Negócios
Quinta-feira, 25 de julho de 2024

Americanet e Vero unem ativos em troca de ações

As empresas Americanet e Vero Internet fecharam um acordo para a fusão de seus negócios por meio de troca de ações e vão se tornar a maior companhia independente do setor, conforme antecipou o Valor PRO nesta terça-feira. A Vero terá cerca de 56% do negócio, enquanto a Americanet e outros sócios ficam com 44%.

As duas provedoras regionais de fibra óptica já estavam em conversas nos últimos meses, segundo fontes.

Ao longo desse processo, a Vero chegou a ser avaliada pela FIBrasil, empresa de fibra óptica que tem a Telefônica, dona da marca Vivo, com 50% de participação, no ano passado, mas não houve acordo sobre preço. A Vero, que tem a gestora Vinci como uma das principais acionistas, ensaiou fazer oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em 2021, mas teve que tirar o plano da rua diante da volatilidade do mercado.

Depois que as conversas com a FIBrasil desandaram, a Vero se aproximou da Americanet, que tem o fundo americano Warburg Pincus como sócio. Vero e Americanet, nos últimos anos, vêm crescendo via aquisições. Fontes afirmaram que Vinci e Warburg Pincus continuam na companhia.

O presidente da Vero, Fabiano Ferreira, que já atuou em empresas como GVT e Telefônica, deverá comandar a futura companhia combinada. Lincoln de Oliveira, fundador e presidente da Americanet, ficará na presidência do conselho.

A Americanet encerrou o ano passado com receita líquida de R$ 597,6 milhões, enquanto a Vero registrou R$ 687,2 milhões no período, de acordo com levantamento do Valor Data. Já o Ebtida ficou em R$ 252,7 milhões e R$ 333,1 milhões, respectivamente. Com a fusão, as duas empresas estarão em 450 cidades, 5 milhões de casas e 1,5 milhão de assinantes, segundo pessoas a par do assunto.

A sinergia entre os dois negócios deve gerar um Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 1 bilhão, quando as duas companhias unirem seus ativos. O ganho de escala se tornou um importante ativo para a rentabilidade no setor, em um momento em que as operadoras menores começaram a entrar no radar das operadores de telecomunicações. O banco UBS BB assessorou a Americanet e o Itaú BBA, a Vero.

A combinação dos negócios entre Americanet e Vero deve fortalecer as duas companhias. Não há intenção de abrir o capital, ao menos no curto prazo. No entanto, com o ganho de musculatura, a previsão é de que a empresa comece a tatear a possibilidade de acessar a bolsa, em um momento em que investidores estão exigindo ofertas de grande porte e de empresa já maduras.

A Vero, por exemplo, depois que não conseguiu realizar seu IPO, vinha sondando o mercado ao longo dos últimos meses em busca de alternativas. Um private placement (aporte privado) chegou a ser estudado, segundo fontes. A companhia também vinha mantendo conversas frequentes com o mercado, mesmo sem ter conseguido emplacar sua abertura de capital.

Segundo fontes, outras operações do gênero estão na mesa e esse setor deverá passar por nova onda de fusões e aquisições. No entanto, os investidores não estão dispostos a fazer cheques grandes, sobretudo quando observam a queda das ações de companhias que abriram capital recentemente.

Os preços dos mercados público e privado ainda não convergiram, o que tem tornado mais difícil operações de fusões e aquisições. No caso da operação envolvendo Vero e Americanet, a solução foi a troca de ações, com os atuais acionistas de ambas empresas se tornando sócios de forma a capturarem juntos a valorização da nova empresa.

As concorrentes Brisanet e Desktop, que abriram capital, estão com as ações em queda na bolsa brasileira, o que também te atraído o interesse de potenciais compradores.

Fonte: Valor