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Quinta-feira, 25 de julho de 2024

Minerva paga R$ 7,5 bilhões por plantas da Marfrig

A Minerva está inovando ao adquirir a maioria das operações de abate e desossa de bovinos e ovinos da Marfrig na América do Sul. Esta ação está projetada para aumentar o faturamento da Minerva em 45% e, desde o início, espera-se que gere um fluxo de caixa livre positivo.

A empresa, sob a supervisão de Fernando Queiroz, concordou em investir R$ 7,5 bilhões nesses ativos, dos quais R$ 1,5 bilhão será adiantado e o restante pago após a aprovação da transação pelo CADE.

O JP Morgan estabeleceu uma linha de crédito de R$ 6 bilhões, disponível por 18 meses e com um prazo de 2 anos.

Essa aquisição permitirá que a Marfrig direcione ainda mais seu foco para produtos processados, especialmente frangos e suínos, considerando sua participação na BRF. No entanto, a Marfrig continuará a comercializar carne bovina in natura sob marcas como a Bassi Angus.

Simultaneamente, essa transação facilita para Marcos Molina um passo significativo em direção à redução do endividamento da Marfrig.

Com essa operação, a Marfrig alinha seu enfoque, consolidando-se na BRF (incluindo o aumento de capital). No momento, a dívida líquida da Marfrig é de R$ 36 bilhões, correspondendo a 3,7 vezes o EBITDA. A empresa espera que, após a conclusão da transação e com os recursos no caixa, essa métrica seja reduzida para menos de 3 vezes.

Esta aquisição, que fortalece o compromisso da Minerva com a carne in natura, é a mais impactante desde a compra das instalações da JBS na América do Sul em 2017. Essa aquisição anterior aumentou a capacidade da empresa em 35%, representando um custo de US$ 300 milhões.

Ao longo dos anos, Molina e Queiroz mantiveram conversas sobre possíveis fusões estratégicas ou venda de ativos entre as empresas. No entanto, o alinhamento entre os dois nunca havia ocorrido, seja em termos de motivação estratégica ou avaliação financeira.

A Minerva, atualmente com uma receita líquida de R$ 29 bilhões e um EBITDA de R$ 2,8 bilhões, acrescentará R$ 18 bilhões à receita líquida e R$ 1,5 bilhão ao EBITDA com essa aquisição.

Em suas 19 aquisições nos últimos 14 anos, a Minerva geralmente obteve sinergias que aumentaram sua margem EBITDA em 150 a 200 pontos base nos primeiros 18 meses.

Supondo que as sinergias dos ativos da Marfrig alcancem 70 pontos base até o final do primeiro ano, a Minerva se transformará em uma empresa com receita líquida de R$ 52 bilhões e EBITDA de R$ 5,1 bilhões, enquanto sua alavancagem cairá para 2,6 vezes em um ano.

Esta aquisição também reforça a diversificação geográfica da Minerva. Após a conclusão, a empresa terá 52% de sua capacidade de bovinos no Brasil, 15% no Paraguai, 15% na Argentina, 11% no Uruguai e 7% na Colômbia.

Estima-se que os ativos adquiridos contribuirão com um EBITDA de R$ 1,5 bilhão. Considerando um capex de manutenção de R$ 200 a 300 milhões por ano e despesas financeiras de R$ 700 a 800 milhões devido à nova alavancagem, a transação deve gerar um fluxo de caixa livre de R$ 300 a 400 milhões, excluindo sinergias.

Stocche Forbes e White & Case atuaram como assessores da Minerva, enquanto a Marfrig foi assessorada pelo Lefosse Advogados.

Fonte: Brazil Journal