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Domingo, 13 de outubro de 2024

Dólar cai 2,53% e vai a R$ 5,0420, menor valor desde junho

JÚLIA MOURA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O mercado brasileiro despontou no pregão desta quinta-feira (10). O real teve o melhor desempenho dentre todas as moedas do mundo na sessão e a Bolsa brasileira, uma das maiores altas.
O dólar fechou em queda de 2,530% ante a moeda brasileira, a R$ 5,0420, menor valor desde 10 de junho. O turismo está a R$ 5,193.
A forte desvalorização da divisa é fruto da sinalização do Banco Central na quarta (9) de que o ciclo de cortes da Selic caminha para um fim, do salto nos preços das commodities e da confirmação pelo Banco Central de que dará saída parcial ao mercado na esteira do desmonte do overhedge.
Na ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), que manteve a Selic na mínima recorde de 2%, o comitê sugeriu pela primeira vez que seu ciclo de afrouxamento monetário pode terminar em breve.
O comunicado também disse que as condições para a orientação futura ainda se mantêm, mas delineou, pela primeira vez, um cenário no qual essa ferramenta poderia ser retirada.
“O Copom foi bem agressivo em alguns pontos, levando a curva de juros a se fechar. Sinalizaram que vão fazer qualquer movimento para conter a inflação, gerando essa porrada no dólar”, diz Paulo Correa, economista-chefe da Valor Investimentos.
Juros futuros são taxas de juros esperadas pelo mercado nos próximos meses e anos. São a principal referência para os juros de empréstimos que são liberados atualmente, mas cuja quitação ocorrerá no futuro.
Nesta sessão, a taxa do juro para janeiro de 2026 caiu de 6,585% para 6,430%.
Segundo Correa, agora o mercado espera uma alta do juros mais cedo, no segundo trimestre de 2021. Antes, a previsão era terceiro trimestre. A expectativa é que a Selic termine o próximo ano a 3%
Uma Selic mais alta beneficia o real pelo fluxo estrangeiro na renda fixa brasileira. No ano, o dólar ainda sobe 25,6%.
“Só a perspectiva de que o juro será elevado proximamente equalizou e deu simetria ao preço do dólar.
Estavamos com relevante distorsão, com um câmbio alto demais e juro baixo demais. Agora, a necessária simetria que deve existir entre estes dois vetores tende a ser retomada”, diz Sidnei Moura Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora.
Segundo analistas, também beneficia o dólar o fluxo de estrangeiros para a Bolsa. Até 8 de dezembro, há uma entrada líquida de R$ 5,9 bilhões de investimento estrangeiro. Desde outubro, o saldo é de R$ 42 bilhões, atenuando a saída no ano para R$ 45,6 bilhões, sem contar IPOs (ofertas iniciais de ações) e follow-ons (ofertas susequentes de ações).
Neste pregão, o Ibovespa subiu 1,88%, a 115.128,63 pontos, maior valor desde fevereiro. Dentre os maiores mercados de ações, a valorização foi uma das mais expressivas da sessão, atrás apenas da Bolsa da Rússia (2,35%) e da Argentina (3,34%). Em dezembro, o índice brasileiro sobe 5,7% reduzindo a queda acumulada no ano para apenas 0,45%.
Números divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta mostraram que as vendas no varejo no país saltaram para um nível recorde em outubro, em recuperação da crise do coronavírus.
Segundo Leonardo Peggau, superintendente de Renda Variável na BlueTrade, a medida da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que prevê autorização para uso emergencial da vacina contra a Covid-19 também beneficiou o mercado brasileiro. “Qualquer notícia sobre vacina é positiva, o mercado olha com bons olhos”.
Outro fator positivo para o mercado de ações brasileiro foi a alta nos preços do petróleo e do minério de ferro, que impulsionaram Petrobras e Vale.
Pela primeira vez desde março o barril de óleo Brent (referência internacional) ficou acima de US$ 50. Ao fim do pregão, a commodity se valoriza 3%, a US$ 50,35.
As ações preferenciais (mais negociadas) da Petrobras subiram 3,26% e as ordinárias (com direito a voto), 3,63%.
