LEONARDO SANCHEZ
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Milton Nascimento, Tim Bernardes, Fafá de Belém, Clarice Falcão, Maria Gadú. Todas essas vozes dão o clima melodramático, meloso e melódico de “Música para Morrer de Amor”, filme de Rafael Gomes que, impedido de estrear nos cinemas por causa da pandemia de coronavírus, trilha carreira em drive-ins e chega ao streaming nesta quinta-feira (20).
Os artistas citados não somente cantam na trilha sonora, como também fazem participações especiais – seja de forma discreta e quase anônima, como Clarice tocando violão no vão do Masp, ou com pompa, caso de Milton, que aparece no palco de um grande festival.
Suas canções –de amor, é claro– embalam o triângulo que se estabelece entre Felipe, Isabela e Ricardo, vividos, respectivamente, por Caio Horowicz, Mayara Constantino e Victor Mendes. O trio precisa lidar com relacionamentos que vêm e vão, remendando corações partidos, buscando consolo no sexo e formando um vínculo inesperado entre si
“Eu acho que existe no filme uma lógica de desavergonhamento, porque o romântico às vezes é lido como cafona, excessivo e brega, mas eu adoro isso”, diz Gomes. “Eu não acho nem que o filme é romântico, mas sentimental. E ele é isso, assumidamente, desde a primeira cena.”
O roteiro surgiu a partir da peça de teatro “Música para Cortar os Pulsos”, também escrita por Gomes. Entre 2010 e 2013, ela cumpriu temporada em São Paulo e, em seguida, viajou para 30 cidades do país. Venceu ainda o prêmio APCA, da Associação Paulista dos Críticos de Arte, de melhor peça jovem.
Mas o novo longa não é exatamente uma adaptação, e sim um retorno às origens. “Música para Cortar os Pulsos”, afinal, foi inicialmente pensada para o cinema, mas acabou indo direto para os palcos por questões práticas e orçamentárias.
No teatro, os protagonistas contavam, em monólogos, suas aventuras e frustrações amorosas. Já no filme, os espectadores têm a chance de assistir aos acontecimentos que deram origem àqueles relatos. Por isso, o elenco se ampliou e passou a abrigar novos personagens, interpretados por gente como Denise Fraga, Ícaro Silva e Suely Franco.
“A peça tinha três personagens. Outras pessoas eram citadas, mas não existia, de fato, mais ninguém. Há um universo expandido no filme que não existia na peça, até porque ela era muito curta, tinha 50 minutos”, explica o diretor e roteirista.
A ideia para a história surgiu das próprias vivências de Gomes. As cenas e os personagens não representam situações ou pessoas reais, mas são fruto do que ele chama de uma “identidade emocional” comum ao contexto em que ele amadureceu.
“Quando eu escrevi a peça eu tinha a idade dos personagens. Os sentimentos que eles têm vieram de um universo no qual eu transitava. Então eles têm experiências relacionadas àquela idade e também a um recorte sociocultural e econômico específico”, diz. “O contexto é um reflexo de experiências, da minha sexualidade, do espaço que eu ocupava na cidade de São Paulo.”
As composições e os artistas escolhidos para embalar “Música para Morrer de Amor” também têm relação com o gosto musical de Gomes, que selecionou de ópera a regravações moderninhas de Roberto Carlos para a trilha sonora.
Quanto à essência musical do filme, o diretor conta que decidiu ancorar as histórias dos protagonistas em canções porque elas são parte importante da formação e das experiências amorosas de qualquer pessoa.
“A música é algo que faz parte da nossa educação sentimental e é também uma coisa muito cotidiana, presente em diversos momentos da vida. E era importante para mim que o filme não se fechasse num nicho sonoro, que abrangesse vários estilos.”
Para o futuro próximo, Gomes prepara a volta da peça “Música para Cortar os Pulsos”. Sua ideia original era que o texto fosse reencenado em São Paulo paralelamente à exibição de “Música para Morrer de Amor” nos cinemas. Mas aí veio a Covid-19.
“Quando os teatros puderem reabrir, a gente vai reestrear. É uma pena que não possamos estar em cartaz agora, mas vai acontecer em algum momento”, afirma.
Com pequenas adaptações e um personagem a mais em relação à montagem original, a releitura da peça traz os protagonistas do filme reprisando seus papéis. Seus relatos amorosos são apresentados com as mesmas roupas que eles vestem na cena final do longa, já que este termina exatamente onde a peça começa.
Um elemento, claro, permanece inabalado: o sentimentalismo exacerbado da história. “Existe um pouco de cinismo nas pessoas, que não querem expor suas emoções de verdade. Mas muitas vezes a gente encontra um escape para essa breguice sentimental, para a própria cafonice, por meio da música”, diz Gomes.
“No fundo, todo mundo tem uma música para morrer de amor ou para cortar os pulsos. Existe um lado sentimental pulsando nos corações de todo mundo. E o filme assume isso sem medo. Até porque essa história não pode ser comedida – ou transborda ou não existe.”
Cultura
Sexta-feira, 13 de setembro de 2024
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