VITOR MORENO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quem foi criança (ou teve uma delas em casa) nos anos 2000, certamente já se deparou na televisão com uma animação sobre um grupo de fadas que dividem o tempo entre os estudos na escola de magia, namoros e aventuras fantásticas. Trata-se do “Clube das Winx”, que por aqui teve temporadas exibidas na TV aberta pelo SBT e pela TV Cultura.
A animação é a base para “Fate: A Saga Winx”, que estreou no final de janeiro na Netflix. Com atores de carne e osso e trama um pouco mais adulta que a original, a série começa com a chegada de Bloom (Abigail Cowen) à escola de fadas Alfea, sem saber muito ainda sobre o novo mundo que ela passou a habitar.
É lá que ela conhece as fadas Stella (Hannah van der Westhuysen), Aisha (Precious Mustapha), Terra (Eliot Salt) e Musa (Elisha Applebaum). Também se interessa por Sky (Danny Griffin), o ex-namorado de Stella, que é especialista -espécie de guerreiro treinado para lutar junto às fadas, mas sem poderes especiais.
Mas será que o elenco era fã do “Clube das Winx”? “Eu definitivamente conhecia, tinha amigas que eram muito fãs”, afirma à Folha de S.Pulo Abigail Cowen. “Quando eu peguei o papel, liguei para as minhas amigas, duas das minhas melhores amigas, sem dizer para o que era, porque era meio confidencial, só de descrever a personagem elas imediatamente sabiam quem eu ia interpretar e surtaram porque eram muito fãs.”
Ela diz ter assistido a alguns episódios enquanto construía a personagem, assim como quase todos os colegas. A que tinha mais intimidade com a animação, no entanto, era Precious Mustapha. “Minhas irmãs mais novas amam o ‘Clube das Winx'”, revela. “Eu estava familiarizada com as personagens, mas era um pouco mais velha, então não estava tão envolvida quanto as minhas irmãs mais novas, mas agora estou.”
Danny Griffin diz que chegou a ficar confuso com tantas camadas na animação. “Foi difícil para mim porque é um universo enorme”, avalia. “Eu fiquei empolgado de pensar para onde poderiam levar aquilo na série. Quanto mais eu sabia, mais animado eu ficava com o papel.”
Na história da série, Bloom descobre que suas origens são diferentes da que sempre pensou. Ela tenta a todo custo montar as peças do quebra-cabeças que são os primeiros dias de sua vida. Só que, com isso, acaba metendo os pés pelas mãos em algumas ocasiões.
“Ela toma algumas más decisões, desobedece às autoridades e é bem teimosa”, diz Cowen, aos risos. “A jornada de autodescoberta que ela faz a deixa em problemas com certeza. Mas é tudo com boa intenção, ela só está tão necessitada de saber o que aconteceu, de onde ela é, que acaba fazendo coisas que não deveria.”
Já Stella lida com outras questões. Além de fada, ela é a princesa do reino de Solaria e sofre muita pressão da mãe e de si mesma para ser perfeita em tudo. “Seja você uma princesa que vai herdar um trono ou apenas alguém que se cobra muito para ser perfeita o tempo todo, as pessoas podem se identificar”, diz Hannah van der Westhuysen.
“Eu consigo me identificar muito”, afirma. “Tem muita liberdade esperando tanto a Stella quanto todo mundo que percebe que as aparências não são tudo e que não deveríamos nos ater a padrões tão ridículos. Não é justo com você e não é justo com os outros.”
Além disso, Stella terminou recentemente o relacionamento com Sky, mas não parece disposta a perdê-lo para a novata Bloom. “Eu particularmente penso que ela nem sequer tem tanto ciúmes da relação dele com a Bloom”, diz van der Westhuysen. “É difícil deixar as coisas se encerrarem quando foi algo que significou muito para você.”
Já Cowen resume o relacionamento complicado em uma frase: “Eles são adolescentes (risos)”. Enquanto Griffin explica que seu personagem está lutando contra os próprios demônios e tentando descobrir quem é. “Quando ele encontra a Bloom é um raio de luz na vida dele, é alguém que meio que o entende. Ele encontra conforto nela, de poder ser ele mesmo”, explicou. “A situação com a Stella eu acho que é como queimar pavio, vai explodir uma hora.”
As outras fadas também têm dilemas amorosos para chamarem de seus. Musa, que é uma fada da mente e sente o que as pessoas ao seu redor estão pensando, se apaixona por Sam (Jacob Dudman). “Ele faz ela se sentir confortável e calma, porque ele é muito calmo e ela consegue sentir isso”, diz Elisha Applebaum.
“Não é algo que ela encontre muito, especialmente entre os adolescentes”, pondera. “Sei que quando eu era adolescente, eu sentia muita angústia e lidava com muitas emoções. Ela é atraída por Sam e é ele que a faz se sentir bem e calma num mundo cheio de angústia.”
A personagem, no começo, não é muito fã de conversar com as colegas de quarto, porque já está transbordando com tantos sentimentos alheios. Mas, gradualmente, ganha confiança para conhecer as colegas. “A Musa nos ensina que é bom falar e, especialmente neste momento, em que todo mundo está em casa e algumas pessoas estão sozinhas, é bom ligar para alguém e conversar porque nossas emoções estão exacerbadas com tantas questões e incertezas”, afirma. “É bom conversar.”
Sam é irmão de Terra. Trata-se da única personagem principal que não veio diretamente da animação. No “Clube da Winx”, o nome da fada da natureza se chama Flora. “É uma personagem completamente diferente”, diz Eliot Salt. “Espero que, se tivermos uma segunda temporada, a Flora possa aparecer.”
Já no quesito amoroso, Terra parece não ter muita sorte. Ela se apaixona pelo novato Dane (Theo Graham), mas vai ter que disputar as atenções dele com outros personagens. “Ela o conhece quando ele está passando por apuros com um estudante mais velho e eles se conectam por causa disso.”
Lidando com plantas o tempo inteiro na série, a atriz diz que gosta delas na vida real. “Meus dedos não são verdes, mas também não são podres”, brinca. “Tenho muitas plantas e as amo, mas algumas delas gostam mais de mim do que outras. Algumas não gostam nada de mim.”
Enquanto isso, Aisha é a fada da água, o que fez sua intérprete passar boa parte das gravações na água. “Agora sou uma nadadora descente, basicamente porque fiz algumas aulas antes das filmagens”, entrega-se Mustapha. “Eu sobrevivo na água, basicamente (risos).”
Ela diz que nas cenas em que aparece nadando, a produção conseguiu com que ela não sofresse tanto. “Estava usando roupa de mergulho porque o lago em que filmamos era gelado”, revela. “Era bem quentinho, então as únicas partes que pegaram frio foram as minhas mãos e o meu rosto.”
A atriz lembra que sua personagem é a única que não tem um interesse amoroso na primeira temporada. “Espero que, se tivermos uma segunda temporada, possamos começar a ver um pouco mais da Aisha, como é a história prévia dela e de quem ela gosta”, afirma. “Vamos descobrir. Estou com os dedos cruzados!”
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