Economia
Sábado, 18 de maio de 2024

Ações de estatais superam rentabilidade do Ibovespa em 2022, mostra levantamento

Maior alta no acumulado deste ano foi da Petrobras, registrando um salto de 98,3%; Banco do Brasil vem em seguida, com alta de 67,9%


As ações das empresas estatais brasileiras listadas na B3 registram um desempenho maior do que o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, em 2022, segundo um levantamento do economista Einar Riveiro, da TradeMap, a pedido do CNN Brasil Business.

A maior alta entre as estatais no acumulado deste ano foi da Petrobras, registrando um salto de 98,3%. O Banco do Brasil vem em seguida, com alta de 67,9%, e Eletrobras aparece depois, com ganhos de 62%. Neste mesmo período, o Ibovespa subiu 14,41%.

Sobre a Petrobras, que teve o maior desempenho da lista, o sócio-gestor da Mantaro, Paulo Abreu, diz que a boa fase do ciclo do petróleo e uma menor intervenção do Estado possibilitou que a empresa exercesse um diferencial competitivo.

Phil Soares, chefe de análises de ações da Órama Investimentos, liga os ganhos da Petrobras ao preço do petróleo —que registrou altas ao longo dos últimos dois anos— além da distribuição de dividendos altos aos investidores. “A Petrobras também apresenta uma fase positiva por conta da governança”, disse.

Para ele, a capitalização da Eletrobras cooperou para que a empresa apresentasse alta acentuada neste ano e aparecesse em terceiro lugar nas que mais tiveram rentabilidade.

O especialista ressalta também as ações da Cemig, Copel e Sabesp, que subiram ao longo do ano. “Essas empresas estão em linha com Ibovespa, muito em função da perspectiva de continuidade do trabalho, mesmo com as mudanças de governo estaduais por conta das eleições”.

Sobre bancos, Gustavo Harada, chefe de renda variável da Blackbird Investimentos, diz que o setor vem entregando resultados expressivos nas suas carteiras de crédito, e continuam com um perfil conservador, pressionando mais as margens, assim como os bancos privados.

Crescimento de R$ 266,7 bilhões neste ano

Segundo o levantamento, o valor de mercado das estatais registrou crescimento de R$ 266,7 bilhões neste ano, saindo de R$ 696,9 bilhões para R$ 963,6 bilhões.

Para Abreu, os valores dos ativos das estatais vinham de um patamar baixo, dado a política que estava sendo aplicada em cada uma das empresas. Havia uma disciplina grande de alocação de capitais nas companhias, com investidores colocando em suas carteiras mais ações de estatais. “Tudo isso foi evoluindo e se manifestou em retornos às próprias empresas. Os resultados sobre o patrimônio líquido foram relevantes”, disse.

Porém, agora em outubro, o economista diz que as companhias passam a ter outras prioridades, como a eleição. “Os gestores passam a tentar adivinhar o que os agentes do mercado acham dos candidatos, quem é o melhor e o pior para cada uma das empresas, impactando diretamente no preço das ações das estatais”, diz.

Quais os riscos de investir em ano eleitoral?

A mudança de governo é o risco mais citado pelos economistas. Porém, Soares avalia que as empresas estaduais estão mais estáveis. Ele diz que a maioria das eleições para governadores já foram decididas e as que ainda não foram, já estão adiantadas.

“Se usarmos o exemplo do Rio Grande do Sul, que será decidido no segundo turno, são dois candidatos pró-mercado, indicando poucas mudanças independente do resultado”, explica.

Soares faz uma ressalva em relação às estatais federais nesse período. “A visão dos candidatos à presidência do país é muito diferente, ou seja, os candidatos têm olhares distintos em relação ao futuro das companhias. Isso requer cautela ao mercado”, disse.

Já na opinião Harada, vale a pena investir nas estatais. “Se pegarmos um médio e longo prazo, os resultados das companhias tem um sinal positivo. Os riscos, em questão de ano eleitoral, vai de cada empresa, e o investidor deve avaliar os rendimentos e perspectivas de cada uma”, esclarece.

Entretanto, Harada faz uma ressalva. “Cada candidato tem sua posição. Um vai beneficiar mais a parte da educação, investimentos sociais, etc. Os bancos e petrolíferas podem sofrer mais. O outro já tem uma visão mais empresarial. Então, vai da opinião do investidor saber quais os riscos ele quer correr”, alerta.

Fonte: CNN