Na China, o minério de ferro subiu mais de 4%, levando a Vale a uma alta de 2,78%, também impulsionada por relatório do UBS, que elevou o preço-alvo da ADR (recido de ação negociado nos EUA) da mineradora de US$ 13 para US$ 19. No final do pregão, porém, a S&P divulgou revisão da perspectiva do rating da Vale para estável, de negativa, com nota BBB-.
No setor, CSN disparou 10,50%, atingindo seu preço recorde de fechando a R$ 28,53 reais. A siderúrgica divulgou projeções apontando queda no endividamento no próximo ano, com previsão de que o IPO de sua unidade de mineração ocorra em janeiro.
O Banco do Brasil fechou em alta de 5,2%, em sessão também marcada por evento com analistas e investidores, do qual a equipe do Safra saiu com uma visão otimista do banco, apoiada em perspectivas de que o BB deve aumentar sua rentabilidade.
Itaú Unibanco valorizou-se 3,31% e Bradesco, 4,12%, com o setor de bancos ainda se beneficiando da rotação de portfólios para ações de valor, em detrimento das cíclicas, como ecommerce.
A Sulamerica avançou 4,87%, com a equipe do BTG Pactual reiterando recomendação de compra para os papéis após participar de evento da seguradora com analistas e investidores.
Outro destaque da sessão foi a Rede D’Or São Luiz, que fechou em alta de 7,73%, a R$ 62,40 por ação, em estreia na Bolsa. O grupo de hospitais precificou o IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) a R$ , movimentando R$ 11,39 bilhões. A operação marcou o maior IPO de uma companhia brasileira na B3 desde 2013 e avaliou o grupo em R$ 112,5 bilhões. Na máxima da sessão, o papel avançou 13,8%, a R$ 65,92.
Ações do Aibnb sobem mais de 140% em estreia na Bolsa Nos Estados Unidos, o IPO da Airbnb também atraiu investidoes em massa e as ações da companhia chegaram a disparar 142,65% nesta quinta. As ações abriram a US$ 146 (R$ 735,40) cada na Bolsa de Valores Nasdaq, muito acima do preço do IPO (oferta pública inicial, na sigla em inglês) de US$ 68 (R$ 342,51) cada.
A oferta levantou US$ 3,5 bilhões (R$ 17,63 bilhões) para a empresa. O papel terminou o pregão a US$ 144,71 (R$ 729,62), alta de 112,8%.
Fundada em 2008 como um site para receber reservas de salas durante conferências, a Airbnb foi avaliada em apenas US$ 18 bilhões (R$ 90,67 bilhões) em uma rodada de arrecadação de fundos privada em abril e US$ 31 bilhões em sua última arrecadação de fundos privada, em 2017.
O aumento na abertura adiciona bilhões ao que já era um prêmio de grande sucesso para os fundadores Brian Chesky, Nathan Blecharczyk e Joseph Gebbia e investidores, incluindo Sequoia Capital e Peter Thiel’s Founders Fund.
A Airbnb sofreu com a pandemia, quando as viagens foram interrompidas. Ela teve que despedir um quarto de sua força de trabalho e buscar US$ 2 bilhões (R$ 10 bilhões) em fundos de emergência de investidores, incluindo Silver Lake e Sixth Street Partners.
Mas, à medida que os bloqueios diminuíram, mais viajantes optaram por reservar casas em vez de hotéis, ajudando a Airbnb a obter um lucro surpreendente no terceiro trimestre. A empresa sediada em San Francisco também ganhou com o aumento do interesse no aluguel de casas fora das grandes cidades.
fJá a Nasdaq teve leve alta de 0,54%. Dow Jones encerrou em queda de 0,23% e o S&P 500, 0,13%.
Nesta quinta, dados semanais de solicitações de auxílio-desemprego nos EUA aumentaram em 137 mil para número ajustado sazonalmente de 853 mil, bem acima das expectativas de 725 mil e o nível mais alto desde meados de setembro.
A Câmara dos EUA aprovou na quarta (9) a medida provisória de uma semana para estender os atuais níveis de financiamento do governo até 18 de dezembro. Se aprovada pelo Senado e assinada pelo presidente Donald Trump, evitará que os programas fiquem sem dinheiro na sexta (11) à meia-noite e fechem.
O projeto dá ao Congresso mais sete dias para aprovar um pacote de ajuda Covid-19 muito aguardado pelo mercado, mas a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, levantou a possibilidade de que as negociações se arrastem até o Natal.