Economia
Quarta-feira, 8 de maio de 2024

De Volta Redonda para o mundo: Fazenda Futuro levanta R$ 300 milhões

Rodada liderada por XP e Rage Capital vai ajudar foodtech a entrar em leite vegetal e acelerar processo de internacionalização

Marcos Leta já parecia ter feito história quando tinha pouco mais de 30 anos e vendeu uma marca de sucos à Ambev — a cervejaria pagou R$ 89 milhões pelo controle da DoBem. Em retrospectiva, a empreitada no universo das bebidas foi só um mero ensaio. A Fazenda Futuro que o diga.

Num mundo faminto por alternativas de proteínas que ajudem a combater o aquecimento global, Leta se tornou um protagonista no Brasil — e, se nada o impedir, também no mundo. A Fazenda Futuro acaba captar R$ 300 milhões em uma rodada série C que avaliou a startup em R$ 2,2 bilhões.

A rodada, um passo crucial para dar tração à internacionalização da Fazenda Futuro, foi liderada por XP Investimentos e Rage Capital — firma de venture capital europeia que conhece bem o negócio plant based, e que já investiu em startups como Aleph Farms (que produz bife em laboratório) e Clara Foods.

Desde que foi criada, há três anos, a Fazenda Futuro já levantou R$ 450 milhões em capital. Investidores como Monashees, Go4it Capital, BTG, Turim MFO e Enfini Ventures, que se tornaram sócios da foodtech nas rodadas anteriores, acompanharam a série C para evitar a diluição.

Quando começou a Fazenda Futuro, Leta se apresentava nos pitches como uma espécie de hacker dos frigoríficos. A ideia era entender como funcionava a tradicional indústria da carne para disruptá-la. “Realizamos diversos estudos que nos levaram a hackear máquinas de frigoríficos para chegarmos na nossa primeira geração do hambúrguer do futuro. E isso é só o começo”, dizia o fundador no ínicio.

Aos poucos, a foodtech pegou no breu, praticamente criando uma categoria que passou a ser disputada por diversos players no Brasil. O mercado nacional de plant based ainda engatinha — por aqui, a Fazenda Futuro disputa um nicho também explorado fortemente pela Seara—, mas a foodtech de Leta já vem dando passo para conseguir o que nenhum frigorífico alcançou.

O Brasil, é verdade, ocupa uma posição privilegiada na indústria da carne — a JBS é a maior produtora do planeta e a Marfrig aparece na segunda posição, mas o destaque para por aí. “Historicamente, o Brasil não tem nenhuma marca de alimentos em grandes supermercados pelo mundo. O que eu acho mais bacana de toda essa jornada, que está muito acelerada, é essa presença a nível global de uma marca que nasceu no Brasil”.

Com o capital levantado, a Fazenda Futuro vai acelerar a expansão internacional com foco nos EUA. Não é um desafio trivial. O mercado americano de plant based é muito mais desenvolvido, com players do porte de Beyond Meat (a startup abriu capital em 2019 e vale US$ 6,2 bilhões na Nasdaq) e Impossible Foods, foodtech que está captando US$ 500 milhões a um valuation de US$ 7 bilhôes.

Fonte: Valor Pipeline