Agronegócio
Domingo, 19 de maio de 2024

Uma Empresa B do vinho

Criada por brasileiros em Luján de Cuyo, na Argentina, a Penedo Borges faz mais que praticar agricultura sustentável. Usa energia solar e financia programas sociais, de saúde e de moradia.

Antes de mais nada, aqui vai uma definição. O termo Empresa B se refere a negócios que geram impacto positivo para a comunidade e para o planeta, equilibrando propósito e lucro. A ideia nasceu nos Estados Unidos, em 2006, e se tornou um movimento global que redefiniu o conceito de sucesso no setor privado. No Brasil há 275 empresas certificadas pelo Sistema B. Na América Latina são 961. No mundo, 5.837. Entre elas está a Penedo Borges Bodega Boutique, criada por brasileiros na Argentina em 2005 e reconhecida Empresa B em 2017.

Mais que produzir bons vinhos em Luján de Cuyo (Mendoza), o que seus sócios buscaram desde o início foi praticar agricultura sustentável e de precisão, com o mínimo possível de agroquímicos, além de protocolos para reduzir o consumo de água (a irrigação é por gotejamento) e reciclar os efluentes líquidos. “Investimos em painéis solares como fontes de energia limpa e renovável que atendem 80% do que a vinícola consome”, disse à DINHEIRO Euclides Penedo Borges, engenheiro carioca que fez carreira na Vale e dirigiu a Associação Brasileira de Sommeliers do Rio de Janeiro (ABS-RJ).ALÉM DO LUCRO A irrigação por gotejamento (acima) reduz o consumo de água. Painéis solares fornecem 80% da energia para produzir rótulos como o Ícono (ao lado). Na foto, o cofundador e sócio Euclides Penedo Borges.

ALÉM DO LUCRO A irrigação por gotejamento (acima) reduz o consumo de água. Painéis solares fornecem 80% da energia para produzir rótulos como o Ícono (ao lado). Na foto, o cofundador e sócio Euclides Penedo Borges.

VINOS DE LUZ Embora tanto a vinícola construída em 2010 quanto os vinhos que ela produz (cerca de 200 mil garrafas por ano) levem o sobrenome de apenas um dos sócios, essa Empresa B nasceu da soma de investimentos de outros empresários. Os controladores são Otávio Paiva, José Caetano Lacerda e João Carlos Dantas, que hoje vive em Londres e é responsável pela comercialização dos rótulos na Inglaterra. A eles se uniram outros sócios minoritários, caso do atual CEO, o argentino Jorge Cahiza. Todos compartilham das mesmas crenças em relação ao papel social da empresa. “A comunidade e as pessoas também são parte crucial de um trabalho responsável”, afirmou Cahiza. “O compromisso social da Penedo Borges é baseado em ações que podem contribuir para uma mudança positiva no mundo”, disse. O lado mais visível desse trabalho é o projeto Vinos de Luz, que investe parte do lucro obtido com a venda da bebida em programas educativos, de esportes, de saúde e de moradia junto à população carente de Alto Agrelo, povoado próximo à vinícola.

Para financiar tudo isso, evidentemente, os vinhos precisam ser reconhecidos — e lucrativos. Da área de 69 hectares dos quais 24 estavam plantados com as uvas Malbec e Cabernet Sauvigon quando a propriedade foi adquirida, hoje saem cinco linhas de produtos. A de entrada é a Cepas, na qual cada garrafa chega ao Brasil custando em torno de R$ 150. Acima estão os vinhos Prisma, Selección de Parcelas e Ícono. “A grande novidade é a microvinificação, em que usamos barricas para fermentar o mosto das melhores uvas separadamente e em pequenas quantidades”, disse Penedo Borges.

Fonte: IstoéDinheiro