um evento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “O governo tem de ser um parceiro para boas práticas e tratar o assunto com seriedade e políticas públicas.”
E para isso o MDIC, em parecerias com outros ministérios, desenhou uma estratégia. Nela está o Plano Indústria, no mesmo formato do Plano Safra, que teria apoio do BNDES, juros reduzidos e incentivos para intervenções de baixo carbono. “Vamos dar um grande impulso na indústria”, disse.
Para os empresários de menor porte, o ministro cita o Programa Brasil Mais Produtivo. “Queremos que essas empresas resolvam gargalos e ganhem produtividade.”
O plano é usar o MDIC como uma espécie de curador de iniciativas. “Identificando o problema e propondo solução. Havendo necessidade de máquinas e equipamentos, BNDES e Finep financiam com juros de até 4%”, afirmou Alckmin.
A perspectiva foi recebida como música pelos empresários na Fiesp.
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Apesar de apresentar alguma reação na geração de emprego (0,8% entre janeiro e agosto, sobre um ano antes), a indústria enfrenta barreiras para um desenvolvimento mais firme e de longo prazo.
Entre as três principais barreiras estão:
• baixa tecnologia embarcada em máquinas e equipamentos,
• processos custosos para a indústria da transformação
• e fragilidade em Pesquisa & Desenvolvimento nas áreas-chave para estimular toda a cadeia, como a indústria química.
Os empresários afirmam que a pressão tributária é tão desproporcional que não sobra espaço para investimentos além da manutenção da tecnologia já utilizada.
Esse gargalo, teoricamente, será resolvido com a Reforma Tributária, que promete reduzir para os empresários uma média de 13 pontos percentuais de encargos, tributos e impostos, que passaria dos atuais 46% para algo em torno de 33% com as regras de unificação tributária. Os empresários, no entanto, querem atingir percentual na casa de 25%.
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Novo horizonte
Segundo Alckmin, a busca por uma indústria mais forte e competitiva é um dos pilares do desenvolvimento econômico almejado por Lula e um desafio pessoal dele que, como governador do de São Paulo quatro vezes, também prezava por amparar e melhorar o ambiente de negócios dos empresários paulistas. “E agora temos o desafio de fortalecer uma indústria nova, com diretrizes e balizas sustentáveis e de alta produtividade.”
Para o presidente do BNDES, Aloízio Mercadante, há um espaço grande para o fomento. “O que olhamos pelo mundo é que as empresas do futuro são aquelas que vislumbram um novo horizonte e pensam no próprio impacto ambiental como valor, não como consequência”, disse.
Para atingir esse futuro, o presidente da Fiesp, Josué Gomes, afirmou ser necessário um conjunto de medidas que avancem concomitantemente. São elas:
• Reforma Tributária,
• Plano Indústria,
• Depreciação Imediata,
• Jornada de Digitalização Nacional,
• capacitação da força de trabalho.
Iniciativas que, direta ou indiretamente, passam pelo MDIC.
Além do estimulo interno, o vice-presidente ressaltou a importância da melhora da imagem do Brasil no exterior para que avancem também os programas de cooperação e troca de tecnologias.
Com a China, por exemplo, foi fechado um acordo em abril voltado apenas para parceria no desenvolvimento de novas tecnologias sustentáveis para serem replicadas em ambos os países.
Com a União Europeia, um dos temas do acordo comercial consiste na facilidade na troca de expertise nas áreas em que os países são referência.
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Um horizonte melhor na cenário da indústria, mas ainda com algumas nuvens carregadas na paisagem.
Fonte: Estadão Conteúdo