Nos bastidores, fundo árabe tem dito que não vai aumentar preço de OPA e que pode zerar posição
Depois de manifestações contrárias do conselho de administração e de um grupo de acionistas à oferta do Mubadala pelo controle do Burger King, o fundo soberano de Abu Dhabi vem tentando aumentar a pressão nos bastidores para tentar viabilizar seus planos.
Segundo fontes, o Mubadala tem deixado claro a alguns acionistas nos últimos dias que não só descarta aumentar o preço por ação proposto na OPA como avalia zerar sua posição no BK se a operação não for adiante.
O fundo tem 4,95% do BK Brasil, recentemente rebatizado de Zamp. O Mubadala ofereceu R$ 7,55 por ação, o que no lançamento da OPA, no início de agosto, representava um prêmio de 21,6% sobre o último fechamento. O interesse do fundo fez a ação subir desde então – na sexta-feira, fechou a R$ 8,17.
O fundo mira 45,15% do capital na OPA para atingir 50,1% do BK, assumindo portanto o controle do negócio – a oferta só será efetivada se houver adesão suficiente para isso.
O leilão está marcado para 15 de setembro. Na última sexta-feira, o fundo de Abu Dhabi republicou o edital para corrigir pontos técnicos solicitados pela CVM, sem mexer no preço.
Duas semanas após o fundo publicar a proposta, o conselho de administração do BK/Zamp recomendou aos acionistas que rejeitem a oferta. O board contratou o BTG Pactual como seu assessor no tema, e o banco chegou a um valor justo entre R$ 9,6 e R$ 13,47 para a ação do BK. No ponto médio da faixa considerada justa pelos assessores do BK, os papéis saíram a R$ 11,73, custando R$ 1,4 bilhão ao Mubadala — que está disposto a pagar R$ 938 milhões.
Após a manifestação do conselho, Atmos, Fitpart, BW, Mar e Vista Capital também resolveram registrar publicamente que não têm interesse na proposta feita e não vão aderir à OPA a R$ 7,55 por ação. Esse grupo representa 20,44% do capital da Zamp.
Os acionistas entendem as recentes sinalizações do Mubadala como contraditórias, uma vez que o fundo lançou a OPA argumentando que a companhia tem alto potencial de crescimento e de geração de valor aos acionistas.
“Se acham o negócio bom e com potencial de retorno, por que zerariam a posição a um preço tão baixo? É uma tentativa de corrigir a alta recente do papel, que carrega a expectativa de reajuste de preço na proposta, para aumentar adesão à OPA sem alterá-la”, disse um investidor ao Pipeline.
Fonte: Valor Pipeline