RAFAEL BALAGO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos EUA, Donald Trump, enalteceu policiais, anunciou envio de recursos para fortalecer as forças de segurança e voltou a atacar os manifestantes antirracismo durante uma visita a Kenosha, cidade onde Jacob Blake foi baleado pelas costas durante uma abordagem, na semana passada.
Na viagem desta terça (1º), Trump prometeu investimentos: US$ 1 milhão (R$ 5,4 milhões) para a polícia municipal, US$ 42 milhões (R$ 226 milhões) para as forças de segurança do estado de Wisconsin e mais US$ 4 milhões (R$ 21,5 milhões) para ajudar pequenos comerciantes que tiveram prejuízos com depredações durante os protestos.
O republicano caminhou por um local onde ainda há destroços e conversou com empresários locais. No entanto, não se encontrou com familiares de Blake, que continua internado e deve ficar com parte do corpo paralisada.
“Me sinto muito mal por qualquer pessoa que passe por isso. As coisas estão sendo investigadas localmente, e espero que consigam as respostas certas”, disse Trump sobre Blake.
O presidente, no entanto, afirmou não ver um problema sistêmico na polícia americana -mas apenas alguns casos de “maçãs ruins” em meio à uma excelente corporação.
Seguindo as críticas que tem feito ao seu adversário nas eleições de novembro, Joe Biden, Trump atacou prefeitos democratas por não serem firmes contra o vandalismo e o crime.
O presidente voltou a relacionar os protestos à ação de antifascistas. Chamou os atos de destruição de “terrorismo doméstico” e defendeu aumentar o uso de força contra os manifestantes.
“Estamos cansados de ver o que acontece em Portland. Poderíamos enviar pessoas muito bem treinadas que podem resolver a situação em menos de uma hora”, afirmou, em referência à cidade do Oregon onde ocorrem protestos diários desde junho.
Na noite de segunda (31), os protestos voltaram a ganhar força em Portland, e houve confrontos entre polícia e manifestantes. Ao menos 19 pessoas foram presas.
William Barr, secretário de Justiça que viajou com Trump, disse que as investigações apontam que agitadores viajaram de outros estados para causar destruição em Kenosha.
“Vemos um ‘sequestro’ dos protestos por um grupo de radicais que atacam as forças da lei e as propriedades, de forma de coordenada”, disse. “São as mesmas técnicas usadas em outras cidades, como Portland e Chicago.”
Segundo Barr, o governo analisa vídeos dos protestos para identificar e processar os autores de incêndios e outras formas de destruição.
O caso de Blake gerou uma série de manifestações em Kenosha e em outras partes do país desde 23 de agosto. Trump enviou agentes da Guarda Nacional para conter a violência na cidade, que teve confrontos nas ruas. Alguns grupos de homens armados se formaram para proteger comércios, e houve brigas com manifestantes.
O governador de Wisconsin e o prefeito de Kenosha, ambos democratas, pediram a Trump que ele não fosse à cidade, para evitar o acirramento das tensões, mas foram ignorados.
Na semana passada, um adolescente branco de 17 anos foi processado por matar duas pessoas e ferir outras com um fuzil em meio aos atos. Trump defendeu o jovem e insinuou que ele teria agido em legítima defesa.
Uma onda de manifestações tomou os EUA a partir do fim de maio, quando George Floyd, um homem negro, foi sufocado e morto em uma abordagem policial em Minneapolis. A maioria dos atos foi pacífica, mas houve cenas de prédios e carros incendiados.
Os protestos se tornaram um tema da campanha eleitoral no país. Nas convenções das últimas semanas, os dois partidos se acusaram de estimular o caos nas ruas. Trump é criticado pelos democratas por sua retórica agressiva. E Biden é apontado pelos republicanos como um líder incapaz de conter a violência.
Desde maio, Trump faz ataques aos manifestantes e busca associar os ativistas à delinquência e à extrema esquerda. Ele aposta em um discurso de “lei e ordem” e diz que caso seu rival Joe Biden vença em novembro, o país será dominado pelo caos.
