Economia
Terça-feira, 23 de julho de 2024

Na Mevo, o remédio na casa do paciente em 45 minutos

Perdido num mar de receitas? A Mevo, uma startup brasileira de prescrição médica digital, quer simplificar a vida dos pacientes, deixando para trás o mundo analógico de papel e caneta que ainda marca a rotina de 90% dos atendimentos que geram algum tipo de receita.

A própria marca da healthtech — que acaba de ser rebatizada —, aliás, é um indicativo da direção da startup, que não é uma estreante no mercado. Fundada em 2017 por Pedro Dias e Lucas Lacerda, dois jovens amigos que foram sócios na Vitta Saúde, a Mevo se chamava Nexodata. Até hoje.

Sob o nome anterior, a startup passou os últimos anos estruturando uma ampla rede de 300 hospitais que agora usam a plataforma de receitas digitais da Mevo, o que inclui grupos como Rede D’Or, Intermédica e Hospital Albert Einstein, chegando a 60 mil médicos — e mais de 6 milhões de receitas digitais emitidas, atendendo um universo de 2 milhões de pacientes.

Para erguer a estrutura que dará lastro para a nova fase, a Mevo contou com o capital de investidores de porte. Desde a fundação, já levantou mais de R$ 40 milhões, atraindo investidores que vão de Jorge Paulo Lemann a Guilherme Benchimol, passando por Mercado Livre, Hospital Albert Einstein e fundos gringos como Floating Point e FIR Capital.

“Nossa missão inicial era fazer o ecossistema viável para que a receita digital ganhasse escala. Com mais de 300 hospitais e 60 mil médicos conectados, conseguimos. Fizemos funcionar. A receita digital aconteceu”, conta Dias, o CEO da Mevo.

A escala do negócio de receita digitais não completa o serviço. Depois de uma estratégia que cuidou dois clientes institucionais, uma vertical que permanece, a healthtech quer oferecer um olhar para a experiência do consumidor final. Para isso, a startup segue crescendo — o número de colaboradores deve passar de 100 para 150.

Nessa aproximação com o consumidor, um dos serviços-chave da Mevo — inicialmente disponível apenas em São Paulo — prevê a entrega do medicamento em 45 minutos na casa do cliente. O paciente pode sair do hospital com a receita digital e já solicitar o pedido ou fazê-lo após uma consulta por telemedicina.

Ao receber a receita da Mevo, o paciente também já sai com várias opções de escolha — ele pode clicar no site de uma rede de drogarias, fechar a compra para entrega em casa ou apenas para retirar na drogaria — o pick-up from store. Se quiser ir até a farmácia com a receita, também pode. A prescrição digital da Mevo é aceita em todas as farmácias do país.

Na semana passada, o diretor de tecnologia e transformação digital do Burger King Brasil, Fernando Schneider, ilustrou o potencial das receitas digitais da Mevo. “Meia dúzia de cliques entre o Whats e o site e pimba. Assunto resolvido sentado no carro no caminho de volta. Obrigado digital, obrigado tecnologia!”, escreveu o executivo em um post no LinkedIn. Schneider escolheu a opção de comprar pelo site da Raia Drogasil, recebendo o medicamento em pouquíssimas horas.

A aposta da healthtech é que a melhora da experiência em casos como o narrado por Schneider torna a digitalização incontornável. No Brasil, o mercado de saúde ainda está apenas no início do processo, mas a situação do mercado americano, um benchmark no assunto, dá uma medida do potencial;

Nos Estados Unidos, as receitas digitais representam 85% do mercado. Por lá, são emitidas 6,3 bilhões de prescrições digitais por ano. Por aqui, são mais de 1,5 bilhão de receitas emitidas no país, mas o grosso delas ainda no papel. Num mercado farmacêutico que movimenta cerca de R$ 140 bilhões, a expectativa é que a emissão de receitas digitais passe de apenas 30 milhões por ano para 1 bilhão num intervalo de cinco a dez anos.

Diante da oportunidade, a Mevo quer estar mais próxima do consumidor para surfar essa onda. Não à topa, saiu de uma nomenclatura mais tradicional — Nexotada talvez pareça um software, algo com a cara de um negócio BtoB — para Mevo, um nome novo e de fácil assimilação que marcará a identidade da startup.

Para tocar o rebranding, um processo liderado pelo diretor de marketing Vinícius Lotti, a Mevo teve a assessoria da agência Marcas com SAL. Mevo faz alusão à palavra evolução, incluindo a letra M de medicina.

Fonte: Pipeline Valor