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Sexta-feira, 17 de maio de 2024

Quanto vale o Pão de Açúcar? (Agora sem o Exito)

Nesta quarta-feira, a ação do Grupo Pão de Açúcar (GPA) estava prevista para enfrentar considerável volatilidade, pois a empresa distribuirá aos acionistas a maior parcela das ações que possui da Exito, o principal varejista da Colômbia.

Se o planejamento do GPA se concretizar, a cisão deverá resultar em um valor substancial para os acionistas, potencialmente dobrando sua posição no GPA. Atualmente, o valor de mercado do GPA é de R$ 5,3 bilhões na B3.

Tanto o GPA quanto muitos analistas de mercado acreditam que o mercado atualmente não atribui valor algum à Exito. Esta última é uma empresa que detém 639 lojas, com um faturamento de R$ 23 bilhões e uma margem EBITDA de 7,2%. Uma das áreas de expansão em potencial é o foco no formato de atacarejo, conhecido como Surti Mayorista, que ainda é relativamente pequeno dentro da empresa, com 59 lojas, algo similar ao que o GPA fez com o Assaí.

O Exito é cotado na Bolsa de Bogotá, mas seu valor de mercado de R$ 6,7 bilhões é considerado pouco confiável devido ao free float de apenas 3,5%, o que dificulta que grandes investidores estabeleçam posições significativas. Conforme os princípios do mercado de capitais, quando a liquidez aumenta, é esperado que a avaliação também aumente. Outra perspectiva de valor é apresentada pela oferta do empresário Jaime Gilinski, que estimou o valor da rede colombiana em US$ 1,15 bilhão, ou R$ 5,75 bilhões.

O GPA está realizando a cisão da Exito através de uma redução de capital. Para determinar o valor teórico da ação da Exito no início do pregão de amanhã, o GPA seguiu a orientação da B3, que consiste em atribuir ao papel o valor da redução de capital dividido pelo patrimônio líquido da empresa, resultando em 58,58% do patrimônio líquido atual do GPA.

Portanto, no início da quarta-feira, a ação da Exito será cotada em cerca de R$ 11,51, enquanto a ação do GPA terá um valor aparente de R$ 8,14. Contudo, esses valores são meramente contábeis. Durante o leilão de abertura, os investidores apresentarão suas ordens de compra e venda, começando a determinar o valor justo das duas empresas.

Sem a Exito, o GPA se tornará uma empresa com um faturamento de R$ 20 bilhões e uma margem EBITDA de 6,3% no segundo trimestre. A empresa já comunicou ao mercado que tem como objetivo atingir uma margem entre 8% e 9% até o final de 2024.

O CEO Marcelo Pimentel, que está no cargo há um ano e quatro meses, está concentrando seus esforços na marca Pão de Açúcar, que contribui com 47% da receita consolidada e tem aumentado sua participação desde o terceiro trimestre de 2022.

O novo CEO está buscando melhores negociações com fornecedores, aumentando a parcela de produtos perecíveis na bandeira Pão de Açúcar, que possui margens mais favoráveis. Ele também enxerga a possibilidade de reduzir as perdas em 80 pontos-base, o que resultaria em melhorias significativas nas margens.

Com o preço teórico de R$ 8,14 por ação, o valor de mercado do GPA seria de R$ 2,1 bilhões. Considerando a dívida líquida financeira de R$ 2,5 bilhões e os arrendamentos de R$ 4,2 bilhões, o valor da empresa (Enterprise Value) chegaria a R$ 8,8 bilhões, resultando em um múltiplo de 6,5 vezes o EV/EBITDA para 2023, um valor substancialmente inferior em comparação com empresas como Grupo Mateus e Assaí.

Após a distribuição das ações da Exito, o Casino se tornará o maior acionista da empresa, detendo 34% do capital, seguido pelo próprio GPA com 13%, e um free float de 53%.

Na estruturação, execução e comunicação da transação, o GPA contou com a assessoria de BR Partners, Itaú BBA e Davivienda. Também estiveram envolvidos no negócio: Santander, JP Morgan, Rothschild, BNP Paribas, Safra, Bradesco BBI e Credit Agricole.

Fonte: Brazil Journal