No entanto, medidas do presidente, como enviar agentes federais a cidades que não haviam requisitado a presença deles, ajudaram a aumentar a revolta nas ruas. Alguns desses guardas foram flagrados tratando manifestantes com violência.
Pesquisas indicam que Biden lidera as intenções de voto no estado de Wisconsin. Em 2016, Trump foi o candidato presidencial mais votado lá, mas venceu por uma pequena margem.
Biden tem se colocado ao lado dos ativistas. Familiares de George Floyd participaram da convenção democrata. Já no encontro republicano, esteve presente um casal de advogados brancos que ficou conhecido após apontar armas para ativistas de um protesto pacífico.
Em meio aos atos, surgiram outras demandas, como a retirada de estátuas e monumentos de homenagem a figuras brancas ligadas à escravidão e à colonização, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa
Internacional
Terça-feira, 23 de abril de 2024
Dólar | R$ 5,18 | 0,000% |
Peso AR | R$ 0,03 | 0,164% |
Euro | R$ 5,59 | 0,000% |
Bitcoin | R$ 114.180,92 | 0,096% |
“Acredita”: entenda o novo programa do governo para estimular o mercado de crédito
Lançado por medida provisória, programa se divide em 4 eixos, que vão desde o microcrédito para beneficiários de programas sociais até ações de proteção cambial para investimentos estrangeiros O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, nesta segunda-feira (22), a medida provisória que institui o programa Acredita, com medidas de estímulo ao mercado de crédito. A iniciativa...
Economia
As sinergias entre a dona do Burger King Brasil e os ativos da Starbucks
Segundo Morgan Stanley, aquisição de ativos da rede de cafeterias pode ampliar receita da Zamp em 6% já neste ano Presente no Brasil desde 2006, a rede de cafeterias Starbucks deve ser repassada à Zamp, operadora das lojas Burger King no país. A Zamp comunicou ao mercado que fez na última sexta-feira (19) uma oferta pelos...
Negócios
Geisel vetou apoio a general português que queria tomar poder após Revolução dos Cravos
Em 25 de março de 1974, a Revolução dos Cravos punha fim ao salazarismo, que já durava mais de 40 anos em Portugal, a ditadura mais longa da Europa.O país começava a se reorganizar rumo a um regime democrático, mas nem tudo era festa: nos meses seguintes, ameaças internas colocariam em risco esses novos tempos,...
No Mundo
Agora é hora de Lula e Petro pressionarem Maduro por eleições livres, diz ex-presidente da Colômbia
Ex-presidente da Colômbia e prêmio Nobel da Paz, Juan Manuel Santos, 72, anda pela Feira do Livro de Bogotá como um popstar: as pessoas pedem fotos, autógrafos e ele fala ao público sobre seu novo livro, “La Batalla Contra La Pobreza” (ed. Planeta, importado), no qual conta como conseguiu reduzir a pobreza de 40,3% para...
No Mundo
Força não prevista do dólar traz alerta e causa impacto para os mercados mundiais
Entre aqueles que recalibraram as estratégias para o dólar está a segunda maior gestora de fundos do mundo, a Vanguard Group, que agora aposta em uma força sustentada da moeda Os mercados financeiros do mundo encontraram uma força que eles não previram para 2024: o dólar se fortaleceu e parece que vai continuar assim. O...
Economia
Mercado eleva projeções para Selic em 2024 e 2025, aponta Focus
Estimativa para a taxa de juros ao final de 2024 subiu a 9,50%. Para 2025, a projeção foi a 9%. Analistas consultados pelo Banco Central passaram a ver menos afrouxamento monetário este ano e no próximo, embora tenham mantido a perspectiva de novo corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros Selic na...
Economia
Governo Tarcísio recua da intenção de aumentar poder da PM após reação da Polícia Civil
O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, anunciou na noite desta segunda-feira, 22, um recuo no plano do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) de aumentar o poder da Polícia Militar, permitindo não só que a corporação passasse a fazer o registro dos chamados Termos Circunstanciados (TCs), bem como as diligências que fossem depois pedidas pelo...
Política