No Brasil, mulheres nutricionistas com cerca de 30 anos têm três vezes mais chance de morrer de câncer de mama do que outras brasileiras na mesma faixa etária. Já os arquitetos ocupam o primeiro lugar no país quando se mede a representatividade dos suicídios dentro de determinada profissão. Essa causa de morte, por sua vez, quase dobrou nos últimos cinco anos entre os professores.
Estas são algumas das estimativas obtidas por meio da calculadora que projeta a expectativa de vida e principais causas de morte com base na profissão, recém-lançada pela Azos, uma startup do setor de seguros (insurtech).
Disponível ao público, a calculadora toma como referência informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como idade, sexo e profissão, e a base de dados oficial do governo, que indica mortes por município, entre 2014 e 2019 (último ano disponível). Foram analisados mais de 7 milhões de óbitos, até antes do início da pandemia.
Segundo a empresa, o conhecimento sobre as principais doenças e causas de mortes por profissão pode servir como referência para políticas públicas e medidas preventivas. “Ao cruzarmos estes dados, em todas as regiões do país, é possível precificar o risco e direcionar melhor a oferta do seguro de vida”, diz Rafael Cló, presidente da Azos.
Os dados da calculadora, porém, precisam ser analisados seguindo critérios complementares. Dependendo do recorte por região e período, por exemplo, a amostragem pode ser insuficiente para tirar conclusões. É o caso do alto número de mortes por câncer de mama entre mulheres que vivem em cidades litorâneas ou com clima quente. Segundo a Azos, pode ser apenas uma coincidência, e a pesquisa precisa de refinamento.
Os indicativos por profissão, porém, são mais explícitos. Por meio da calculadora, é possível observar, por exemplo, que a incidência de câncer de pulmão entre advogados é maior do que na média da população. E que a idade média de óbito de um motoboy é de 47 anos, muito abaixo da média da expectativa de vida do brasileiro, de 76,6 anos. E que a principal causa de morte entre os médicos é o infarto.
“A maior parte das mortes no país são de causas naturais, o que incluem as doenças”, diz Cló. Pouco mais de 10% do total de óbitos no país são de “causas externas”, como acidentes, assassinatos e suicídios.
Cló, ao lado de Renato Farias, principal executivo de operações, e Bernardo Ribeiro, principal executivo de marketing, são sócios-fundadores da Azos que, em paralelo à produção de dados, cria e vende produtos de seguro de vida direto ao cliente, de forma digital, e também via parcerias com corretores em todo o país.
A empresa foi criada há cerca de um ano, mas começou suas operações em abril. Com sede em Belo Horizonte, já tem R$ 600 milhões em coberturas de seguro de vida. Na primeira rodada de investimentos, em abril do ano passado, a Azos levantou R$ 350 mil e, em outubro, captou mais R$ 12,5 milhões. Entre os principais investidores estão os fundos Kaszek, Maya e Propel.
‘Checagem de óbito’ mensal garante o pagamento do seguro A proposta é oferecer seguros de vida a partir de R$ 5 de mensalidade, que podem ser contratados em menos de 24 horas e não exigem a realização de exames médicos, o que torna mais democrático um serviço adquirido por apenas 15% dos brasileiros, segundo estimativas. O produto de R$ 5 oferece uma cobertura de até R$ 20 mil, mas o mais procurado até o momento, segundo a companhia, é a contratação do seguro por R$ 90 de mensalidade, com cobertura de R$ 600 mil.
Além disso, a empresa apresenta como diferencial fazer a “checagem de óbito”, todo mês. “Nossa base de dados é integrada com a Receita Federal e cartórios em todo o país”, diz Bernardo Ribeiro. “Com isso, garantimos que o seguro do cliente que vier a óbito será pago a quem ele indicou, porque a Azos entra em contato com a família, diferentemente do que é praticado no mercado”, diz ele.
Segundo Ribeiro, por contrato, a maioria das seguradoras estabelece um prazo de três anos após o óbito para pagar o sinistro. Se ninguém entrar em contato com a seguradora dentro deste período, a indenização deixa de ser paga.
“Muitas vezes, a família fica tão sensibilizada, que não vai atrás do seguro, que inclui também o auxílio funeral”, diz Ribeiro. “Por isso também damos a opção para o segurado indicar um ‘guardião’, alguém de confiança que sabe do seguro e pode comunicar os beneficiários”, afirma. A figura do “guardião” é ainda mais importante quando menores de idade são os beneficiários.
Fonte: FolhaPress/Daniele Madureira