BRUNO BENEVIDES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo do presidente Donald Trump anunciou nesta terça-feira (17) que vai diminuir o número de militares americanos no Iraque e no Afeganistão nos próximos meses, mas sem realizar uma retirada completa das tropas.
O republicano, assim, não vai conseguir cumprir a promessa feita durante a campanha de 2016 e repetida no mês passado, de que todos os soldados dos EUA nesses dois países retornariam para casa antes do fim de seu mandato.
Trump vai passar o poder para o presidente eleito, Joe Biden, no próximo dia 20 de janeiro -a atual administração não consultou o democrata sobre a medida.
Segundo o cronograma apresentado pelo secretário interino de Defesa, Christopher Miller, a retirada parcial de milhares de soldados deve acabar apenas cinco dias antes da posse, em 15 de janeiro.
A imprensa americana já tinha informado na segunda (16) sobre o plano de diminuição das tropas no Oriente Médio, e o anúncio oficial da medida era esperado para esta semana.
Miller afirmou que, após a retirada, restarão 2.500 soldados americanos em cada um dos dois países -atualmente, são por volta de 4.500 no Afeganistão e 3.000 no Iraque, de acordo com a rede de TV CNN.
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Robert O’Brien, disse a jornalistas que a principal função dos militares que permanecerem em campo será a segurança de embaixadas e de outros prédios do governo americano e o auxílio a missões realizadas por países aliados.
Exisitia a expectativa de que o combate ao terrorismo também aparecesse como uma das prioridades, mas o tema não foi citado pelos representantes do governo Trump.
A retirada não deve atingir as centenas de soldados americanos atualmente na Síria, apesar do desejo de Trump de que isso acontecesse, mas é possível que o presidente americano ordene ainda nesta semana o retorno para os EUA dos cerca de 700 militares do país atualmente em missão na Somália.
Durante a campanha à Presidência em 2016, Trump prometeu acabar com o que classificou como guerras sem fim dos EUA e disse que retiraria as tropas do Iraque e do Afeganistão durante seu mandato.
Ao longo dos últimos quatro anos, ele de fato diminuiu o contingente nos dois países, ainda que não tenha retirado todos os soldados.
Nesta terça, disse que o governo Trump espera que uma retirada completa no Afeganistão seja possível até maio de 2021 -quando já não estará mais no comando do país.
No mês passado, o republicano voltou ao tema e disse que gostaria que todos os militares americanos no Afeganistão retornassem aos EUA antes do Natal, mas foi convencido por assessores e pelo secretário de Estado, Mike Pompeo, de que o plano não era possível.
Ele teria concordado, então, com uma retirada apenas parcial. De acordo com a CNN, a demissão do secretário de Defesa, Mark Esper, na semana passada, também tem ligação com o caso.
Esper escreveu um memorando interno alertando que uma retirada imediata das tropas poderia levar a um aumento da violência no Afeganistão e a mais obstáculos nas atuais negociações de paz entre o governo local e o Taleban. O documento contribuiu para a decisão de demitir o secretário. Sua saída abriu as portas para a chegada de Miller e de uma nova equipe, que não se opôs ao plano.
Quem já se manifestou contra a nova estratégia, porém, foi o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, um dos principais aliados de Trump no Congresso.
“Uma retirada rápida das forças dos EUA do Afeganistão agora prejudicaria nossos interesses e encantaria as pessoas que querem nos fazer mal”, disse o senador durante a sessão da Casa nesta segunda, quando o plano de Trump já tinha sido divulgado pela imprensa.
Apesar do acordo feito entre o governo afegão, os Estados Unidos e o Taleban em fevereiro, o país continua enfrentando turbulências, com mais de 200 civis mortos em decorrência de conflitos no mês passado. As negociações entre Cabul e o grupo, que ocorrem no Qatar, também estão travadas.
McConnell comparou ainda a situação à retirada das tropas americanas no fim da Guerra do Vietnã e à decisão do antecessor de Trump, Barack Obama, de tirar soldados do Iraque em 2011.
A ação, segundo especialistas, acabou criando o cenário para o fortalecimento do grupo terrorista Estado Islâmico no Iraque. O próprio Obama anunciou o retorno das Forças Armadas ao país três anos depois.
Segundo o jornal The New York Times, porém, Trump considera que a retirada das tropas é uma promessa importante para sua base e que decisão seria lembrada por seus apoiadores caso ele decida disputar novamente a Casa Branca em 2024.
Nesta terça, outro importante congressista republicano também criticou a decisão de Trump. O deputado Mac Thornberry, que atua na comissão responsável por assuntos relativos às Forças Armadas na Câmara dos Representantes, classificou a medida como um erro.
Ironicamente, o apoio ao atual presidente veio de um democrata, o deputado Adam Smith, que chefia a comissão das Forças Armadas na Casa.
“Eu acredito que reduzir nossas tropas em campo no Afeganistão para 2.500 soldados é a decisão política correta. Ao mesmo tempo, essa redução deve ser feita de maneira responsável e cuidadosa, para garantir a estabilidade da região”, afirmou.
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