Tecnologia
Quarta-feira, 24 de julho de 2024

Kabum: um e-commerce para a informática (e muito mais)

Trabalhe com o que gosta, assim não precisará trabalhar. É o conselho no qual se constrói a história do Kabum!. Frustrados com a dificuldade de conseguir peças para montar seus próprios computadores, os irmãos e fundadores Leandro e Thiago Ramos começaram em 2003 uma pequena loja física com uma rede de fornecedores. Logo, o empreendimento migrou para o mundo virtual e, desde 2015, é o maior e-commerce de informática do Brasil. O sucesso levou à compra no meio do ano passado pelo gigante varejista Magalu, numa transação de R$ 3,5 bilhões. Os resultados oficiais informados pela empresa terminam justamente na data de aquisição, em julho de 2021. Em 12 meses, a receita bruta foi de R$ 3,4 bilhões e o lucro de R$ 312 milhões. Atualmente, na companhia nascida em Limeira (SP), são mais de 1,5 mil colaboradores, 20 milhões de pedidos entregues, mais de 20 milhões de visitas ao site por mês e mais de 300 mil pedidos mensais. E uma novidade no horizonte. “Hoje o Kabum! é nicho, mas em dez anos vai ser generalista, porque todo produto está se tornando produto de tecnologia”, afirmou Leandro.

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“Desde o começo da aquisição, o Magalu queria que fossemos o braço gamer deles e por isso eles respeitam muito nossa independência” Luan Lopes diretor comercial do Kabum!

O DNA Magalu passa por isso. Pouco mais de um ano depois da aquisição, o saldo foi de redução nos prazos de entrega, mais capilaridade pelo País, melhora na oferta de fretes e preços mais competitivos nos produtos. O e-commerce passou a utilizar os centros de distribuição (CDs) estratégicos do Magalu distribuídos pelo Brasil, aproximando-os do consumidor final com entregas mais rápidas. As lojas do varejista hoje dono do Kabum! foram integradas ao negócio como pontos de retirada e também como miniCDs permitindo que algumas entregas sejam feitas dentro de uma hora. O uso de toda a malha logística do Magalu foi adotado nas operações da empresa, assim como às soluções de inteligência de mercado, além de uma tecnologia proprietária de predição de demanda que permite à companhia entender quais são os produtos mais comprados em cada mercado no País.

Com a maior capilaridade, a empresa fundada pelos irmãos Ramos também espera expandir as vendas para regiões onde seus produtos não tinham grande penetração devido às dificuldades logísticas, casos do Sul e, principalmente, do Nordeste. Mesmo com todo esse handicap, a vocação gamer do Kabum! é mantida. Desde o começo, a ideia foi ter autonomia de atuação e agregar os pontos que podem beneficiar a operação, como expansão do portfólio, negociação de valores de produtos e agilização da logística. Luan Lopes, diretor comercial do Kabum! desde 2008, diz que o objetivo da aquisição era que “a gente fosse o braço gamer deles, e eles respeitam muito essa nossa independência”. A empresa lançou uma linha completa de produtos focados no público gamer, a Husky, que inclui cadeiras, mouses, caixas de som, teclados, microfones, mochilas e muitos outros. São itens white label, provenientes da China, para atender o segmento gamer com uma gama diversificada de mercadorias.

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“Os preços não são alterados anteriomente, nós temos que dar o nosso melhor preço por pelo menos 60 dias antes da data da Black Friday.” Ana Norato CMO do kabum!

TENSÃO MOMENTÂNEA Mesmo com toda essa liberdade, negócios são negócios. Um profissional ligado ao Kabum! ouvido pela reportagem revelou que houve momentos de tensão na relação entre as duas empresas. Há aproximadamente dois meses, o e-commerce ainda não havia cumprido parte das metas previstas no contrato firmado com o Magalu – a conclusão da compra está prevista para o início de 2024 –, algo que teria gerado tensão nos escritórios por algum tempo. Porém, mais recentemente, de acordo com o funcionário, a meta foi batida. Percalços comuns em transações do tipo, superados, o e-commerce limeirense se prepara fortemente para materializar a maior Black Friday de sua história. A empresa é uma das pioneiras a realizar o evento no Brasil, desde 2008, quando o marketing de ocasião era apenas um simples e-mail promocional com o fundo preto. Já para a edição deste ano, construiu o maior estoque de toda a história com aproximadamente 2 milhões de produtos para pronta-entrega, maior capacidade logística de armazenamento e de expedição, com a expectativa de quebrar novos recordes com descontos de, segundo afirmam, até 80%.

EXPANSÃO Para os irmãos Ramos o portfólio da empresa deve expandir em 10 anos conforme todo produto se torna produto de tecnologia. (Crédito:Divulgação)

Para atender o tráfego elevado, se preparou com a contratação de 460 funcionários temporários, treinados há três meses nos sistemas necessários para a demanda adicional, já que 79% dos brasileiros pretendem fazer compras na Black Friday, aumento de 22 pontos porcentuais em comparação ao ano passado, segundo pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC Brasil. Os times de áreas de atendimento ao cliente e logística também estão atuando em turnos para um funcionamento 24/7. Para o diretor comercial Luan Lopes, a maior incerteza é o primeiro jogo do Brasil na Copa do Mundo, que cairá no mesmo dia do evento e pode dividir as atenções. Para isso, foram preparadas promoções especiais que dialogam com a Copa e, além disso, será antecipado o começo das promoções para o dia anterior, 24 de novembro, às 10h.

CRÍTICAS No ano passado, durante a Black Friday, o Kabum! foi alvo de críticas dos internautas, acusado de realizar promoções não reais, além de queixas sobre os produtos sumirem e se esgotarem em segundos. O que pode ter acontecido, segundo a empresa, foram diversas tentativas de compras simultâneas de um mesmo produto com poucas unidades. Nesses casos, quem comprou antes realmente efetuou o negócio, segundo a empresa. Ana Norato, CMO do Kabum!, disse que a companhia explica para o cliente que tem uma dinâmica diferente, uma quantidade específica de cada produto em promoção. “E quando acaba essa quantidade, o preço volta ao original”, afirmou Ana. Para ela, esses comentários são inevitáveis. E diz que os preços seguem as variações do mercado e não são aumentados em período anterior ao dia do evento para parecerem mais baratos. “Temos que dar o nosso melhor preço por pelo menos 60 dias antes da data da Black Friday.” Obstáculos inevitáveis numa jornada de crescimento acelerado como a da empresa dos irmãos Ramos.

Fonte: IstoéDinheiro