Economia
Sábado, 25 de maio de 2024

Ibovespa fecha em queda após dados frustrantes nos EUA; dólar renova máxima em 6 meses

Moeda norte-americana valorizou 0,02%, a R$ 5,497, enquanto o principal índice da B3 encerrou em queda de 0,11%, aos 98.924,82 pontos

dólar encerrou em alta de 0,02%, cotado a R$ 5,497, nesta sexta-feira (22). O desempenho na maior parte do pregão foi negativo, com ajuste em relação ao real após a alta da véspera e uma fraqueza no exterior depois que dados indicaram uma situação da economia dos Estados Unidos pior que o esperado.

A moeda americana anulou as perdas de mais cedo e renovou a máxima em seis meses, com um aumento da busca por segurança no fim da tarde, dando fôlego à moeda antes da aguardada decisão de juros nos EUA da próxima semana.

Apesar de ter encerrado o dia próximo da estabilidade, o dólar atingiu o maior patamar para fechamento desde 24 de janeiro (R$ 5,507).

O Índice de Gerentes de Compras (PMI) composto referente a julho apontou a primeira contração na atividade empresarial do país em dois anos, e veio abaixo do esperado. Com isso, o mercado reforçou apostas de uma recessão nos Estados Unidos e de que o Federal Reserve poderá ser menos agressivo no ciclo de alta de juros para evitar impactar excessivamente a economia.

A expectativa de juros menores ao fim do ciclo de alta prejudica o dólar em relação a outras moedas, levando a uma desvalorização.

Internamente, o real também foi prejudico pela intensificação do risco fiscal no Brasil, gerado pela PEC dos Benefícios e pelos temores de que o governo possa realizar ou indicar novos gastos fora do teto, o que afasta investidores estrangeiros.

Já o Ibovespa terminou em queda de 0,11%, aos 98.924,82 pontos, também após operar com volatilidade e rompendo uma sequência de cinco altas.

A maior parte das ações do índice recuou devido ao desempenho negativo das bolsas norte-americanas com temores sobre uma recessão. Por outro lado, as ações ligadas ao minério de ferro, caso da Vale, subiram cerca de 1%, acompanhando a valorização da commodity na China.

Neste pregão, o Banco Central realizou leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de setembro de 2022. A operação do BC ajuda a dar liquidez na moeda, mas especialistas consultados pelo CNN Brasil Business apontam que o órgão poderia atuar mais para conter a volatilidade do câmbio.

Na quinta-feira (21), o dólar teve alta de 0,66%, a R$ 5,496, no maior valor desde 24 de janeiro. Já o Ibovespa avançou 0,76%, aos 99.033,17 pontos. Na semana, a moeda norte-americana valorizou 1,70%, enquanto o índice acumulou ganhos de aproximadamente 2,46%.

Minério de ferro

Os contratos futuros de minério de ferro subiram nesta sexta-feira, com a queda dos estoques de aço na China estimulando as esperanças de que a demanda seja impulsionada pela necessidade de reabastecimento.

Em Singapura, o ingrediente siderúrgico voltou a ultrapassar a marca de US$ 100 e estava a caminho de um ganho semanal, recebendo impulso adicional do corte das perspectivas de produção de minério pela mineradora brasileira Vale em 2022.

O minério de ferro mais negociado, para entrega em setembro, na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações em alta de 3,6%, a 681 iuanes (US$ 100,68) a tonelada. O contrato de referência se recuperou de uma baixa de sete meses – o fechamento de quinta-feira, em 657,50 iuanes, foi o mais fraco desde 29 de dezembro.

O contrato de minério de ferro para agosto na Bolsa de Cingapura subiu 3,5%, para US$ 101,35 a tonelada.

Bancos centrais

Na véspera (21), o Banco Central Europeu (BCE) iniciou seu ciclo de alta de juros com uma elevação de 0,5 ponto percentual, a primeira desde 2011.

Já na próxima semana, o Federal Reserve dará continuidade ao seu ciclo, com a expectativa de um novo aumento de 0,75 ponto percentual, o segundo consecutivo.

O movimento dos bancos centrais afasta investimentos de mercados considerados arriscados, como o Brasil, e reduz a cotação de algumas commodities devido à previsão de baixa demanda, afetando as ações do Ibovespa. O índice é composto por aproximadamente 40% de companhias que trabalham com matéria-prima.

Sentimento global

Os investidores ainda mantêm uma forte aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.

A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 4 de maio. A alta foi de 0,75 ponto percentual, maior desde 1994, e novas elevações na mesma magnitude não foram descartas.

Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.

Entretanto, o combate do país à maior inflação em 41 anos gera crescentes temores de uma recessão na maior economia do mundo devido à necessidade de um aperto monetário agressivo. O risco leva a uma aversão a riscos, favorecendo o dólar e prejudicando ativos considerados arriscados, caso do mercado brasileiro.

Por outro lado, novas restrições em cidades da China foram anunciadas no início de julho, revertendo um cenário de otimismo sobre uma retomada da economia do país após meses de lockdown em Xangai e Pequim. O quadro reforça temores de uma desaceleração econômica chinesa e consequente queda na demanda por commodities.

No cenário doméstico, a PEC dos Benefícios, que cria ou expande benefícios sociais com custo estimado em R$ 41 bilhões, foi mal recebida pelo mercado, já que reforça o risco fiscal ao trazer novos gastos acima do teto.

Com a combinação de ambientes interno e externo adversos, a retirada de investimentos prejudica o Ibovespa e favorece o dólar em relação ao real.

Fonte: CNN