Cultura
Domingo, 19 de maio de 2024

‘Normal People’ expõe cuidado técnico e foge à trama romântica convencional

TETÉ RIBEIRO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Se você já leu algo sobre “Normal People”, provavelmente já sabe que há cenas quentes e realistas de sexo, muitas. Esse certamente é um dos atrativos do programa, que não tem pudor de mostrar corpos nus em posições variadas. É uma história de amor, afinal.
Mas há outras razões para ver a série de 12 capítulos, cada um com cerca de meia hora de duração. As atuações são muito boas, principalmente as do casal central, Marianne Sheridan, papel de Daisy Edgar-Jones, e Connell Waldron, vivido por Paul Mescal, que têm uma química quase palpável.
Tudo é muito bem cuidado, desde o roteiro, que teve supervisão da autora do livro, até a direção, discreta e precisa, passando pelo figurino. E vale atenção especial à trilha sonora. O ritmo é quase meditativo, o tempo do pensamento de cada um é que rege a velocidade das cenas.
Baseada no best-seller “Pessoas Normais”, da irlandesa Sally Rooney, “Normal People” nos apresenta aos seus protagonistas quando eles são adolescentes. Marianne é rica e esquisita, não tem amigos e parece desprezar os professores. Connell é um menino bonito, sensível e popular, estrela do time de futebol gaélico e disputado pelas meninas.
Ele é o mais pobre da turma, sua mãe é faxineira da casa de Marianne. Por essa conexão, Connell percebe que Marianne é solitária e insegura. Eles se aproximam, se atraem e começam a transar escondidos. Ela é virgem quando transa com ele pela primeira vez, e essa é uma das cenas mais sexy do programa. Mas muitas outras virão.
O sexo evolui e vira uma história de amor. Connell visita Marianne todas as tardes, e ela passa a frequentar a casa dele. Mesmo apaixonados, escondem dos colegas o que acontece entre eles, em parte porque Connell tem medo de ser sacaneado pelos amigos, e em parte porque Marianne não faz questão de revelar sua intimidade a ninguém.
E essa é uma história romântica, não na maneira convencional, em que o que importa é saber como eles vão ficar no final. É uma pesquisa sobre como o amor pode ter formas variadas e como afeta as pessoas profundamente, às vezes de maneiras inesperadas.
A trama resiste à estrutura tradicional, seguindo os anos desse relacionamento sem nunca sugerir que está se encaminhando para um final. Isso não quer dizer que não seja um prazer assistir. É um imenso prazer. Mas o enredo quer mostrar o que as pessoas fazem com a dor que causam umas nas outras, toda essa linda história que eles têm juntos e como essas duas coisas são impossíveis de esquecer.
Não é uma série para se ver toda de uma vez, é preciso algum tempo para deglutir cada passo do caminho de Connell e Marianne. Um bom exemplo de um show muito antecipado que alcança o padrão esperado e muitas vezes supera.