THIAGO AMÂNCIO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A segunda-feira foi de alívio duplo para os tucanos em São Paulo. Não só porque Bruno Covas (PSDB) venceu a eleição municipal, mas pela vitória com uma margem mais folgada do que o entorno do prefeito esperava.
Covas teve 59,4% dos votos válidos nas urnas no domingo (29). O afunilamento da disputa com Guilherme Boulos (PSOL) nos últimos dias da corrida, de acordo com as pesquisas de intenção de voto, fez acender o alerta na campanha, mas o resultado final, segundo pessoas próximas ao tucano, deu mais confiança e liberdade para o prefeito atuar.
Nomes do futuro secretariado ainda não foram anunciados, mas há a expectativa de que o vice-prefeito eleito Ricardo Nunes (MDB), que foi motivo de desgaste ao tucano durante a campanha municipal, receba alguma secretaria importante, de acordo com vereadores.
Nesta segunda-feira (30), Covas já afirmou que Nunes será seu braço direito nos próximos quatro anos e uma espécie de “clínico geral”, em suas palavras.
O emedebista se tornou o principal calo do prefeito no segundo turno, fustigado pelas denúncias de relações controversas com entidades gestoras de creches e por um boletim de ocorrência registrado por sua esposa por violência doméstica em 2011 (hoje o casal nega qualquer agressão). Nunes não apareceu na campanha do prefeito reeleito, mas esteve no palanque da vitória e foi elogiado por Covas.
O prefeito pode deixar de fora da distribuição de cargos alguns partidos menores que o apoiaram, na avaliação de pessoas próximas, que ressaltam que nenhuma distribuição de cargos foi definida.
Ele foi reeleito em uma coligação com 11 partidos, incluindo MDB, DEM e PP. Além disso, no segundo turno, recebeu apoio de Republicanos, PSD e PSL, entre outros.
Covas deu entrevistas a canais de televisão nesta segunda nas quais afirmou que vai tentar aumentar o número de mulheres no secretariado, hoje em sete secretárias, e se comprometeu a nomear negros e negras para o posto. Em uma das entrevistas, Covas afirmou que o secretariado permanece o mesmo até 31 de dezembro, mas que em janeiro pode haver nomes novos.
A equipe do prefeito diz que não deve haver anúncio de mudanças nesta semana. A ideia é passar a imagem que os trabalhos continuam ininterruptamente, focados na solução da pandemia da Covid-19, sobretudo para minimizar o desgaste das últimas semanas, em que Covas foi acusado de minimizar uma alta de internações para esconder o repique da doença alertado por médicos.
À imprensa, nesta segunda, novamente descartou a possibilidade de um “lockdown” –fechamento radical, com proibição de saída às ruas–, dizendo ser inviável numa cidade como São Paulo.
Durante a eleição, adversários no primeiro turno afirmaram que o prefeito estaria apenas esperando o fim do pleito para fechar a capital paulista novamente.
O prefeito reeleito também minimizou as restrições impostas pelo governo estadual no funcionamento de comércios, anunciadas nesta segunda, em que a cidade regrediu uma fase no projeto de reabertura, o Plano SP.
Na etapa amarela, para a qual a cidade volta, a ocupação dos estabelecimentos fica limitada a 40%, e não mais 60%; o funcionamento volta a ser de dez horas por dia, com limite de horário até as 22h, e não mais de 12 horas; e eventos com público em pé ficam proibidos.
Em entrevista para a Band, Bruno Covas afirmou que “a cidade de São Paulo não vai ter que fechar nada que foi liberado nesse momento de flexibilização”.
“Aqui não há espaço para o discurso alarmista, ‘olha, vai ter um novo ‘lockdown’, vai todo mundo ter que ficar em casa’, não é isso; mas também não há espaço para o discurso de que já acabou e que todo mundo pode sair de casa e vida normal, pelo contrário, a pandemia continua a ser um desafio a ser enfrentado”, continuou.
Em uma das falas à imprensa nesta segunda, Covas afirmou que, apesar das diferenças ideológicas que tem com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), vai “buscar apoio, colaboração, junto com o governo federal”.
Na campanha, adversários tentaram ligar o prefeito ao presidente, que tem alta rejeição na cidade e não conseguiu eleger seu candidato, Celso Russomanno (Republicanos), mas Covas buscou se distanciar, inclusive depois do resultado das urnas, quando afirmou que a eleição mostra que “é possível fazer política sem ódio”.
Ponto de desgaste em toda gestão, o prefeito não respondeu se vai aumentar a tarifa de ônibus na cidade, hoje em R$ 4,40.
Covas disse que está analisando uma possível mudança junto com o governo estadual (que decide o valor cobrado pelo Metrô e pela CPTM), que vai levar em conta a inflação e a crise do país.
O tucano já vinha tentando dar sua cara na gestão municipal nos últimos dois anos, quando foi se distanciando de João Doria (PSDB), eleito prefeito em 2016 que deixou a prefeitura para o vice –pouco mais de um ano depois– para tentar o governo do estado.
O atual prefeito mudou o plano de metas, subindo o número de objetivos de 53 para 71, e mexendo em 20 delas. A revisão era permitida, mas não havia sido aplicada nas duas gestões anteriores.
Covas deixou de lado o programa Trabalho Novo, voltado a dar emprego a moradores de rua, reformulou o programa Redenção, de tratamento de dependentes químicos, e criou incentivo para artistas de rua grafitarem empenas pela cidade, na contramão de Doria, que apagou murais pela cidade.
A avaliação na prefeitura é de que, com a margem conquistada nas urnas, Covas faça um mandato ainda mais independente do padrinho.
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