JOÃO PERASSOLO
FOLHAPRESS – Passei por diversos estados mentais ouvindo “Justice”, novo disco de Justin Bieber. Quis ir para uma pista de dança escura rebolar ao som dos sintetizadores anos 1980 de “Die For You”. Me imaginei numa loja escolhendo um par de tênis de basquete com “Holy” tocando nos alto-falantes -provavelmente porque a faixa tem uma levada hip-hop contemporânea graças à participação de Chance the Rapper. E me perguntei porque soterrar de efeito a voz de Bieber em algumas músicas, a ponto de ele parecer um robô falante. (Morte ao auto-tune!)
O sexto disco de estúdio de um dos maiores nomes do pop hoje -o canadense tem 167 milhões de seguidores no Instagram, o equivalente a quase 80% da população brasileira- chega apenas um ano após o trabalho anterior, “Changes”, no qual ele versava sobre seu casamento com Hailey Baldwin.
Depois de comprar uma mansão de R$ 140 milhões com sua esposa e de encontrar Jesus numa cerimônia de batismo na qual mergulhou com ela na água, ele canta agora sobre a solidão de ser um milionário famoso (“Lonely”) e posta mensagens motivacionais em seu Instagram.
Tudo isso parece falso, à venda, como se nunca fosse possível alcançar o artista de verdade, nem quando ele se abre para falar publicamente sobre a depressão que sofreu.
Algumas coisas podem mesmo ser compradas, a exemplo dos figurinos que os atores usam em seus videoclipes -roupas da marca de streetwear adolescente de Bieber, Drew. Assistindo a eles, tinha às vezes a impressão de estar diante de um demorado story do Instagram, em que só faltava arrastar para cima para cair na página onde incluiria no carrinho uma camiseta com estampa da carinha amarela sorrindo, copiada do movimento rave.
Se for possível ignorar o universo publicitário que o cerca -tem como?-, o disco novo é divertido e traz vários bons momentos, apesar de ser longo. Bieber brilha sobretudo nas oitos faixas com participações especiais, pois os convidados chegam para a festa com uma bossa que ele não tem, e isso dá certo. Tente não mexer a cabeça ouvindo “Loved By You”, com o nigeriano sensação Burna Boy, ou não se emocionar com o duo vocal dele e do rapper australiano Kid Laroi sobre um dedilhado de guitarra em “Unstable”.
Convidado ilustre mesmo é Martin Luther King, que participa com uma fala na primeira faixa (“2 Much”) e com um breve discurso em “MLK Interlude”.
Não fica muito claro o que o ativista contra a discriminação racial está fazendo ali e como isso se relaciona com o resto das músicas -talvez tenha a ver com um enunciado clichê que Bieber usou para anunciar o álbum, no qual falava vagamente em justiça, ou com o próprio título do álbum (“Justice”). Mas não importa: a voz firme e cheia de estática de King, como se filtrada por um rádio antigo, dá charme ao conjunto.
Cultura
Quinta-feira, 3 de outubro de 2024
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