Economia
Domingo, 19 de maio de 2024

A Zara da Amazon? As ambições de Bezos no varejo de moda

Após destronar o Walmart como maior vendedora de roupas dos EUA com vendas online, companhia terá loja física e vai aplicar seus algoritmos para recomendar peças

A Amazon anunciou que abrirá sua primeira loja física de roupas, sapatos e acessórios no The Americana at Brand, um shopping nos arredores de Los Angeles. Ainda não tem data de estreia e nem sinalização de outras unidades – mas, sendo quem é, a expectativa é que seja o começo da composição de uma rede, para uma forte estratégia de ‘clicks and brick também na moda.

A arquitetura da loja se parece com a que pode ser um de seus principais alvos de disputa nas ruas, a espanhola Zara. Há pelo menos três anos analistas de varejo apontam que um embate entre as duas marcas, uma hora ou outra, ia ficar mais direto. Elas já até ficaram cara a cara numa esquina londrina, quando a Amazon abriu uma loja pop up de roupas alguns anos atrás.

Na nova loja batizada de Amazon Style, as coleções iniciais do material de publicidade são do estilo básico arrumadinho – justamente o que fez a concorrente espanhola crescer rapidamente mundo afora. A Zara tem mais de 2 mil lojas e é referência no segmento. A companhia tem avançado em tecnologia, tanto dentro das unidades quanto para avançar com ecommerce.

A Amazon, como se sabe, fez o caminho contrário – no ano passado, com a força das vendas online, destronou o Walmart como maior vendedora de roupas nos Estados Unidos. A venda começou puxada por sellers diversos que revendiam marcas famosas, depois em contratos da Amazon diretamente com essas fabricantes, e em seguida também com marca própria. A incursão mais direta em vestuário começou há mais de uma década, com o desenvolvimento da Amazon Fashion.

A companhia já vinha testando e implementando diversas tecnologias, não só para colocar à venda mas que também vai poder aplicar em suas lojas. Um exemplo é o Echo Look, o dispositivo com câmera que se conecta à Alexa lançado há mais de três anos – o aparelho tira uma foto do usuário com ordem de voz e envia para o Style Check para uma segunda opinião baseada nas tendências atuais e no caimento, com base em algoritmos, machine learning e dicas de especialistas.

Na Amazon St yle, essas lições estarão nos provadores. Na loja de departamento, que terá quase 3 mil metros quadrados, os clientes não precisam carregar as roupas – com o telefone, escaneiam um QR code e as peças estarão nas cabines. No provador, podem consultar em um monitor a recomendação dos algoritmos para combinar as peças e fazer o pedido por outra numeração ou cor.

Com forte investimento nas lojas físicas, a Zara também já vinha implementando provadores high-tech, com telas junto aos espelhos que sugerem também combinações com outras peças e acessórios. É pelo estilo das coleções da Amazon Essentials e The Drop, por exemplo, pela aparência da loja apresentada, pelo posicionamento da marca própria e pela força das empresas que analistas tendem a projetá-la e compará-la com o caminho da Zara, e não H&M ou Gap, por exemplo.

Fonte: Valor Pipeline