Negócios
Quinta-feira, 25 de abril de 2024

O baque da Natura

Queima de caixa chega a quase R$ 3 bilhões no primeiro semestre

Por mais que já esperassem um desempenho fraco, investidores e analistas podem digerir mal os resultados da Natura nesta sexta-feira. A companhia teve prejuízo de R$ 767 milhões no período, impactada pelo menor Ebitda e maiores despesas financeiras. Excluindo efeitos relacionados à integração de Avon, a companhia considera um resultado de referência para o trimestre o prejuízo de R$ 262 milhões, ainda assim uma perda um pouco maior do que o mercado projetava.

A média de analistas projetava prejuízo de R$ 217 milhões, no compilado pela Refinivit, segundo a Reuters. No primeiro trimestre, o prejuízo havia sido de R$ 642 milhões – considerando os dados recorrentes, uma perda de R$ 392 milhões.

De janeiro a junho, a companhia consumiu R$ 2,8 bilhões de caixa – no primeiro semestre do ano passado, o fluxo de caixa livre tinha sido negativo nessa mesma medida. A alavancagem líquida na holding foi a 3,46 vezes o Ebitda ao fim de junho.

A receita líquida caiu 8,6% em reais, mas ficou estável em moeda corrente, a R$ 8,7 bilhões no segundo trimestre – em vendas, um pouco melhor que as expectativas, que sinalizavam algo mais perto de R$ 8,2 bilhões. A margem Ebitda ajustada ficou em 8%, queda de 0,5 ponto na comparação anual, mas 0,8 ponto maior que a do primeiro trimestre.

O melhor desempenho em vendas e margem é da marca Natura, na América Latina em geral e especialmente Brasil, e Aesop, enquanto Avon International e The Body Shop tiveram retração.

A companhia não está fazendo grandes promessas para o curto prazo. No comunicado, o novo CEO Fábio Barbosa disse que os resultados refletem o cenário macro desafiador e que, apesar de esperar tendência de melhora da receita no segundo semestre, a margem deve continuar pressionada.

“Nossa clara e imediata prioridade é focar nas margens e no fluxo de caixa operacional. As equipes de todas as nossas marcas e negócios estão mobilizadas e incentivadas em torno desses objetivos claros”, disse Barbosa.

Segundo o CEO, que chegou à companhia em meados de junho, suas primeiras semanas no cargo foram dedicadas a redesenhar a estrutura organizacional do grupo Natura&Co, para torná-lo mais leve e enxuto. “Nesta fase, mapeamos uma economia anual significativa na holding. Se a companhia tivesse implementado essas mudanças no ano passado, o impacto teria sido uma redução anualizada de pelo menos 40% nas despesas corporativas recorrentes”, afirma Barbosa, que diz que outras economias estimadas serão anunciadas mais adiante.

Fonte: Valor Pipeline