O número de desempregados no Brasil voltou a crescer no trimestre encerrado em fevereiro e chegou ao maior nível desde o início da série histórica em 2012, com o mercado de trabalho ainda marcado pela informalidade em meio ao recrudescimento da pandemia de Covid-19 no país.
A taxa de desemprego foi a 14,4% nos três meses até fevereiro, de acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 14,1% no trimestre imediatamente anterior. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa para a taxa apurada pela Pnad Contínua era de 14,5%, depois de a taxa ter ficado nos três meses até janeiro em 14,2%.
O mercado de trabalho, que costuma ser o último a se recuperar em tempos de crise chegou a mostrar alguma força no final do ano passado. Mas agora enfrenta uma grave piora da pandemia de Covid-19. O número de pessoas desempregadas no Brasil nos três meses até fevereiro chegou a 14,423 milhões, o maior contingente desde 2012, início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.
O número representa alta de 2,9% sobre o trimestre até novembro e de 16,9% ante o mesmo período de 2020.
“Ao nos afastarmos do fim do ano, temos um movimento esperado de dispensa de trabalhadores, liberados de empregos sazonais, e também tem o efeito da pandemia”, explicou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
“O primeiro trimestre desenha aumento da desocupação recorde. Fevereiro não teve Carnaval e outros eventos, estamos perdendo a robustez da ocupação que vimos no fim do ano passado”, completou.
Enquanto isso, o total de pessoas ocupadas avançou apenas 0,4% entre dezembro e fevereiro na comparação com o trimestre anterior, e caiu 8,3% sobre o mesmo período do ano passado, chegando a 85,899 milhões de trabalhadores.
“Não houve, nesse trimestre, uma geração significativa de postos de trabalho, o que também foi observado na estabilidade de todas as atividades econômicas, muitas ainda retendo trabalhadores, mas outras já apontando um processo de dispensa como o comércio, a indústria e alojamentos e alimentação”, disse Beringuy.
Esse avanço no contingente de ocupados continuou se dando por meio da informalidade. Os empregados no setor privado com carteira de trabalho caíram 0,9% sobre o trimestre de setembro a novembro, enquanto os que não tinham carteira assinada cresceram 0,6%. Já os trabalhadores por conta própria chegaram a 23,653 milhões no trimestre encerrado em fevereiro, o que representa uma alta de 3,1% sobre o período anterior
“Não sabemos se o mercado vai responder à demanda de vagas em um momento de pandemia e de abre e fecha da economia por conta do isolamento. Temos que esperar para ver se é uma perda de gás natural de começo de ano ou se tem a ver com o agravamento da pandemia“, disse Beringuy.
Entre os dez grupos de atividades pesquisadas, todos apresentaram estabilidade na taxa de ocupação em relação ao trimestre móvel anterior, de setembro a novembro.
Em março, segundo dados do Ministério da Economia, a criação de vagas formais de trabalho desacelerou e os requerimentos ao seguro-desemprego atingiram o maior patamar em oito meses, movimento que coincidiu com o recrudescimento da pandemia da Covid-19 no país.
Fonte: IstoéDinheiro