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Domingo, 30 de junho de 2024

Debate em SP tem confronto entre Boulos e Russomanno e dobradinhas contra Covas

CAROLINA LINHARES, JOELMIR TAVARES, THIAGO AMÂNCIO E ARTUR RODRIGUES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O último debate entre candidatos a prefeito de São Paulo antes do primeiro turno da eleição, que acontecerá no domingo (15), foi marcado por ataques à gestão do atual prefeito Bruno Covas (PSDB) e por embate entre Guilherme Boulos (PSOL) e Celso Russomanno (Republicanos), que disputam o segundo lugar juntos de Márcio França (PSB).
No modelo do debate organizado pela TV Cultura nesta quinta-feira (12), os candidatos não podiam selecionar para quem fariam perguntas, o que era definido por sorteio. Em vários momentos, os candidatos se juntaram em dobradinhas para atacar a gestão Covas na prefeitura. Os adversários exploraram os pontos fracos do prefeito, que questionou o nível do debate.
As dobradinhas aconteceram entre candidatos dos mais variados espectros políticos, como, por exemplo, entre Joice Hasselmann (PSL) e Jilmar Tatto (PT).
Tatto aproveitou uma pergunta para Joice e questionou o que ela pensava do fato de Covas, que vive na Barra Funda, zona oeste, deixar abandonada a região do Elevado João Goulart, próxima da casa do prefeito. Joice respondeu que a cidade toda estava abandonada.
A candidata, depois, enfrentou o prefeito diretamente e o questionou sobre seu candidato a vice, Ricardo Nunes (MDB), que tem influência sobre empresas que administram creches na cidade, e as viagens de Covas no cargo em momentos de crise na cidade.
Márcio França também aproveitou uma dobradinha com Arthur do Val (Patriota) para questionar viagens do prefeito. A reforma do Vale do Anhangabaú, na região central, que custou R$ 94 milhões aos cofres públicos, também foi usada contra Covas.
Na disputa pelo segundo lugar, Russomanno voltou a acusar Boulos de contratar empresas fantasmas em sua campanha. Ele havia feito a acusação primeiro no debate Folha de S.Paulo/UOL que ocorreu na quinta (12). A Justiça Eleitoral, porém, já determinou que reportagem sobre isso fosse retirada do ar por não refletir a verdade, ponto que foi levantado por Boulos em sua resposta.
Boulos respondeu chamando a acusação de “cara de pau” e lembrou que a denúncia foi feita primeiro por Oswaldo Eustáquio, que foi preso por ordem do Supremo Tribunal Federal no inquérito das fake news.
O candidato do PSOL afirmou que entrou com queixa criminal contra o adversário e pediu a apreensão do celular de Russomanno. “Quem é que está pagando?”, disse.
Russomanno dobrou a aposta e reafirmou que as empresas são fantasmas e que vai processar o líder do MTST. Boulos reagiu chamando o adversário de “sem vergonha”.
Já Arthur do Val (Patriota) também acusou Russomanno de não falar a verdade por tê-lo questionado sobre faltas na Assembleia de São Paulo, onde exerce o mandato de deputado estadual.
Embora também tenha chances de ir para o segundo turno, Márcio França foi poupado pelos seus concorrentes diretos.
A pandemia da Covid-19, que já matou quase 14 mil pessoas na cidade, foi pouco citada durante o debate. Serviu de pretexto para Arthur do Val questionar se o prefeito voltaria a fechar os comércios da cidade em caso de uma segunda onda da doença.
Covas não respondeu e afirmou ser fake news indícios de que haverá uma segunda onda, ignorando que hospitais privados já estão mais sobrecarregados.
Em outro momento, Orlando Silva (PC do B) criticou o presidente Jair Bolsonaro por ter comemorado a suspensão dos testes da vacina desenvolvida em São Paulo pelo Instituto Butantan.
Celso Russomanno afirmou que a volta às aulas da rede municipal deve acontecer antes da disponibilidade da vacina contra o novo coronavírus. A decisão sobre a obrigatoriedade da vacina, para Covas, deve ser tomada segundo critérios científicos, pela área da saúde.
Embora as regras do debate exigissem que os candidatos usassem máscara em todo o tempo, exceto enquanto estivessem respondendo às perguntas, só Márcio França e Andrea Matarazzo respeitaram a norma durante a maior parte do encontro. Marina Helou (Rede) colocou a máscara depois de França chamar atenção para isso. Havia, no entanto, uma barreira de acrílico entre os candidatos.