Economia
Sábado, 18 de maio de 2024

Lula se aproxima dos empresários (mas não de todo o mercado)

Plano do petista em seu terceiro mandato é reabrir balcão de negociação com empresários na Esplanada dos Ministérios e envolver pequenos e médios na discussão de políticas de fomento por meio de conselhos regionais.

Em pelo menos três discursos após a eleição o presidente Lula alfinetou o mercado. Chamou de contraditória algumas reações na Bolsa e no dólar diante de seus movimentos, disse que a Faria Lima precisaria de paciência e reforçou que pobre seguirá no investimento — doa a quem doer. Mas se com os donos do capital especulativo a conversa segue torta, com os empresários da indústria, de serviços e do agronegócio o tom é outro. A equipe de Lula tem tentado se aproximar dos donos do capital físico porque sabe que eles serão essenciais na retomada da economia. Mas não tem sido tarefa fácil.

Durante a campanha eleitoral essa comunicação ficou defasada e a reclamação dos empresários é que ainda não há clareza sobre os planos do governo para estimular os empregos e o papel da cadeia produtiva nessa retomada. Entre as respostas esperadas estão questões que envolvem o crédito facilitado por bancos públicos, desonerações, parcerias e medidas de fomento e pesquisa. Para tratar disso o governo deve anunciar nos primeiros 30 dias de atuação uma agenda permanente de diálogo, interação e construção de políticas públicas com representantes da cadeia produtiva.

E essa tentativa de aproximação começa na figura do vice-presidente Geraldo Alckmin, que tem mais trânsito na indústria e no agronegócio. A articulação também terá a participação de Alexandre Padilha. “O governo Lula sempre foi um governo de muito diálogo, e o presidente está convencido de que isso é fundamental para reerguer o País”, disse Padilha, que foi ministro das Relações Institucionais no primeiro governo Dilma Rousseff. O caminho para essa aproximação seria a recriação do Conselho
de Desenvolvimento Econômico e Social. O Conselhão, como era conhecido nas gestões petistas, era ligado à antiga Secretaria das Relações Institucionais da Presidência da República, mas agora pode ser ampliado para ter participação regional e de empresários de todos os portes. “Essa frente é capaz de dar celeridade nas respostas necessárias para a economia andar”, disse.

Fonte: Estadão Conteúdo