O Líbano é um pequeno país, localizado no leste do Mediterrâneo, tem apenas 10.400 km2 de área e população de pouco mais de seis milhões de habitantes, sua história, porém, remonta, seguramente a mais de 3.000 anos, no período fenício, e mais do dobro disso se considerados os habitantes ancestrais, desde o Homo-erectus.
A navegação e o comércio estão nas origens deste povo, de raízes semitas. Conhecidos como Fenícios, eles foram os maiores rivais dos romanos no Mediterrâneo e expandiram suas bases comerciais e culturais até o sul da Espanha. Fora do Líbano, a maior cidade fenícia foi Cartago, na atual Tunísia.
Com tais raízes e antiguidade, obrigatoriamente sofre influências culturais e migratórias e o povo libanês reflete bem esse fato, pois, em um espaço geográfico pequeno, convivem diversos grupos étnico-religiosos: muçulmanos xiitas e sunitas, aproximadamente 27% da população para cada grupo; cristãos (maronitas, ortodoxos, católicos etc.), aproximadamente 40% da população; há ainda grupos menores como: budistas e judeus.
E não é somente uma questão de denominação religiosa, os costumes dessas comunidades são arraigados e influenciam a governança do país, de forma muito mais profunda do que ocorre no ocidente. Nessa região do mundo, dificilmente o governo é inteiramente laico.
No Líbano os cargos políticos majoritários eram atribuídos aos grupos populacionais de acordo com o censo, elaborado em 1932. Época em que o país estava sob mandato da Liga das Nações e era governado pela França.
Em 1941 o Líbano declarou sua independência (a França estava, então, sob ocupação nazista e as colônias respondiam ao governo de Vichy). Em 1943 a França aceitou a independência libanesa de fato, e o sistema de governo proporcional começou a vigorar, sendo: Presidente, reservado a comunidade cristã; Primeiro Ministro, muçulmanos sunitas e Presidente do Parlamento, muçulmanos xiitas.
Embora sem atualizar o censo, o sistema permaneceu em uso até meados da década de 1950. Porém, influenciada por Nasser (Presidente do Egito), e pelo nacionalismo árabe, a comunidade muçulmana ameaçou tomar o poder. Uma intervenção americana, que desembarcou Marines (fuzileiros navais) em Beirute, recobrou o “status quo”, e o sistema permaneceu até a década de 1970.
Desde a fundação do Estado de Israel, em 1948, os países árabes vizinhos, Egito, Jordânia, Síria e também o Líbano se negaram a reconhecer o novo vizinho. A expulsão, pelos israelenses, de grande parte dos habitantes palestinos de Israel, não ajudou a amenizar o sentimento anti-judaico.
A sucessão de derrotas árabes nas guerras com Israel, somente fez agravar o problema do povo palestino. Embora retoricamente apoiados por Egito, Síria e outras nações árabes, a verdade é que os palestinos continuavam vivendo como refugiados sem pátria. Abrigados na Cisjordânia (região entre Israel e Jordânia) desde 1948, os palestinos foram novamente expulsos após a guerra de 1967 (Guerra dos Seis Dias), fugindo para a Jordânia.
Em 1970, os palestinos formavam um “estado dentro do estado”, na Jordânia, e isso começou a incomodar o Rei Hussein.
Quando o exército jordaniano não conseguiu desarmar os palestinos, o rei decidiu expulsar toda a estrutura da OLP (Organização para Libertação da Palestina) do seu país, foi o chamado “Setembro Negro“, onde as tropas jordanianas expulsaram a OLP.
Sem ter para onde ir, os palestinos se abrigaram no Líbano, aos milhares e levando consigo suas armas. O governo libanês não tinha como recusar-se a receber os refugiados e não tinha poder para desarmá-los, o frágil equilíbrio libanês estava com os dias contados.
Em março de 1975, um atentado provocou a morte de quatro homens, pertencentes ao partido da “Falange” cristã, que, acredita-se, seriam guarda costas de Pierre Gemayel, líder desse movimento.
Pierre Gemayel saiu ileso do atentado, porém, horas depois a falange retaliou, emboscando um ônibus com 26 “Fedayns” (guerrilheiros palestinos). Todos foram mortos.
Daí em diante a sucessão de atentados, massacres de civis, carros bomba, duelos de artilharia e a divisão de Beirute (a capital do país) em zonas conflitantes caracterizaram a guerra civil. O exército libanês dividiu-se entre as facções e o governo de Suleiman Frangieh se viu impotente para reassumir o controle do país.
Em junho de 1976 Frangieh pediu à Síria que interviesse no conflito, para separar as partes, o que foi feito.
Porém, com a chegada de 40 mil soldados sírios, o conflito começou a tomar um caráter internacional e logo os israelenses começaram a intervir, apoiando forças falangistas.
Removidos para o sul do Líbano, os palestinos aproveitaram a total ausência de um governo central libanês, e retomaram a guerra contra Israel. Em 11 de março de 1978, guerrilheiros palestinos se infiltraram em Israel e atacaram veículos em trânsito na rodovia Haifa Tel Aviv, em dois ônibus atacados, morreram 37 israelenses e 75 outros foram feridos.
Três dias depois Israel invadiu o sul do Líbano, até o Rio Litani.
Resoluções da ONU (Organização das Nações Unidas), número 425 e 426, exigiram a retirada israelense, mas Israel se tornaria personagem constante no conflito libanês, bem como a Síria, até que, na invasão de 1982, tristemente marcada pelos massacres nos campos de refugiados palestinos de Sabra e Chatila (realizados por falangistas, apoiados por Israel), os palestinos são obrigados a deixar o Líbano.
Mesmo assim, a guerra continuava, Israel agora com um novo inimigo, materializado no Hezbollah, apoiado pelo Irã e os grupos locais em uma mistura volátil de alianças.
Somente na década de 1990, quinze anos depois dos atentados do “Sábado Negro”(atentados de 1975), é que o Líbano começou a retornar a normalidade.
Hoje o país ainda enfrenta dificuldades financeiras, mas já consegue atrair turistas, dentre suas principais receitas.
A guerra na vizinha Síria, é um fator de risco para o Líbano, além da proximidade geográfica, as economias dos dois países são interligadas, sendo que os portos libaneses, notadamente o de Beirute, são caminhos normais das importações e exportações sírias.
Finalmente, a promessa de grandes reservas de petróleo, sob o mar, nas costas do Líbano, Chipre e Israel podem trazer um novo alento à economia destes países.
Cultura
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