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Terça-feira, 23 de julho de 2024

Com dívida de R$ 350 milhões, Tok&Stok retoma entrega de móveis em até 24h para tentar superar crise

Tentando contornar crise financeira e fechamento de lojas, varejista de móveis espera aumentar as vendas em 20% com entregas rápidas

Tok&Stok, a varejista de móveis, anunciou a disponibilidade de entrega em até 24 horas para sofás, poltronas e pufes na capital e região metropolitana de São Paulo. Essa inovação faz parte do plano de reestruturação financeira da empresa, que atualmente enfrenta uma dívida estimada em R$ 350 milhões.

A iniciativa tem como objetivo retomar o serviço de entrega rápida que a empresa oferecia entre 2014 e 2017. Todas as compras de sofás, poltronas e pufes feitas de segunda a sexta-feira até às 20h serão separadas, embarcadas e distribuídas para entrepostos na cidade de São Paulo até as 22h.

Luciano Escobar, diretor executivo de Operações, explica: “A operação de cross-docking para os veículos de entrega é realizada durante a madrugada e as entregas para nossos clientes são realizadas ao longo do dia.”

Espera-se que essa mudança aumente em 20% as vendas de sofás, poltronas e pufes nos próximos meses. A Tok&Stok também tem planos de expandir essa operação para o Rio de Janeiro até o final do ano e incluir outros produtos que não requerem montagem na entrega rápida nos próximos meses.

A empresa enfrentou desafios financeiros nos últimos anos, tendo que fechar lojas em seis estados e realizar liquidações para reduzir o estoque das unidades. Atualmente, possui 50 lojas em 21 estados e um centro de distribuição em Extrema, Minas Gerais.

O executivo afirma: “A entrega rápida é parte de um conjunto de ações para resgatar os padrões históricos de desempenho da Tok&Stok em várias áreas de gestão e processos, que nos permitirão recuperar o resultado operacional positivo da empresa.”

Essa retomada da entrega rápida ocorre um mês após o anúncio de um aporte de 100 milhões de reais. Os recursos vieram dos dois sócios da empresa, o fundo Carlyle, que adquiriu 60% da varejista em 2012 por R$ 700 milhões, e da família Dubrule, fundadora da rede em 1978.

Desde então, a empresa tem apresentado geração de caixa positiva e tem trabalhado em iniciativas para melhorar suas operações. O aporte fortalece o caixa da companhia e permite que os pagamentos aos bancos sejam realizados nos próximos dois anos, tornando a operação uma prioridade novamente.

Os problemas enfrentados pela Tok&Stok estão relacionados principalmente à falta de uma estratégia única e eficaz para sustentar a empresa. Nos últimos seis anos, a varejista teve cinco presidentes diferentes, cada um com uma abordagem distinta para a companhia.

Apesar da demanda aquecida durante a pandemia, o crescimento da empresa não foi significativo. Em 2020, mesmo com a alta procura devido ao isolamento social, a empresa registrou crescimento de apenas um dígito ao ano desde 2017. Desde então, a empresa tem enfrentado desafios financeiros, com uma receita em torno de R$ 1,6 bilhão em 2022 e Ebitda negativo, o que agravou suas dívidas com bancos e fornecedores.

Em abril deste ano, uma consultoria chegou a solicitar a falência da empresa devido a uma dívida de R$ 3,8 milhões relacionada a um projeto suspenso.

Fonte: Exame