LUIZ FERNANDO VIANNA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Meu Nome É Ébano “” A Vida e a Obra de Luiz Melodia” faz jus ao subtítulo. A biografia escrita pelo jornalista Toninho Vaz detalha os passos pessoais e profissionais dados pelo artista. Mas não é um livro apaixonante.
Não se sabe se só por escolhas de estilo ou, também, pelos cuidados que costumam cercar uma biografia autorizada (a viúva, Jane Reis, detém parte dos direitos sobre a obra), o livro não vibra enquanto busca retratar a complexidade e a originalidade do compositor de “Pérola Negra”.
Estas ficam, em grande parte, a cargo de exaltações redundantes e superficiais. Algumas opiniões abalizadas se salvam, como as de Jards Macalé e de Waly Salomão.
Há longas citações de reportagens, o que reforça a sensação de catálogo. Há a preocupação de se recordar os contextos político e musical dos anos abordados, mesmo que sem relação direta com o biografado. E há respeito em excesso à participação dos entrevistados, deixando comentários desnecessários.
Em dez dos 15 capítulos, a relevância ganha da redundância. Estão neles, por exemplo, que o pai rigoroso não queria o filho envolvido com música. Curiosamente, Oswaldo Melodia ganhou esse apelido por ser violonista e compositor diletante. Luiz Carlos dos Santos, nascido em 1951, herdou o sobrenome artístico.
De família moradora do morro de São Carlos, na zona norte carioca, Melodia precisou trabalhar para ajudar na casa. Foi vendedor, tipógrafo e atendente no bar de uma academia de halterofilismo. Não conseguiu completar o que é hoje o ensino fundamental. Tudo isso é bem registrado.
Figura carismática, Rose do Estácio foi quem falou do jovem Melodia a Waly Salomão, que compartilhou a informação com Hélio Oiticica, Torquato Neto e outros. O carioca fascinou a turma. Daí chegou a Gal Costa, que lançou “Pérola Negra” em 1971, e a Maria Bethânia, que gravou “Estácio Holly Estácio” em 1972.
Quando saiu o instantaneamente histórico LP “Pérola Negra”, em 1973, Melodia já era um sucesso para além dos artistas de vanguarda. Vaz recorda um interessante relato do biografado –uma moça de apelido Deda foi a musa de três marcantes faixas do disco, “Magrelinha”, “Vale Quanto Pesa” e “Farrapo Humano”.
O jornalista aponta como, na década de 1970, Melodia viveu em meio a sexo, drogas e rock’n’roll (misturado com samba, reggae e tudo o que sua mente aberta captasse).
De acordo com o livro, foi a baiana Jane Reis, um amor que durou 40 anos, quem começou a organizar sua vida profissional. Mas Melodia nunca deixou de ser boêmio feroz. Passou por clínicas de desintoxicação e desenvolveu, por excesso de álcool, uma lesão hepática. Soube desse quadro em julho de 2016, quando recebeu um diagnóstico de câncer na medula. Morreu em 4 de agosto de 2017. Teve dois filhos
Cultura
Segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
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