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Quarta-feira, 24 de julho de 2024

Via quer levantar até R$ 1,25 bilhão em oferta com potencial aporte de grandes acionistas

Oferta ainda depende de aval de acionistas, que pode vir em AGE desta sexta; ações caíram 7% no último pregão, na iminência de anúncio

A Via (VIIA3) anunciou nesta quinta-feira, 31, que deverá fazer uma oferta subsequente de ações (follow-on) de até R$ 1,25 bilhão, considerando a eventual colocação de um lote adicional de 25% da oferta. A operação poderia, portanto, representar até 58% de seu atual valor de mercado, de R$ 2,12 bilhões.

Os bancos Bradesco BBI, BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame), UBS Brasil, Itaú BBA e Santander já foram contratados. A oferta ainda vem sendo tratada como “potencial” pela companhia, mas, segundo a própria Via, grandes acionistas já demonstraram o interesse em realizar aportes na operação

Participação de grandes acionistas

De acordo com fato relevante divulgado nesta manhã, Michael Klein e os fundos Goldentree e Twinsf manifestaram a intenção de exercer os respectivos direitos de prioridade na potencial oferta.  Os três acionistas, juntos, representam 17,84% do capital da Via. Os demais acionistas também terão direito de preferência, guardadas as respectivas participações no negócio. 

O dinheiro, segundo a companhia, se faz necessário diante da necessidade de reforçar o capital de giro e melhorar a estrutura de capital. Parte dos recursos também serão destinados ao investimento em cotas subordinadas da operação de FIDC da carteira de crediário.

Temores antes da oferta

O aumento de capital vinha pairando como um dos potenciais riscos para a tese de investimento na dona das Casas Bahia e Ponto. A diluição dos atuais acionistas, além das incertezas sobre as reais motivações por trás da oferta, são alguns dos aspectos tem mantiveram o mercado reticente com a companhia nos últimos tempos. No último pregão, as ações da Via desabaram 6,99% na iminência de a empresa anunciar a “potencial” oferta.

Um dos motivos pelos quais a empresa ainda não anunciou a oferta oficialmente é a necessidade de aprovação de seus acionistas para o aumento de capital. Ao menos esse desafio, pelo menos, deve ser superado em breve, na Assembleia Geral Extraordinária marcada para às 11h desta sexta-feira, 1. Na pauta, estará o aumento do capital social da empresa para até R$ 3 bilhões de ações ordinárias, o que representaria um aumento de 87,7% na quantidade total de ações emitidas pela Via.

Incerteza sobre a estrutura de capital, por sinal, tem mantido analistas cautelosos em indicar a compra da ação da empresa. A Via encerrou o segundo trimestre com R$ 875 milhões em caixa, R$ 359 milhões a menos que no mesmo período do ano passado e R$ 1,145 bilhão abaixo do registrado no fim do ano passado. Na comparação anual, a dívida líquida da Via cresceu R$ 440 milhões, considerando recebíveis, para R$ 2,425 bilhões.

Aposta contra

Diante do pessimismo com o futuro da empresa, investidores tem aumentado significativamente as posições vendidas (em que o lucro vem da queda das ações). No último pregão, as ações da Via encerraram com 22,5% das ações emitidas em aluguel. Até o fim da última semana, essa proporção era de 20,5%.  A taxa média ponderada para ficar vendido na ação atingiu 72,5%.

Fonte: Exame