Edtech vai trabalhar conteúdos em inglês e espanhol para expandir na América Latina, Europa e EUA
A edtech StartSe acaba de receber um aporte de R$ 75 milhões da gestora Pátria, primeiro investimento da casa de private equity numa companhia do universo de startups. É também o primeiro cheque institucional da StartSe. O valuation não foi revelado.
A companhia atua com programa de educação continuada para profissionais brasileiros de diversas áreas, em atualizações especialmente sobre transformação digital, em parceria com escolas internacionais. Com o capital do Pátria, a StartSe quer levar seus cursos de lifelong learning para o público de outros países.
“Vemos uma oportunidade para a companhia levar esses conteúdos em espanhol e inglês para países da América Latina, Europa e Estados Unidos e para ser uma consolidadora nessa área”, diz Gil Karsten, sócio do Pátria, ao Pipeline. “Além disso, como a empresa tem muita despesa em dólar, passa a ter também receita em dólar”.
A StartSe tem escritórios no Brasil, em Israel, em Portugal e dois nos Estados Unidos – um no Vale do Silício e outro sendo aberto em Miami —, e até agora eram voltados para atender demandas brasileiras. “A gente vem, desde 2015, ajudando as companhias e os profissionais brasileiros a entenderam a nova dinâmica de atuar na economia, um novo jeito de fazer as coisas com a transformação digital”, diz Pedro Englert, presidente do conselho estratégico da Startse. “Se, por um lado, traz uma ameaça ao modelo tradicional, por outro cria oportunidades e inspiração para as pessoas.”
A companhia deve fechar o ano com receita de R$ 75 milhões e projeta passar de R$ 110 milhões no ano que vem. O plano de expansão internacional vem num momento que 70% dos cursos vendidos na StartSe são digitais, um reflexo da pandemia – depois de um baque nos resultados, a empresa retomou vendas recordes este ano. São 500 mil usuários/mês acessando a plataforma de conteúdo, sendo que 100 mil alunos já passaram pelos cursos da casa e mais um milhão de pessoas por algum evento da StartSe.
A aproximação entre as casas começou com o Pátria e suas investidas como clientes da StartSe, consumindo os cursos e encontros de networking promovidos pela edtech. O Pátria está acostumado a criar companhias, mas a partir da consolidação de operações já existentes. A StartSe entre num perfil diferente de investimento do que a casa está acostumada a fazer. Mas, apesar de considerada uma startup, não significa que a gestora está buscando adicionar riscos de venture capital ao portfólio. “É uma companhia geradora de caixa, com um modelo bem definido e consolidado”, argumenta Karsten.
Além da conexão com tecnologia em suas investidas, o Pátria também tem histórico em educação, em companhias como Anhanguera e Anhembi. “A gente se ajusta à nova economia em setores resilientes, que é justamente o que a StartSe busca fazer em escala com disseminação de conhecimento”, avalia o sócio.
Para a StartSe, o novo acionista traz mais que recursos financeiros. “O Pátria nos adiciona também credibilidade, experiência em teses de consolidação, e nos abre portas para essa nossa jornada de criar um ecossistema de inovação”, diz Englert. “Quando um CEO passa por um curso nosso e entende que precisa buscar inteligência artificial, por exemplo, ou equipe de programação, queremos ajudar a conecta-lo com quem pode resolver essas demandas”.
Dentro desse universo mais completo, Englert cita a CapTable como exemplo – a StartSe é acionista da plataforma de crowdfunding, que tem batido recordes de captação de startups diretamente com investidores pessoa física. A companhia pretende anunciar quatro operações de aquisição e parceria ainda este ano.
Fonte: Pipeline Valor